Neste sábado acontece a 16ª Strade Bianche, prova que mistura as belíssimas paisagens da Toscana com uma dificuldade única para os melhores ciclistas do mundo tentarem triunfar na Piazza del Campo Siena.
Strade Bianche – A nova monumento?
Cada uma das cinco monumentos do ciclismo tem seu porquê de ser. Da mais antiga prova a La Doyenne (A decana, a mais antiga) a jovem Ronde com “apenas” 109 anos de história cada prova tem sua história única e os motivos que as tornaram monumentais. E agora uma prova jovem com apenas 16 edições pode ser considerada a nova monumento?
O motivo é um só, a Strade Bianche mudou o ciclismo de um jeito só dela. A inclusão dos trechos de cascalho a tornou uma prova única e rapidamente copiada pelo mundo todo. Já citávamos o trajeto monumental cinco anos atrás aqui no pelote. Os longos trechos de terra batida totalizando quase 1/4 da prova com uma paisagem exuberante trouxeram o cascalho em evidência.
Claro as cópias nem sempre deram certo, sendo alguns trajetos criticados ao longo dos anos como uma chegada ao alto na Rota do Sol, ou a mudança na Paris-Tours que tradicionalmente é a clássica dos velocistas. E isso tudo fez o mundo do ciclismo falar muito de uma prova: Strade Bianche!
E a cada ano, a cada edição fabulosa essa prova ganha mais e mais fãs, e para o leitor a Strade Bianche já pode ser considerada uma jovem monumento?
A História da Strade Bianche
Em formato de granfondo, ou seja aquelas provas para amadores como este que aqui escreve pode se inscrever e participar da emoção de uma prova “como os profissionais” a La Eroica Strade Bianche começou em 1997. Aqui cabe uma pequena explicação, os granfondos com o termo “La Eroica” geralmente remetem a utilização de equipamento de época, como acontece no Giro Vecchio, realizado no interior de São Paulo.
Caindo no gosto do público, dez anos depois ganhou status WorldTour. E sabe o mais legal? O granfondo para amadores continua existindoe é um evento concorridíssimo, onde as inscrições se esgotam rapidamente para o duríssimo passeio pela Toscana.
A prova tem largada na Fortaleza Médici e mistura os longos trechos de terra branca com pouco mais de 60km em terra batida, um asfalto e um final em uma subida de 18% após 184km. O ponto mais alto da prova é a escalada a Montalcino, uma serra de 12km ao longo de belíssimas vinícolas, que obtém do solo rico em xisto -que confere o tom branco das estradas- potentes vinhos sangiovese cujo ícone é o mundialmente famoso Brunello di Montalcino.
A paisagem campestre é substituída no final da prova pela medieval, percorrendo as estreitas ruas de Siena que levam para a glória na Piazza del Campo Siena, onde é a chegada.
Na edição deste ano estarão presentes todas equipes WorldTour. Entre as equipes da segunda divisão do ciclismo, chamada ProTeams, a belga Alpecin Fenix teve participação direta ao vencer o ranking ProTeams UCI 2021. Assim as equipes convidadas foram:
- Alpecin Fenix (Primeira do Ranking 2021)
- Arkéa Samsic (Segunda do Ranking 2021)
- Drone Hopper Androni Giocattoli
- Bardiani CSF Faizané
- Eolo-Kometa
Favoritos e destaques da Strade Bianche 2022
Os dois últimos vencedores da Strade Bianche não estarão na edição 2022. Mathieu van der Poel (vencedor em 2021) ainda se recupera de uma cirurgia no joelho enquanto Wout van Aert (vencedor de 2020) optou por focar seu início de temporada na monumento Milão Sanremo. As baixas passam também por Tom Pidock, campeão mundial de cyclo-cross e olímpico de MTB que seria o capitão da Ineos Grenadiers, porém o britânico foi diagnosticado com um vírus estomacal.
Mas nem por isso faltam favoritos. O bicampeão do Tour de France, o esloveno Tadej Pogacar chega com sua UAE Team Emirates “montada” para a vitória. Pogacar venceu o UAE Tour em fevereiro e vem de vitória no Giro da Lombardia e da Liege Bastogne Liege em se falando de provas clássicas.
Atual bicampeão mundial e vencedor da Strade Bianche de 2019, Julian Alaphilippe comandará a Quick Step enquanto o belga Tiesj Benoot será o nome da Jumbo Visma. E por falar em campeão mundial, o eterno Alejandro Valverde, campeão mundial de 2018 também estará na prova naquela que “em tese” é sua temporada de despedida pela Movistar. Valverde disputou a Strade Bianche sete vezes e conquistou dois pódios em quatro Top10.
Agora pela equipe Bora Hansgrohe, o colombiano Sergio Higuita é uma das esperanças latinas na disputa. Com uma potência de ataque incrível o colombiano de 24 anos pode ser um nome a surpreender os europeus. Também pode-se destacar o equatoriano Richard Carapaz que talvez torne-se o plano “A” da Ineos sem Pidcock.
O tempo pode ser um ponto de dificuldade no final de prova, com ameaça de chuva na região de Siena, local da chegada poderemos ter além da poeira, muita lama.
Para o Brasil, transmissão somente pela RAI ou GCN+
Para a temporada 2022, mudanças na transmissão do ciclismo para o Brasil. A ESPN segue transmitindo a maioria das provas do pacote A.S.O. como a Paris-Nice e o Tour de France, mas perdeu diversas provas da italiana RCS entre elas a Strade Bianche e o Giro d’Italia, todas adquiridas pelo grupo Discovery. Assim a opção para o brasileiro é acompanhar pela RAI Internacional (disponível nos pacotes de TV a cabo) ou assinando o aplicativo GCN+ do grupo Discovery que transmite a maioria das provas para o Brasil.
A transmissão pela GCN+ inicia-se às 9h30 no horário de Brasília.