O inchaço de provas na Copa do Mundo de Ciclocross causou um efeito de fuga dos ciclistas das prova que deveriam ser a cereja do bolo do calendário, e isso deixou o presidente da UCI, David Lappartient furioso.
Em declaração ao site francês DirectVelo, Lappartient foi longe demais:
“Se um ciclista dá prioridade a uma prova nacional (ao invés de correr a Copa do Mundo), ele não deveria poder estar apto a correr a próxima rodada da Copa do Mundo e também não no mundial da categoria. A Copa do Mundo tem que ser obrigatória.”
A declaração que beira o absurdo tem endereço certo: Thibault Nys. O belga de 21 anos, ignorou a prova da Copa do Mundo de Dendermonde neste domingo para correr a Superprestige de Niel, a Jaarmaktcross. O movimento de escolher melhor as provas a serem disputadas era feito pelos grandes astros da categoria como Mathieu van der Poel, Wout van Aert e Tom Pidcock. Agora atinge também o primeiro escalão com nomes como Lars van der Haar, atual líder da Copa do Mundo, optando por saltar algumas provas.
Essa gula da UCI sobre o ciclocross vem crescendo, dois anos atrás a Copa do Mundo foi disputada em nove rodadas, ano passado em quinze e este ano em quatorze. Deveria ser normal compreender escolhas de equipes e ciclistas, afinal até com razão as questões comerciais também contam. Nesse caso específico está a organizadora Golazo, responsável pela Superprestige e ligada a Sven Nys, maior “crosser “da história, pai de Thibault e diretor da Baloise Trek Lions. O ídolo belga foi firme sem polemizar:
“Penso que os ciclistas deveriam poder fazer suas próprias escolhas, principalmente quando se trata de jovens ciclistas, e meu filho também foi citado aqui, existem outros ciclistas que fazem suas escolhas e saltam etapas da Copa do Mundo. Acho que deveria ser possível continuar escolhendo onde correr, mas de qualquer forma não é para já. Tudo que peço é que sejamos consultados, isso é uma grande ameaça, tentar ganhar levantando a voz.“
Calendário inchado, pouca ajuda de custo: O mundo do CX que Lappartient não enxerga
Se por um lado a UCI busca popularizar o esporte levando a Copa do Mundo para locais onde a modalidade não é tão conhecida, por outro lado acaba criando um inchaço até desnecessário no calendário. A prova em Waterloo nos EUA teve apenas quatro dos dez melhores no ranking UCI e entre as mulheres a quantidade permitiu um Top10 bem mesclado.
Etapas na Irlanda, Espanha e Itália também estão entre as que enfrentam desistência. Afinal se no CX os ciclistas estão acostumados a correr dia sim dia não, largar tudo para fazer uma etapa da Copa do Mundo com um custo alto de traslado, hotéis a pena de perder duas ou três provas onde receberia até um cachê de participação não parece ser uma escolha fácil.
Com organização da Flandres Classsic, a Copa do Mundo de CX visita cinco países com seis etapas belgas, duas neerlandesas, duas francesas e visitas aos EUA, Irlanda e Itália. Podemos dizer que as etapas de Maasmechelen e Dendermonde são bem pouco exigentes tenicamente, ao menos em comparação com Namur ou Zonhoven e sem dúvida não fariam falta ao calendário. E claro, as provas francesas, espanholas e italianas poderiam ser melhor agrupadas de modo ao “circo” do CX fazer um Tour mais programado.
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