Os países em desenvolvimento enfrentam dificuldade para implementar o uso da bicicleta como instrumento de redução na redução de emissão de carbono. Destacamos cinco pontos onde a bicicleta poderia ser melhor utilizada como instrumento de política social.
Aproveitando você sabe que existem vários dias da bicicleta? Aqui contamos também um pouco de cada um desses dias, do 19/04 e a Viagem de LSD ao Dia Mundial da Bicicleta escolhido pela ONU.
Redução do custo social do transporte
Em acordo com dados do IPEA, apenas 7% dos brasileiros utiliza a bicicleta como meio de transporte principal. O automóvel por sua vez é utilizado por 43% dos paulistanos o que causa um impacto na renda das famílias superior a 12%. Em Paris o índice fica abaixo de 5% enquanto em Nova York próximo a 3%. Todo esse panorama pode mudar com o poder público retirando os constantes incentivos ao uso do automóvel e trabalhando a mobilidade ativa, onde a bicicleta tem papel fundamental.
Redução do custo ambiental do transporte
Durante décadas o governo sempre busca corrigir crises com incentivos a venda do automóvel, endividando a população. Isso se dá pela cadeia produtiva do automóvel ser longa e mexer com vários setores da indústria, comércio e serviços. Por outro lado isso causa uma pegada ambiental grande. Afinal além da emissão de gases pela vida útil do automóvel (em torno de 20 anos), há um custo social grande para as famílias no gasto com automóveis.
A bicicleta por sua vez é também um bem durável, de baixo custo (claro não estamos falando de bicicletas dos sonhos) e que deixa uma pegada de carbono baixa no processo de produção e perto de zero na utilização.
Do tempo perdido
Uma pesquisa realizada por Marcos Cintra, publicada pela FGV indicou um custo em 2012 de 5,7% do PIB Paulistano só com congestionamentos, esse valor hoje em 2023 representa R$163 bilhões (Alô Ciro, deu bilhão!). Essa necessidade de utilizar o transporte individual vem sedimentada nas cidades brasileiras, muitas vezes desenvolvidas com zoneamentos urbanos que exigem grandes deslocamentos. Deslocamentos esses que o poder público não está preparado para suprir ou torna-se mais simpático para parte da população, trabalhar sempre com aumento do fluxo de veículos.
Em 2016, São Paulo teve Lei sancionada para recompensar com crédito financeiro o usuário de bicicleta. Porém desde então não foi regulamentado e por isso está na “gaveta”. Programas como esse estimulam o uso da mobilidade ativa, reduzindo o custo relacionado aos congestionamentos.
A cidade de 15 minutos
A bicicleta é a contramão disso tudo, como a maior parte dos deslocamentos diários é inferior a 10km, torna-se muito interessante incentivar o uso da bicicleta para cobrir parte desses deslocamentos. É assim que surgiram as cidades de 15 minutos nos Países Baixos. Com zoneamentos de uso misto, o setor de serviço ficou tão próximo das residências que tudo pode ser resolvido com deslocamentos de 15 minutos. Atualmente o uso da bicicleta no Brasil como meio de transporte é maior em cidades de até 100.000 habitantes.
Menos morte no trânsito, mais saúde, menor gasto com saúde pública
No Brasil quase 45.000 pessoas morrem por ano no trânsito com um prejuízo de 50 bilhões para economia. São dados que colocam o Brasil na terceira colocação no mundo em mortes no trânsito (Status Report on Road Safety – OMS). Os Países Baixos, líderes mundiais no uso da bicicleta, previnem cerca de 6.500 mortes a cada ano com o uso extensivo da bicicleta, e as estatísticas indicam que os ciclistas vivem em média seis meses a mais do que as pessoas sedentárias. Esses benefícios representam cerca de 3% do PIB anual e refletem em uma alta relação custo x benefício a longo termo.