Talentoso, discreto e agora polêmico. O jovem belga Cian Uijtebroeks de 20 anos mostrou serviço durante a temporada com ótimas classificações em voltas de uma semana e na Vuelta. A performance chamou atenção do mundo do ciclismo e culminou no anúncio de contratação pela Visma Lease a Bike (nome da Jumbo em 2024).
Até ai tudo bem, mas logo em seguida a Bora Hangrohe, atual equipe onde Uijtebroeks possui contrato, fez um breve comunicado de que o ciclista segue sob contrato da equipe alemã. Na sequência vários comentários de diretores de equipe criticaram o ciclista, a Jumbo e a Bora na situação toda.
Patrick Lefevere, diretor da Soudal Quick-Step corneteou, pontuando que as regras devem ser cumpridas, mas lembrou que Ralph Denk (diretor da Bora) não esperou para colocar um contrato nas mãos do pai e representante de Remco Evenepoel.
Contratos entre ciclistas e equipes são regulamentados pela UCI e sindicatos
Para compreender todo esse movimento, precisamos passar pelas regulações da UCI e sindicatos das equipes e dos ciclistas. E ai que o negócio pesa contra os ciclistas. Os contratos colocam muita responsabilidade nas costas dos ciclistas e isentam a equipe em diversas situações. Por exemplo caso um ciclista se machuque em uma queda, ele recebe 100% do salário por apenas três meses, após esse período os vencimentos podem ser reduzidos pela metade, desde que um salário mínimo seja pago. Acidentes e recuperações que superem o tempo de contrato devem ser cobertos pela seguridade social escolhida por cada ciclista e paga a suas custas.
Ai entra parte das críticas em especial pelo diretor técnico da Cofidis, Cedric Vasseur. Ocorre que Richard Plugge, diretor da Visma Lease a Bike é também o presidente do sindicato das equipes.
“É isso que faz novamente o presidente da Aigp? Você deveria respeitar as regras e renunciar imediatamente, cai fora!”
Esse “de novo” é uma clara referência a transferência de Wout van Aert para a Jumbo-Visma, quando a Aqua Blue Sport comprou a Veranda Willems, relembre:
Pagar a multa não é suficiente, Bora-Hansgrohe pede €1milhão de indenização
Já o rompimento de contrato para que o ciclista mude de equipe é necessário o acordo entre as três partes interessadas, a equipe de saída, a de entrada e o ciclista. Aparentemente a Visma Lease a Bike não consultou a Bora Hansgrohe, acreditando na empresa que gere a carreira de Cian e que comunicou ter tomado as medidas legais para encerrar o contrato do ciclista.
Ai que mora a briga, hoje rumores indicam que Cian teria usado a multa regulamentar, que no WorldTour é a soma dos salários restantes (no caso €100.000), no entretanto a Bora-Hansgrohe pretende obter uma indenização de dez vezes esse valor (€1milhão).
Enquanto isso CianUijtebroeks surgiu hoje em Girona na Espanha treinando ao lado de Chris Froome e outros ciclistas da Israel PremierTech, utilizando uma bicicleta preta e apenas o capacete da Bora Hansgrohe.
