Na sexta feira dia 05 de maio começa a 105ª edição do Giro d’Italia. Vamos falar um pouco das origens da prova que tornou-se um dos três grandes eventos de ciclismo do mundo, um Grand Tour! Leia sobre o trajeto do Giro 2022 clicando aqui.
La Gazzetta dello Sport
O jornal La Gazzetta dello Sport (A Gazeta do Esporte) é publicado desde 1896. O editor Tullo Morgagni ficou sabendo que o então jornal concorrente (atualmente pertencem ao mesmo grupo), o Corriere dela Sera (Correio da Tarde) tinha plano de promover corridas de ciclismo. Assim o editor procurou o dono do jornal e o editor de ciclismo, lançando a ideia de uma grande volta na Itália. A volta deveria ter os mesmos moldes do Tour de France. O receio da concorrência sair na frente motivou os donos a colocar em prática em 13 de maio de 1909.
Como toda história italiana, muita circunstância foi necessária para a realização do primeiro giro. A primeira foi prometer um prêmio, para uma prova que não existia, com dinheiro que não tinham. O prêmio de 25.000 liras, só foi obtido após um contador topar viajar pela Itália em busca de patrocínio. A grana veio de um casino em Sanremo, onde um ex-funcionário da Gazzetta ajudou a convencer o dono a patrocinar o evento. A Gazzetta dello Sport sobrevive até hoje e faz parte de um grupo de comunicação chamado RCS que é a proprietária da marca Giro d’Italia e organizadora da prova.
O primeiro Giro d’Italia : 2441km em brutais 8 etapas
A largada do primeiro Giro foi em 13 de maio de 1909. Com 8 brutais etapas cobrindo 2441km a competição terminou em 30 de maio tendo Luigi Gana como vencedor. As publicações relatam que 127 ciclistas largaram e apenas 49 completaram. O sistema de classificação nas primeiras quatro edições (entre 1909 e 1913), era parecido com a classificação atual da camisa por pontos (maglia ciclamino). Eram atribuídos pontos aos ciclistas conforme a colocação ao final de cada etapa e o ciclista com maior pontuação era o vencedor.
A mais dura prova de ciclismo da história: O giro de 1914
Em 1914 a prova pela primeira vez foi medida por tempo total, como é até hoje. Alfonso Calzolari vencedor do ano, chegou a receber uma punição de 3h por se agarrar a um carro (ah Vicenzo!!!!) numa subida.
O Giro de 1914, conhecido por ser a mais dura prova de ciclismo da história, é também retratado em livro. Tim Moore o autor de “Gironimo” pedalou com uma bicicleta de época aos 48 anos os 3162km. No livro Moore descreve não só o trajeto como conta casos acerca da prova. O livro pode ser comprado na Amazon.
Números do Giro 1914:
- Mais longa etapa da história: 430km de Lucca a Roma
- Maior média de distância por etapa: 396.25km
- Mais demorada etapa de contra relógio individual da história: 19h 34’47” de Bari a L’Áquila 428km
- Menor número de ciclistas a completar: 8
- Maior percentual de abandonos: 90%
- Distância total: 3162km
O giro parou de 1915 a 1919 por conta da primeira guerra mundial, falamos das décadas seguintes no próximo artigo: Binda Coppi e Bartali.
Este texto é baseado na leitura do livro: “The Story of the Giro d’Italia: A year-by-Year History of the Tour of Italy, Volume 1: 1909-1970”