Froome será condenado!

Luiz Papillon

A popular expressão é “Rei Morto, Rei posto” usada na substituição de líderes, ponto que lembramos um trecho da música homônima de Edu Lobo:

“Um dia a verdade vai ter que sair, mais cedo ou mais tarde não tá mais ai.

É, contra a luz do sol não tem argumento que possa apagar”

A situação de Chris Froome em relação ao excesso de salbutamol em sua urina é grave, não só pela quantidade do excesso mas pelo momento politico na UCI. O atual presidente da UCI  David Lappartient foi eleito durante o o mundial de ciclismo de Bergen, no mesmo dia em que Froome e Sky foram notificados do resultado adverso, logo a seguir Lappartient deu entrevistas garantindo foco em garantir a credibilidade dos resultados. Como manter a credibilidade caso Froome e Sky saiam livres desse caso? Uma absolvição a Froome terá um custo político altíssimo para Lappartient, um custo que ele não tem grande necessidade em suportar. A politica deixa Lappartient sem saída, entre ter a sombra do doping por todo mandato como Cookson ou McQuaid, ambos manchados com os casos Sky e Armstrong respectivamente e jogar um gladiador aos leões a solução é clara.

Os sinais que Froome será considerado culpado vieram pelo vazamento do caso para jornalistas selecionados do The Guardian e Le Monde, do momento de divulgação e especialmente pela reação de Dave Brailsford que em meio a lama apontou para Froome e para o corpo médico da equipe, deixando o britânico praticamente sozinho na busca pela absolvição.

Dave Brailsford

Situação bastante distinta do caso da investigação sobre o pacote de medicamentos entregue a Wiggins em 2011 na prova Criterium du Dauphiné que terminou com mais perguntas do que respostas. A investigação foi levada a cabo pela agência anti-doping britânica onde ninguém foi culpado e o real conteúdo do pacote jamais foi revelado – ou alguém seria tolo de crer que alguém enviaria Fluimucil de Manchester para o Sul da França se poderia ser comprado na farmácia da esquina? – vale lembrar Wiggo além de vencer o Tour de France de 2012 foi grande líder da equipe olímpica britânica nos jogos de Londres. A íntima relação entre o ciclismo olímpico britânico e a equipe Sky foi rompida recentemente quando a equipe deixou o centro de treinamento do velódromo de Manchester após sete anos de uso compartilhado, tudo na esteira do caso Wiggins.

Bradley Wiggins

Froome contratou o escritório de advocacia Mike Morgan  para o caso, somente agora com o caso exposto mais um sinal de que o vazamento da informação foi seletivo muito provavelmente por represaria a um possível encobrimento. Mike Morgan, especializado em direito esportivo defendeu entre outros ciclistas, Alberto Contador, Johan Bruyneel, Sergio Henao e Lizzie Deignan além de esportistas como Maria Sharapova e Marin Cilic. Entre os casos conduzidos pelo advogado está o do francês Mamadou Sakho, jogador de futebol então no Liverpool que foi absolvido pelo uso de higenamine numa situação bastante semelhante a de Froome.

A considerar pelas últimas suspensões pelo uso de salbutamol, Froome deve ser suspenso por um período entre seis meses a um ano a contar da data do resultado adverso, caso a pena seja de 180 dias Froome estará livre para competir já em janeiro, uma pena de 9 meses similar a de Diego Ulissi deixará o britânico livre em abril, tendo assim tempo para competir todo calendário de 2018 enquanto uma pena de um ano o retira da temporada. Assim acredito que Froome terá sua pena divulgada ao redor do dia 15 de janeiro cumprindo até abril e correndo Giro/Tour e Vuelta com “sangue nos olhos” como diria um prosaico narrador.

A duvida aqui é se Froome será sumariamente demitido pela Sky como manda o figurino, trazendo o título do celebre livro de Mary Renault para a tradução literal:

“O rei precisa morrer” (The King Must Die! em português Rei Posto, Rei Morto)

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Next Post

Flávia Oliveira correrá 2018 pela Health Mate Cyclelive

Depois do brilho em 2016, a única ciclista brasileira ranqueada no Circuito Mundial Feminino, a escaladora Flávia de Oliveira de 36 anos radicada nos EUA assinou com a equipe Health Mate Cyclelive para temporada de 2018. Em 2017 correndo pela Lares Waowdeals Flávia começou a temporada com ótimos resultados um 10º […]

Receba as novidades em seu e-mail