Ontem durante a Ronde van Vlaanderen, o ciclista suíço Michael Schar da Ag2r Citroen foi desclassificado por “jogar lixo” na via. Sendo assim o primeiro ciclista punido pela regra da UCI que prevê multa e até desclassificação. Na mesma prova em sua edição feminina, a vencedora Annemiek van Vleuten também jogou a caramanhola, porém sem punição.
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Para entender a punição é preciso entender tanto a regra como sua aplicação. Schar vinha atrás do pelote e claramente lançou a caramanhola para um grupo de fãs. Pouco depois veio a determinação dos comissários da UCI: Schar estava desclassificado da prova com base nas novas regras UCI. Na gravação fica clara a intenção do ciclista de jogar a garrafa para o grupo de fãs e não um descarte perigoso ou algo do gênero.
Michael Schär wordt uit de koers gehaald: "Wegens het weggooien van een drinkbus in open natuur" pic.twitter.com/9jaZgXED6o
— Sporza 🚴 (@sporza_koers) April 4, 2021
Já Annemiek, jogou a garrafa dentro da zona de descarte, porém na direção de uma pessoa que utilizava uma jaqueta da mesma cor de sua equipe, a Movistar. Não se sabe o que ocorreu com a garrafa de Annemiek, mas ela não foi punida pois o descarte ocorreu na zona correta.
O que diz a regra de descarte da UCI?
O artigo das regas a qual se refere o regulamento é descrito no código de provas de estrada: “Falha em respeitar instruções, comportamento impróprio, perigoso ou violento, dano ao meio ambiente ou a imagem do esporte.” Na sequência o artigo especifica que jogar objetos ou lixo sem cuidado ou de modo perigoso na estrada ou nos espectadores, jogar lixo fora da zona de descarte.
O filosofo alemão Karl Marx celebrou a boa intenção em uma frase: O caminho do Inferno está ladeado de boas intenções. É claro que o objetivo da regra é punir o ciclista que descarte resto de lanche, embalagem ou garrafa ao longo do trajeto. Resta então a esperança que os comissários sejam preparados para permitir que ciclistas sigam entregando suas caramanholas vazias para o público, pois nesse momento elas deixam de ser lixo e tornam-se relíquias para crianças de todas idades.
Entre as várias ponderações, é claro que há uma transformação no uso do objeto. Enquanto a garrafa está cheia, ela é um importante e necessário invólucro para água ou isotônicos. Quando a garrafa está vazia, ela pode se transformar em lixo, se for descartada de forma errada ou pode virar um objeto colecionável, de valor, um souvenir. É a transformação social do objeto por meio da teoria subjetiva do valor, definida há mais de um século pelo mesmo filosofo alemão.