A glória Olímpica para a matemática austríaca que não disputa o ciclismo profissional!

Luiz Papillon

Todo mudo gosta de vitória da fuga, e quando ela acontece nos jogos olímpicos com uma fuga que partiu da largada? E foi assim que a austríaca Anna Kiesenhofer de 30 anos de idade conquistou a glória olímpica. Anna esteve na fuga com cinco ciclistas que partiu na largada, deixou para trás as companheiras de fuga quando restavam 40km para o final e seguiu solo para o ouro olímpico!

Anna Kiesenhofer vence Olimpíadas em Tóquio | Foto Reuters: Michael Steele
Anna Kiesenhofer vence Olimpíadas em Tóquio | Foto Reuters: Michael Steele

“Em uma prova de estrada, a sorte sempre desempenha um papel importante. Tive a coragem de atacar e no final fui a mais forte na fuga. O elemento surpresa certamente jogou a meu favor. Elas nunca teriam dado tanta vantagem a uma ciclista mais famosa. Estou muito feliz com a medalha, mas gostaria de continuar a disputar o contrarrelógio.”  disse Anna Kiesenhofer, medalha de ouro olímpico.

Segunda colocada comemorou como se fosse ouro!

Em segundo cruzou Annemiek Van Vleuten, holandesa de 38 anos e uma das maiores favoritas ao título. Van Vleuten comemorou muito, como se tivesse ganhado o ouro e era isso o que ela declarou pensar:

“Faltando cinco quilômetros, Marianne Vos veio até mim e ela, como todas nós, não sabia se todas escapadas haviam sido neutralizadas. No começo me senti muito idiota, mas quando as outras garotas confirmaram não saber, fomos em frente. É claro que isso foi inútil, eu pensei que havia ganhado.” Annemiek Van Vleuten, medalha de prata.

A medalha de bronze ficou para a italiana Elisa Longo Borghini de 29 anos. A italiana confirmou que sabia estar disputando a prata contra Van Vleuten.

“Eu não tinha um plano, eu apenas competi com a sensibilidade. eu senti que era o momento certo em atacar e parti sem olhar para traz. A perseguição não era responsabilidade das italianas, mas sim das holandesas que tem melhores velocistas. Basicamente quando nós alcançamos duas mulheres, eu percebi que havia mais uma. Essa medalha é para minha mãe, meu pai, meu irmão, meus sobrinho e meu namorado, porque nós fizemos muitos sacrifícios juntos e eles uma me deixaram só.” Elisa Longo Borhini medalha de bronze.

Pódio Olímpico ciclismo feminino em Tóquio
Pódio Olímpico ciclismo feminino em Tóquio | Foto Getty

Surpresa austríaca em Tóquio!

Doutora em matemática pela Politécnica de Lausanne, Anna Kiesenhofer surpreendeu ao conquistar o ouro no ciclismo feminino de estrada nos jogos olímpicos de Tóquio. Na fuga desde a largada, Kiesenhofer chegou a manter dez minutos de vantagem para o grupo de 62 ciclistas que perseguia as cinco escapadas.  A matemática que Kiesenhofer conhece muito bem atrapalhou a equipe mais forte da prova, as holandesas.

Restando 40km para o final, Kisesenhofer escapou das companheiras de fuga e seguiu solo. A cerca de 6km do final, o pelote neutralizou Anna Plitcha (Polônia) e Omer Shapira (Israel), remanescentes da fuga e por falha de comunicação as holandesas não compreenderam que ainda restava uma ciclista a frente.

Ao final, Kiesenhofer venceu com margem de 1:21 sobre Van Vleuten em uma história que será contata por muitos anos. Kiesenhofer teve seu único contrato como ciclista profissional em 2017 pela Lotto Soudal. A austríaca tem resultados expressivos na disciplina contrarrelógio além de ter conquistado o pódio no Tour de l’Ardèche na França em 2020.

https://www.youtube.com/watch?v=jCjc2EbfndE

O ciclismo feminino ainda engatinha no profissionalismo

A categoria feminina ainda engatinha no profissionalismo. Uma grande maioria das ciclistas possuem contrato por apenas seis meses entre março e setembro. Apenas ciclistas em equipes como a Movistar, Trek, Canyon Sram e SD Worx conseguem contratos anuais. Quando se rebate para as equipes continentais, a situação é ainda pior com ciclistas vivendo basicamente de uma ajuda de custo.

Se por um lado é muito gostoso ver o espírito olímpico permitir que uma atleta que não detém um contrato profissional obter um resultado tão fantástico, por outro é preciso entender o grau de desenvolvimento dessa modalidade.

Por isso a importância no desenvolvimento da categoria feminina em todo mundo, por uma maior igualdade de oportunidades. No continente americano apenas oito equipes femininas são registradas junto a UCI sendo uma delas a Memorial Santos Saddledrunk com sede em Santos no Brasil.

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