Não é de hoje que a Prefeitura do Campus da USP tenta limitar os treinos de ciclismo. Desde 2017 uma resolução determinava o cadastro de ciclistas. E hoje, 28 de maio de 2019 o prefeito do Campus USP baixou uma Portaria regulamentando, ou na prática proibindo treinos de ciclismo no campus. A medida afeta milhares de pessoas. Para o leitor ter ideia o segmento mais popular no aplicativo Strava é justamente ao redor da praça do relógio. Percorrido mais de 7 milhões de vezes:
Regulamentação é de fato proibição
Em um regulamento a universidade esbanja desconhecimento na prática do ciclismo. Uma vez que em seu artigo 8º, veta a realização de treinos com grupos acima de 04 ciclistas, ignorando que ciclismo é um esporte coletivo. Também veta a utilização do Campus as segundas, quartas e sextas feiras. Afinal ciclismo só se pratica três vezes por semana. Também contrariando o CTB a Prefeitura do Campus passa a exigir que o ciclista porte identificação na bicicleta e no capacete. Além de todas essas proibições, a prefeitura também atenta contra a microeconomia. Pois proibiu que professores, treinadores e assessorias esportivas montem tendas para atender os alunos que ali treinavam diariamente.
- Não pode treinar em grupo com mais de 04 ciclistas.
- Não pode pedalar mais rápido que 40km/h.
- Não pode treinar as segundas, quartas e sextas.
- Não pode treinador montar tenda.
- Não pode treinar sem identificação
Como continuar a treinar na USP
Para poder treinar na USP o ciclista terá que efetuar um cadastro e utilizar o Campus somente nos horários pré determinados, sob pena de suspensão e proibição (claro).
- Horário das 04:30 às 06:30.
- Somente terça-feira, quinta-feira e sábado.
- Fixar identificação no capacete e na bicicleta
- Renovar o cadastro anualmente.
USP trata o sintoma e não a causa
Todos os dias centenas de ciclistas utilizam o Campus da USP para prática do ciclismo. Sejam ciclistas de estrada ou triatletas a segurança do Campus atrai esse público que busca exercitar-se nas alamedas arborizadas da USP. Esse sintoma é reflexo da insegurança, seja ela relacionada a roubos e assaltos como aos motoristas. Dentro da USP pelo a segurança privada coíbe assaltos e veículos em alta velocidade. Assim o ambiente torna-se mais seguro para o ciclista. É bem verdade que parte das exigências da Prefeitura tem fundamento:
- Respeito a semáforo e a faixa de pedestre.
- Respeito as normas de trânsito.
- Respeito aos demais usuários das vias.
- Deixar a esquerda livre.
- Não utilizar equipamentos de som (megafones) ou outros aparelhos que perturbem as atividades da Universidade.
- Não realizar eventos sem autorização previa da Prefeitura do Campus.
As pessoas que administram a USP não estão nem um pouco preocupadas com o usuário. Na USP já tivemos casos de assassinato, afogamento pós festa, estupros, assaltos, furtos, roubos, atropelamentos por motoristas bêbados… enfim, diversos atos ruins e nada foi feito.
Cultura de tratar o ciclista de competição inimigo, dizimou o esporte
Ciclista de competição é o inimigo número um da sociedade. Incompreendido por legisladores, políticos, motoristas, nós ciclistas de estrada estamos em extinção! Ao contrário de países como a Colômbia onde o ciclismo é a porta para um futuro de disciplina e dedicação, no Brasil o ciclismo é um problema. Ano passado durante a Volta de Guarulhos flagramos motoristas xingando ciclistas profissionais que disputavam a prova.
O motorista de modo geral entende que o ciclista de estrada é um kamikaze irresponsável. O motorista ignora que o ciclista tem direito a trafegar pelas estradas. E como punição esse mesmo motorista costuma tirar finas, buzinar, enfim fazer todo tipo de maldade, legal ou ilegal. Dentro das cidades o “ispeedeiro” como vulgarmente somos chamados é visto com desdém mesmo por outros ciclistas. Os ciclo-ativistas reclamam com razão da falta de respeito ao limite de velocidade das ciclovias, ignorando o fato do ciclista não ter onde treinar.
Mas não se engane se você não for famoso e morrer na estrada, não irá receber uma ghost bike. Aliás você será satirizado até mesmo por utilizar uma roupa específica para o exercício. Pouco importa se você esta utilizando um vestuário para suportar 3, 4h sobre a bicicleta você será visto apenas como alguém querendo ser o que não é. Toda essa contra cultura joga pelo chão as possibilidades de um brasileiro voltar ao circuito mundial de ciclismo. Rafael Andriato e Murilo Fischer foram os últimos a frequentar o circuito e a única vitória de um brasileiro em grande volta remonta a 1991 com Mauro Ribeiro no Tour de France.
E assim é tratado o esporte especializado no Brasil, toda modalidade q nao for futebol nao merece respeito e incentivo Cultura pobre de um país em defasagem em todos os aspectos, esporte e saude e vida,mas aqui em terras tupiniquins esporte e coisa de gente sem ter o que fazer e assim vamos dando importância a que e futil e deixando de lado o que deveria ser estimulado.
Exato e nem falei sobre a Federação e Confederação de Ciclismo que vivem caladas.
Parabens!!! otimo texto!
Obrigado Carlos!
Venha todos os ciclistas da USP para a represa Paiva Neto em Mairiporã , aqui vocês são todos muito bem vindo , venha de speed, mtb. TT. Junte se a nós da região para fortalecer este belíssimo esporte. Nas terça e quinta sai do porto de gasolina LAERCIO em Mairiporã as 7 hrs da manhã o Pelote da Represa.
Triste e ver a confederação calada, triste ver a USP com uma atitude nojenta. Triste ver a Prefeitura e o Governador calados …
Por isso temos que se juntar cada vez mais e usar da lei e advogados que podem defender o ciclismo. ..forte abraço a todos os ciclistas da USP .