Neste domingo 24 de abril acontece a Liége Bastogne Liége, também conhecida como La Doyenne (A Velha Senhora). Uma prova duríssima disputada desde 1892 encerra a temporada de clássicas belga na primavera do hemisfério norte. Wout van Aert, Tadej Pogacar, Julian Alaphilippe e Alejandro Valverde são alguns dos favoritos.
Liège Bastogne Liège 2022
Com transmissão pela ESPN da prova masculina a partir das 8h30 deste domingo, a Liège-Bastogne-Liège é aquela prova que “come” o ciclista. Se na Milão Sanremo a distância pesa, ou na Paris-Roubaix o clima e os paralelepípedos, na La Doyenne o que consome o ciclista são as colinas duras. Nesta edição serão 11 montanhas indicadas pela organização mais dezenas de colinas e rampas ao longo dos 257km. São subidas sempre curtas com até 2,5km mas muito íngremes. As vias estreitas e com um público fabuloso, o que torna tudo mais difícil e belo.
Quarta monumento da temporada, a prova, hoje com 257km de distância foi disputada pela primeira vez em 1892 de modo amador, de Spa a Bastogne com mais de 250km. Dois anos mais tarde tornou-se profissional, teve então uma pausa de 14 anos voltando a ser disputada em 1908, onde o início e chegada passou para Liège. Desde então a prova só foi interrompida durante as guerras mundiais, onde a região foi profundamente afetada (leia mais abaixo).
O trajeto da prova sofre em 2022 com alteração no local de largada por conta de obras. Desde 2019, a prova sofreu uma pequena alteração em seu percurso, com a chegada deslocada para alguns quilômetros a frente, exigindo do ciclista que chega ao topo da última subida um esforço maior, lembrando o final da Milano Sanremo:
Favoritos na Liege Bastogne Liege 2022
Com o trecho plano e a descida para a chegada, favorece a recuperação de ciclistas para buscar um sprint no final, assim o ataque de um escalador precisa ser muito bem dosado ou a chance de ser surpreendido é grande. Os grandes ganhadores da Liège-Bastogne-Liège foram:
- 5 Eddy Merckx, o Cannibal 1969,1971,972,1973,1975
- 4 Moreno Argentin, Il Capo 1985, 1986, 1987, 1991
- 4 Alejandro Valverde, 2006, 2008, 2015 e 2017
- 3 Léon Houa, 1892,1893,1894
- 3 Alfons Schepers, 1929, 1931, 1935
- 3 Fred de Bruyne, 1956, 1958, 1959
No meio da semana aconteceu a Fleche Wallonne (Flecha Valônia) com a vitória de Dylan Teuns, o belga da Bahrain Victorious bateu o veterano Alejandro Valverde no Muur de Huy. Tadej Pogacar, venceu em 2021 e retorna buscando o bicampeonato. Contudo um drama pessoal pode afetar sua preparação, pois Tadej voltou para Eslovênia para dar apoio a noiva que perdeu a mãe durante a semana. [Atualização] Tadej Pogacar não participará da prova. Com isso Brandon McNulty deve ser o capitão da UAE Team Emirates.
Wout van Aert estreia na clássica como capitão absoluto sem a presença de Primoz Roglic, vencedor de 2020. Alejandro Valverde venceu quatro edições e obteve outros três pódios em 15 participações. Julian Alaphilippe já comemoru vitória em Liége mas não levou, foi na edição de 2020 que Julian comemorou antes da hora e Roglic beliscou no cantinho a vitória, relembre:
Tadej Pogacar, Alejandro Valverde
Julian Alaphilippe, Wout van Aert e Aleksandr Vlasov
Tom Pidcock, Dylan Teuns e Michael Woods.
Uma região no caminho da Guerra
Por estar exatamente no caminho para Paris partindo da Alemanha, a região foi bastante afetada pelas guerras mundiais e mais uma vez veremos monumentos como a Águia homenageando a 101 companhia aérea americana:
Na placa lê-se:
Talvez essa águia simbolize sempre os sacrifícios e heroísmo da 101ª divisão aérea e todas as unidades anexas. Dezembro 1944-Janeiro de 1945 – A cidade e cidadãos de Bastogne.
A região das Serras Ardenas fica entre a província belga da Valônia, o ducado de Luxemburgo, Alemanha e França. É uma região bastante montanhosa, com um clima imprevisível. Durante abril onde podemos ter tanto altas temperaturas, como chuva, vento ou mesmo neve. A prova de 1980 é famosa pela nevasca próxima a largada e remete ao Le Patron, Bernard Hinault: