A concessionária CCR AutoBan e o governo do estado de São Paulo anunciaram o projeto de uma ciclovia interligando a cidade de São Paulo a Itupeva com 57km de extensão. Considerando que essa ideia saia do papel, será que ela funcionará?

No informativo enviado pela assessoria de imprensa do governo estadual, são informados os custos da obra ao redor de R$219 milhões de reais e que sua execução e implantação ficará a cargo da CCR AutoBan. O projeto foi desenvolvido pela agência estatal de estradas a ARTESP. O anúncio ocorre as vésperas da saída do governador do cargo para concorrer as eleições presidenciais.

Um paraíso para o ciclista de estrada

Obviamente toda e qualquer estrutura cicloviária é extremamente bem vinda para o ciclista paulista. A adoção de ciclovias segregadas colabora muito para a segurança do ciclista. O trajeto entre São Paulo e Itupeva é muito utilizado por ciclistas de estrada para treinamento e provavelmente será uma opção para treinos. Nos últimos anos o ciclista de estrada vem sendo hostilizado do convívio urbano, como a exclusão da Universidade de São Paulo (USP) que limitou a horários muito restritos o uso esportivo do Campus.

O cicloturista também ganha com a ciclovia na estrada. Permitindo um deslocamento mais seguro e como o projeto prevê pontos de apoio e sinalização. Contudo pela maquete eletrônica a ciclovia tem uma largura que não deve comportar um pelotão de ciclistas como costumam passar várias vezes nos finais de semana e até em dias úteis.

No comunicado ainda vemos que há previsão de ocupação de trechos laterais na rodovia, o que pode facilitar o acesso de ciclistas. Nossa avaliação é claro positiva do anúncio, afinal um governante utilizar uma obra de mobilidade como um dos últimos atos a frente do governo do estado mais poderoso da nação é louvável.

Sem previsão de entrega das obras, fica impossível cobrança pela sociedade

Se por um lado o projeto possui pontos fortes, algumas criticas são inerentes. O fato da ciclovia ser instalada no canteiro central acaba por dificultar o acesso, o que invariavelmente vai manter muitos ciclistas nos acostamentos da rodovia. Ao todo foram previstas seis passarelas, isso resulta em um acesso a cada 9,5km de ciclovia.

“Governar é fazer acreditar” Nicolau Maquiavel

Não foi divulgado um cronograma nem previsão de entrega da ciclovia, o que impede a cobrança por parte dos cicloativistas e imprensa especializada. Em São Paulo, os ciclistas aguardam desde 2012 a conclusão das obras do monotrilho na Marginal Pinheiros para ter a ciclovia em sua total extensão. A promessa era de uma interrupção de 18 meses e a obra já dura dez anos.

A cidade de São Paulo anunciou em 2018 um plano ambicioso que não se realizou. Claro que isso nos faz ficar com o pé atrás, mas é de ressaltar que a CCR vem fazendo um trabalho bom na assistência ao ciclista, com a inauguração de 100km de ciclorrotas.

Redução da velocidade máxima na aproximação de centros urbanos

Existem pontos que não foram abordados, como a necessária redução da velocidade máxima dos automóveis. A rodovia dos Bandeirantes tem na aproximação da cidade de São Paulo a grande concentração dos acidentes e atropelamentos. Ter veículos em alta velocidade a poucos metros do seu corpo não é a mais prazerosa das situações. E justamente essa sensação de insegurança acaba por afastar novos usuários da bicicleta de estrada e mesmo de uma possível estrutura.

É de fundamental importância que no trecho a velocidade máxima dos veículos seja reduzida além de controlada com maior eficiência. Para isso o Denatran ainda aguarda resolução do Contran para eliminar o efeito lombada de radares fixos, onde o motorista excede a velocidade entre medidores e freia apenas no ponto de aferição.

Confira abaixo o informativo do Governo do Estado de São Paulo na íntegra:

O Governador João Doria lançou nesta quinta-feira (10) o projeto da primeira ciclovia de longa distância em rodovia no Brasil, a Ciclovia dos Bandeirantes, na Rodovia dos Bandeirantes. Localizada entre São Paulo e Itupeva, a nova ciclovia ligará a capital paulista ao recém-lançado Distrito Turístico Serra Azul, em Itupeva, com aproximadamente 57 quilômetros de extensão. Na ocasião, Doria também autorizou a destinação de R$ 4,2 milhões para obras de pavimentação asfáltica da Rodovia Waldomiro Bertassi e de melhorias na infraestrutura urbana de Itupeva.

“São Paulo vai ganhar a maior e mais completa ciclovia do Brasil, com a geração de mil empregos diretos durante a sua implantação. Uma grande opção para o esporte, para o lazer e para a mobilidade”, afirmou o Governador.

A execução das obras da nova ciclovia ficará a cargo da concessionária CCR AutoBan, integrante do Programa de Concessões Rodoviárias, sob regulação da ARTESP – Agência de Transporte do Estado de São Paulo. O objetivo da iniciativa é melhorar a mobilidade entre a Região Metropolitana de São Paulo, Região Metropolitana de Jundiaí e demais municípios às margens das rodovias Bandeirantes e Anhanguera, permitindo a utilização – com melhores condições de segurança – da bicicleta em deslocamentos de trabalho, esporte, lazer e turismo.

Neste trecho da SP-348, o projeto funcional prevê a construção de uma ciclovia totalmente segregada da rodovia – entre os quilômetros 13+800 e 71 da Rodovia dos Bandeirantes (Shopping SerrAzul), em trechos do canteiro central e do gramado lateral. As intervenções incluem novos elementos de segurança, acesso controlado de entrada e saída, pontos de apoio, barreiras rígidas e novas sinalizações, horizontal e vertical. O valor estimado apresentado pelo projeto funcional chega a R$ 219 milhões.

O projeto prevê ainda a instalação de seis passarelas para transposição na rodovia – que permitirão que o ciclista possa acessar a ciclovia sem a necessidade de atravessar a rodovia. Também serão viabilizados sete pontos de apoio, com acesso aos postos de serviços, e a nova sinalização de alerta aos usuários.

Novos Caminhos

Em parceria com o Grupo CCR, o Estado de São Paulo está desenvolvendo o projeto Ciclo Rotas SP CCR, que consiste na identificação e realização de investimentos em rotas alternativas em vias de baixo movimento, volume de tráfego e menor velocidade permitida, visando oferecer opções mais seguras para a prática de ciclismo, com implantação de sinalização específica, melhorias no pavimento, conservação do entorno, entre outras medidas.

O objetivo é oferecer melhores e mais seguras condições para pedalar, em comparação às rodovias com grande volume de tráfego e maior velocidade. Cerca de 100 quilômetros de Ciclorrotas já foram entregues nas regiões de Holambra, Jundiaí, Louveira, Vinhedo e Itatiba. Até o final do primeiro semestre, serão 300 quilômetros de vias para ciclismo no Estado de São Paulo.

Ciclovias na malha concedida

Com base nas orientações do Ciclo Comitê Paulista, a ARTESP está prevendo a inclusão de obras de infraestrutura viária para construção, conservação e implantação de ciclovias nos novos contratos de concessão de rodovias, como o que ocorreu na concessão do lote PiPa, de rodovias de Piracicaba a Panorama, assinado em maio de 2021, onde estão contemplados cerca de 97 quilômetros de ciclovias, distribuídos nas rodovias SP-284, SP-294, SP-304, SP-308 e SPA 605/294.

Outras intervenções fundamentais para ampliar a segurança dos ciclistas são as obras do trevo Alemoa, na rodovia Anchieta (SP 150), com a instalação de ciclovia entre os kms 60 e 65, ligando o Jardim Casqueiro, em Cubatão, à malha cicloviária de Santos.

O Ciclo Comitê Paulista tem o objetivo de subsidiar tecnicamente e definir ações estaduais relacionadas à implementação de procedimentos e estruturas para veículos não motorizados (transporte ativo).

Infraestrutura Urbana

Durante a agenda em Itupeva, o Governador João Doria autorizou, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR), a celebração de dois convênios com a prefeitura de Itupeva. A cidade será contemplada com R$ 4 milhões para obras de pavimentação asfáltica da “Via Waldomiro Bertassi”.

Pelo Programa Cidade Acessível, serão destinados R$ 250 mil para a construção de calçada acessível. A iniciativa, gerida pela SDR em parceria com a Secretaria de Direitos da Pessoa com Deficiência, prevê investimentos nas áreas de esportes, lazer, infraestrutura, educação e acessibilidade, de forma que os municípios paulistas se tornem mais inclusivos.