Mateh Mohoric venceu ontem a monumento do ciclismo Milão San Remo. Ótimo escalador e exímio em descidas, o esloveno de 27 anos inovou ao utilizar sem dar muito alarde um canote retrátil em sua bicicleta de estrada.
“Fiquei impressionado com o controle que tive sobre a bicicleta, o quanto me senti mais seguro e mais fácil corrigir meus erros apenas apertando um botão” disse um feliz Mohoric na coletiva de imprensa.
A descida insana começa com Mohoric acionando o botão do canote retrátil. A posição mais baixa e aerodinâmica permite a ele em alta velocidade ganhar segundos valiosos na luta pela liderança. Mohoric quase caiu duas vezes durante a descida:
A inovação da utilização de um equipamento absolutamente comum nas provas de MTB mostra o quão fascinante é o mundo da bicicleta. Na Copa CIMTB de Mountain Bike, se olharmos dez bicicletas da elite, veremos dez bicicletas com canote retrátil. Mas na estrada por quê não vemos? Usualmente a resposta é o peso extra de cerca de 200g, mas em tempos onde a bicicleta de estrada precisa de contrapesos para atingir o limite mínimo exigido pela UCI, isso não é mais um problema.
Assim Mohoric usou um canote com 6cm de desnível. Durante a longa Milão San Remo, Matej aproveitou para se exibir aos colegas, uma prova tão longa permite uma boa interação entre os ciclistas:
“Eu brinquei com o pelote, cantava a música do James Bond e mostrava meu canote retrátil. Eles disseram “Matej o que você está fazendo?” E eu contei a eles que testei e que faz grande diferença. Se você tentar me seguir no Poggio, será por sua conta e risco.”
O modelo do canote utilizado é fabricado pela Fox, o Transfer SL. Com peso entre 342g-359g na versão utilizada por Matej
Matej Mohoric, um mestre em descidas!
Mohoric sempre abusou nas descidas, muitas vezes com sucesso como quando “surgiu” para o ciclismo no campeonato mundial sub23 de Firenze em 2013. Durante a descida, Mohoric usou uma técnica diferente para levar vantagem, a posição “super tuck”:
Essa posição passou as ser copiada por diversos ciclistas em descidas técnicas, entre eles Chris Froome durante algumas de suas vitórias no Tour de France. O uso passou a ser tão difundido que os homens de paletó na UCI pensaram que isso era um mau exemplo para o público que inevitavelmente iria copiar. E no ano passado veio a proibição da posição.
Matej Mohoric não deixou de correr riscos em suas descidas, na maior parte das vezes com uma técnica refinada se deu bem, mas em algumas vezes produziu momentos de tensão como a queda no Giro d’Italia:
UCI faz alerta quando ao uso do Canote Retrátil
Nesta manhã, logo após a vitória de Mohoric, a UCI reforçou através da assessoria de imprensa que o uso do canote retrátil em bicicletas foi aprovado em 2014. E seu uso é limitado ao mínimo de 5cm de desnível e que a bicicleta precisa passar no “gabarito” UCI tanto na altura mais alta (canote estendido) como na mais baixa (canote abaixado).
Vincenzo Nibali já utilizou o canote retrátil em 2014
Durante o Tour de France de 2014, o italiano Vincenzo Nibali chegou a testar o canote retrátil. O equipamento estava instalado em uma de suas bicicletas reservas, mas acabou não sendo utilizado em prova. O motivo era a dificuldade do ajusta à época. Era necessário girar a trava no próprio canote o que é muito difícil de fazer prestes a descer a 100km/h.