Do sonho ao pesadelo a equipe B&B Hotels naufraga entre um sonho de participação expressiva e o colapso sem patrocinador. As maiores vitimas são os ciclistas, entre eles Mark Cavendish e a campeã olímpica Ana Kiesenhofer.
Em uma reunião online de duas horas de duração, os ciclistas, corpo técnico e administrativo da equipe de Jérome Pineau foram comunicados da liberação de contrato. Ou seja salve-se quem puder.
Os ciclistas como sempre foram os últimos a saber, os sintomas de que tudo não passava de blefe começaram a surgir em agosto na ausência de confirmação do patrocinador secreto. O cúmulo do absurdo aconteceu com o anúncio da contratação de Anna Kiesenhofer e dois dias depois a equipe ser desfeita.
“Dizer que estou presa na corredeira sem um rempo é um eufemismo. Estou em busca de emprego para 2023” disse Chloe Hosking.
Sonho, promessas e o pesadelo de Jérome Pineau
Durante o Tour de France 2022, a equipe B&B Hotels chegou a anunciar parceria com a prefeitura de Paris para divulgação dos jogos olímpicos. Essa ação levou rapidamente a equipe bretã para o topo das especulações de mídia. Aos poucos nomes importantes do ciclismo mundial colocaram seus nomes no ambicioso projeto.
Um patrocinador misterioso seria a fonte principal para compor o orçamento de 15 milhões de euros para uma temporada profissional mais próxima da elite do ciclismo. Entre julho e outubro a prefeitura de Paris recuou no apoio financeiro devido a divergências internas, entre os patrocinadores citados, um a um foram emitindo declarações de não envolvimento no projeto (entre eles Carrefour e Repsol). Quando a primeira data para inscrição das equipes para 2023 chegou, a B&B não estava entre as que apresentaram garantias financeiras.
Soube-se então que a multinacional do ramo de cosméticos Sephora seria o grande patrocinador e teria definitivamente abandonado o barco. A corrida contra o tempo deveria remontar uma soma importante em patrocínio. No entanto Pineau seguiu anunciando planos de expansão, contratando três grandes ciclistas para a nova equipe feminina, seriam Audrey Codon-Ragot, Chloe Hosking e finalmente Anna Kiesenhofer. Contudo apenas dois dias após anunciar Kiesenhofer a equipe chegou ao fim.
Uma das ciclistas contratadas mostrou a indignação de ser enganada:
“Na segunda-feira nos disseram que daria certo, que nossos contratos seriam assinados e na terça o projeto estava morto. Não sabíamos, pra mim acabou, sigo em frente.”
Ciclistas sem contrato correm contra o tempo para achar um lugar no pelote
A pouco mais de um mês do início da temporada profissional 2023, vinte e um ciclistas estão sob contrato da B&B além daqueles que tinham pré-contrato. Claro que os nomes mais expoentes encontram equipe como o francês Victor Koretzky que acertou por duas temporadas com a Bora Hansgrohe.
Luca Mozzatto está prestes a ser anunciado pela Trek enquanto Axel Laurence é disputado pela Quick-Step e pela Ag2r. Pierre Rolland está muito perto da Total Energies.
Agora o poço pode ser fundo demais para gregários como Thibault Ferasse ou o alemão Miguel Heidemann.
Um plano C poderia salvar os ciclistas do desemprego como equipe continental
Após o jornal Télegraphe publicar sobre o fim da equipe, Jérome Pineau ainda esbravejou dizendo que ainda não acabou. Contudo o bote salva vidas pode ser apenas continental “se um milagre acontecer”.
“Enquanto as autoridades não me disseram que acabou, enquanto houver esperança, vou lutar. Mas vou ser claro, que saia quem tem e quem quer sair, depois se acontecer um milagre, eu ligo de volta.”