Durante participação no podcast Club Random de Bill Maher, o texano sete vezes campeão do Tour de France contou um pouco sobre como era utilizar eritropoietina na época em que não se procurava a substância nos exames antidoping.
“Eu fiz mais de 500 testes e nunca falhei em um controle antidoping. Isso não é mentira, é a verdade, não havia como evitar o controle. Se você fumasse um baseado, mesmo após duas semanas você poderia testar positivo, pois a meia-vida da substância é muito mais longa. Com o EPO, que foi o combustível de foguete que mudou não só nosso esporte, mas todos os esportes de resistência, você tem uma meia-vida de quatro horas, então ele sai do corpo muito rapidamente.”
“Fomos levados a crer, e não discordo, se fosse tomado sob os cuidados de um médico, era seguro.” concluiu Lance Armstrong
Conheça mais sobre o texano Lance Armstrong:
Armstrong foi processado em 2010 por seu ex-colega de equipe Floyd Landis, que perdeu um título no Tour de France em 2006 após testar para substâncias proibidas. Em 2012 Lance Armstrong confessou o uso de doping em suas conquistas esportivas. Teve retirados os títulos e foi processado a pagar 100 milhões de dólares em indenizações. Em abril de 2018, Lance Armstrong fez acordo e pagou 5 milhões de dólares ao governo americano.
Apesar de ter os títulos removidos, a organização do Tour de France não substituiu Armstrong por outro vencedor, o motivo é que naqueles anos praticamente todos os ciclistas profissionais utilizam de meios e substâncias proibidas. Você pode ler o que também disse Jan Ullrich sobre o fato:
Jan Ullrich falou sobre a época do doping sistêmico: Falavam que era o certo a ser feito
Eritropoietina – EPO – O hormônio combustível de foguete
A eritropoietina (EPO), popularmente conhecida como EPO, é um hormônio produzido naturalmente nos rins que estimula a produção de hemácias pela medula óssea. A engenharia genética tornou a EPO disponível comercialmente, sendo administrada principalmente a pacientes com insuficiência renal em conjunto com a hemodiálise. Vários estudos indicam um aumento do VO2Max em pacientes com anemia.
O doping sanguíneo é uma forma de trapaça esportiva realizada através da infusão de hemácias ou da administração de eritropoietina, com o objetivo de estimular artificialmente a produção de hemácias. Essa prática acaba por aumentar a capacidade de um atleta, especialmente no transporte de oxigênio. O procedimento feito à época envolvia o uso de eritropoietina e a remoção de várias unidades (bolsas de 450ml) de sangue para posterior infusão autóloga (quando o sangue da própria pessoa é inserido no organismo). As bolsas eram congeladas com glicerol para estender o prazo de validade e transportadas para serem usadas antes das competições.
Estudos científicos apontam que o uso de 20UI/kg três vezes por semana durante seis semanas aumentou a hemoglobina em 11%. Como cada grama de hemoglobina transporta 1,34ml de oxigênio, esse aumento tem impacto significativo no transporte de oxigênio. O VO2Max sofre alteração de 4 a 6%. Parece pouco, mas em testes laboratoriais, um grupo de corredores em esteira obteve melhora entre 20% e 34% em uma distância de 8km em comparação com o grupo de controle (sem doping).
Ao ser utilizado em altitudes elevadas, uma situação típica das competições de grande escala no ciclismo, a infusão de hemácias previne a queda de rendimento devido à hipóxia em até 10% para indivíduos aclimatados à altitude e 25% no VO2Max para indivíduos não aclimatados.
Os riscos do uso de eritropoietina – EPO
O aumento da viscosidade do sangue (ou seja, o sangue engrossa) faz com que o coração tenha que fazer um esforço maior para circular o sangue. Quando o aumento ultrapassa 55% (lembrando de Bjarn Riss, o Mr. 60%), aumentam os riscos de trombose. Os riscos envolvidos na transfusão autóloga incluem, especialmente, infecções bacterianas devido ao manuseio inadequado dos derivados sanguíneos. A EPO em si causa poucos efeitos colaterais, além de um ligeiro aumento da pressão cardíaca.
Detecção da EPO
O teste de detecção é feito por meio de urina e sangue. No entanto, para detectar a transfusão autóloga, o teste precisa analisar a idade das hemácias. Assim, o método utilizado pela WADA (Agência Mundial Antidoping) foi o passaporte biológico, no qual aspectos do perfil biológico de cada atleta são analisados, e na ocorrência de variações anormais, o atleta é suspenso.
Para a elaboração deste artigo foi utilizada a posição oficial do American College of Sports Medicine publicado no National Institutes of Health.