O resultado anormal de Cris Froome para salbutamol não constitui positivo de doping como relatam alguns, o resultado adverso indica uma concentração não permitida da substância salbutamol que pode ser julgada como doping, e ainda não foi e por isso a UCI tratou o caso sem publicidade até a imprensa conseguir expor.
Durante uma volta de três semanas o corpo do ciclista passa por mudanças grandes, todo metabolismo é afetado sendo que a desidratação e perda de gordura corporal são fatores relevantes, Froome diminuiu seu peso com uma dieta restrita para 67kg e a gordura corporal para apenas 4.8% isso antes de uma volta de três semanas, isso resulta em apenas 3,2kg de gordura corporal. Um estudo conduzido pelo médico em medicina esportiva Jon Dickinson em 2014 publicou um estudo exatamente os efeitos da desidratação na eliminação via urina do salbutamol, utilizando atletas com desidratação entre 2% e 5% obteve concentrações superiores as do limite permitido pela Wada mesmo com a inalação de salbutamol dentro dos limites.
Em entrevista ontem para a revista inglesa Cyclingweekly, Alessandro Petacchi o sprinter italiano agora aposentado que teve seus resultados cassados em 2007 por acusar concentração de 1320 ng/ml da mesma substância pôs em cheque justamente a desidratação:
“Para chegar a 2.000 nanogramas, eu imagino como diabos ele fez isso? E Chris Froome sabia que eles estariam o controlando todos os dias. Você precisa considerar se há outro meio de usar isso, porque é um valor alto, mas há também a questão fisiológica nesse caso? Ele estava desidratado, etc? Eu imagino que foi o que aconteceu comigo”
“Quando a UCI me contatou, eles me mostraram todo histórico dos controles e todos eram diferentes, isso dependia de quão cedo você tinha usado o medicamento e da concentração da urina… Eu tinha uma garrafa de água depois da chegada mas ao invés de tomar, fui ao pódio, a cerimônia e o controle de doping, e talvez eu não tenha bebido o suficiente, se eu tivesse tomado aquela garrafa talvez minha urina estivesse limpa como a de outros.”
Isso expõe como o resultado adverso pôde ter sido obtido em função da desidratação que costuma se tornar mais severa ao longo da competição, com a perda de gordura corporal o corpo acaba desidratando severamente e retirando água dos órgãos, o que motiva um ciclista profissional a ingerir cerca de 10L de água durante um único dia de prova.
A investigação da UCI e Wada sobre o caso poderá inocentar Froome caso seja provado que o metabolismo dele possa ter sido a causa do resultado adverso, embora pelo histórico da Corte de Arbitragem, casos semelhantes como o do próprio Petacchi foram considerados doping, um caso de absolvição foi também de um grande campeão o espanhol Miguel Indurain que em 1994 testou positivo porém o uso excessivo não era considerado doping.
O uso excessivo de Salbutamol pode ter efeito anabólico e por isso a concentração superior a 1.000 ng/ml é considerada doping pela WADA (Froome testou para o dobro desse valor) mas esta afirmação é questionada por alguns estudos científicos. A imagem abaixo foi retirada do estudo, demonstrando como após apenas três inaladas (portando dentro dos limites) pode-se ter um resultado adverso bastante superior ao de Froome: