Com o retorno das atividades no ciclismo nacional, os fiscais da ABCD voltaram a fazer o essencial trabalho no controle antidoping e mais uma vez o ciclismo se destaca na lista de atletas suspensos provisoriamente. Os dirigentes do ciclismo estão presos nos anos 90 não só nas federações mas também dentro de clubes e equipes que toleram o jogo sujo do doping dando espaço e holofote para quem busca a vitória a base da trapaça.
Os 11 juntam-se a outros 24 nomes já com suspensão definitiva suspensos, totalizando 35 suspensos. Dos 11, 9 foram após a retomada do ciclismo nacional, ou seja nas pouquíssimas provas de 2021.
Nada menos que onze positivos estão sob a bandeira da bicicleta, seja em provas de estrada como a Volta Ciclística internacional, Volta Binacional ou o próprio Campeonato Brasileiro, seja em provas de MTB. Destacamos que a lista de suspensos provisória pode sofrer modificação em caso de um devido processo junto à ABCD e WADA.
Campeões, aspirantes, experientes, o abuso de substâncias é marca do ciclismo brasileiro
Entre os suspensos destaque para Adriele Alves Mendes, vice campeã brasileira na elite de 2021, testada na véspera do nacional, resultado que provavelmente será cassado. Ainda entre as mulheres há o positivo não julgado de Danilas Ferreira, campeã brasileira de 2019, que testou positivo em 2020 também no campeonato nacional.
Entre os homens a lista traz ciclistas jovens como Alisson Ferreira (não confundir com Halysson Ferreira), que confessou em rede social e experientes como Everson Assis Camilo o Carazinho que já havia sido suspenso por uso de 15 substâncias em 2016, repetiu a dose com 5 em 2021.
Outro nome que já esteve envolvido em positivo é Otávio Bulgarelli, um ciclista experiente, vitorioso que foi campeão brasileiro esteve por mais de uma década na seleção brasileira e passou por um processo de limpar o nome em função de um doping por contaminação. Dessa vez Bulgarelli que comanda o canal Ciclismo Expert, foi amador e utilizou um medicamento que está disponível em qualquer farmácia para ser adquirido com receita e que traz em destaque na bula “esse medicamento pode provar doping“.
Bulgarelli entre outras atividades figura com diretor de relações públicas da Federação Paulista de Ciclismo. Até o momento nem o atleta nem a federação se manifestaram.
Dirigentes e organizadores tem sua participação no doping
O que dirigentes e organizadores de provas, sejam profissionais ou amadoras aparentemente não se importam é com a imagem do ciclista brasileiro. É muito cômodo e tranquilo jogar para o acaso um positivo e levar a vida como se nada tivesse acontecido. Veremos com certeza muitos desses nomes somarem-se ao exército de treinadores, coach e em assessoria na preparação esportiva. Também veremos esses mesmos nomes presentes em muitos eventos de destaque no ciclismo nacional como o próprio L’Etape du Tour de France, vencido tanto por Bulgarelli como por Adriele Alves.
Quando um organizador de eventos ou um dirigente se alia a figuras do doping, o sistema se retroalimenta com jovens e amadores entrando para o jogo sujo. Talvez o grande problema que envolva os dirigentes da modalidade é que em sua vasta maioria são ciclistas da elite dos anos 90 e 2000, o que os coloca dentro da geração do doping sistemático e essa tolerância acabou no mundo todo. Não é a toa que ciclistas brasileiros são mal vistos em equipes e provas na Europa.
Confira a lista com 11 suspensos provisório diretamente no site da ABCD clicando aqui. Os 24 suspensos já julgados estão aqui. A lista de suspensões definitivas traz cinco ciclistas flagrados em 2021, elevando para 17 o número da modalidade na temporada:
- Luis Diego do Nascimento 21/01/2021
- Silvio Otávio de Amorim 21/01/2021
- Izael Nunes 05/08/2021
- Juliana Venancio Camargo 08/09/2021
- Andheara de Lima 25/11/2021
Já médicos e dirigentes suspensos ou banidos para a vida estão nesta lista.