A organização do Tour dos Alpes homenageou Scarponi com a camisa de atleta mais combativo. A insígnia da arara Franky que acompanhava o ciclista nos treinos estampa a camisa. A camisa foi entregue a Natnael Tesfatsion da equipe Drone Hopper (por qual Michele competiu) pela mãe de Scarponi e seu irmão Marco.
A Fundação que leva o nome de Scarponi segue com fins filantrópicos defendendo a segurança para o ciclista e tem a direção de Marco Scarponi. Nos últimos cinco anos não só na Itália, mas também no Brasil e em todo mundo as ruas seguiram ganhando ghost bikes, ramos de flores e fotografias daquele perdidos para a insegurança rodoviária.
Sucesso e respeito dos colegas ciclistas para Scarponi
Vencedor do Giro d’Italia de 2011 após a Corte de Arbitragem do Esporte (CAS) cassar o resultado de Alberto Contador, Scarponi foi muito respeitado no meio do ciclismo profissional. Michele passou toda infância em Filottrano, seu porte físico magricela e o vigor nas subidas lhe renderam o apelido de Águia de Filottrano. Tornou-se profissional no ano de 2002 pela equipe Acqua & Sapone, passou pela Liberty Seguros Wurth, onde foi pego no doping por EPO em 2005 e arrolado na investigação da “Operação Puerto”, um dos maiores escândalos do ciclismo profissional. Em 2007 voltou para a Acqua & Sapone, ainda em reflexo da Operação Puerto, confessou sua participação e que o sangue manipulado sob as alcunhas Zapatero e Presidente eram dele. Ao final de 21 meses de suspensão, Scarponi voltou a competir.
A carreira prosseguiu pela Diquigiovanni-Androni (atual Drone Hopper) onde conquistou a Tirreno Adriático e o Giro d’Italia. Em 2011 pela Lampre (atual UAE Team Emirates), Scarponi venceu a Volta a Catalunha e o Giro de Trentino (atual Tour dos Alpes). De 2014 até sua morte, Scarponi competiu pela Astana sendo fundamental na conquista do Tour de France de 2014 por Vincenzo Nibali. Muito espirituoso uma das frases de Scarponi era “Sou fã dos fãs” dando atenção sempre a todos que o cercavam em busca de autógrafos e fotos. Na derradeira competição o Tour dos Alpes de 2017, Michele venceu a primeira etapa e ao invés de uma camisa de líder, pediu para organização um par. Com um quarto lugar no geral, Michele então retornou para casa e publicou a imagem abaixo com os dizeres:
“Ainda que só uma vez, levei para casa duas camisas de líder”
A morte trágica a poucos metros de sua casa
O que seria um treino tranquilo virou uma tragédia na pequena Filottrano na região central da Itália. Em 22 de abril de 2017 o ciclista italiano Michele Scarponi. O socorro foi rápido, ainda que um helicóptero tenha sido chamado ao local, Michele Scarponi foi declarado morto no local. O carpinteiro Giuseppe Giacconi, de 57 anos implorava para os policiais que salvassem o ciclista e dizia: Eu não o vi, eu não o vi, o sol estava no rosto”. Era tarde, era impossível, o momento de ter atenção a estrada não retornaria jamais. Michele Scarponi era declarado morto no local.
Alguns meios de comunicação locais como o especializado Tuttobici chegaram a publicar que o motorista teria confessado às autoridades se distrair com um vídeo no smartphone. Posteriormente essa informação não foi confirmada. Michele deixou a esposa Anna e os filhos gêmeos Giacomo e Tommaso. Após a morte de Scarponi diversos ciclistas se mobilizaram para criar fundos para a família. Alejandro Valverde doou integralmente o prêmio pela vitória na Liège Bastogne Liège de 2017 para a família Scarponi. Em 2018 marcando um ano da morte de Scarponi, a Tirreno Adriático planejo uma etapa cruzando Filottrano e novamente recursos de caridade foram destinados a família Scarponi.
O Giro d’Italia de 2018 também cruzou Filottrano com uma escalada no Muro di Filottrano em etapa vencida por Simon Yates, onde Michele foi homenagiado.
Motorista que matou Scarponi tem morte trágica
A sucessão de tragédias envolvendo a morte de Scarponi não parou. Giuseppe Giacconi, o motorista que atropelou e matou Michele Scarponi foi diagnosticado com câncer em estágio avançado em novembro de 2017, em depressão e remorso pela morte, dor e comoção que causara no país, na cidade e a família de Scarponi, Giacconi recusou o tratamento para o câncer. Em 13 de fevereiro de 2018, a pouco tempo de um ano da morte de Scarponi, foi a vez de seu algoz. O crime de homicídio que iria a julgamento na Itália foi extinto com a morte de Giacconi.
“Nos últimos meses tenho pensado muito nisso, aliás sempre. Peço perdão por todo mal que, mesmo sem querer, te causei. Rezo por vocês, para que o retorno a vida cotidiana seja o mais tranquilo possível. Não sei escrever palavras grandes, mas espero que um dia, quando você quiser , possamos nos encontrar novamente” escreveu Giacconi.