Após duas semanas intensas com acidentes terríveis no WorldTour, a relação dos ciclistas acidentados é espantosa. Os casos mais graves, felizmente estão evoluindo para recuperação.
Nessa temporada atípica, com o Tour de France logo no final do primeiro mês de retomada, os ciclistas estão disputando cada prova como se fosse a última. Assim a quantidade de acidentes neste recomeço de temporada está alarmante. A vontade em mostrar serviço para ser convocado para maior prova da temporada torna-se um motivador e tanto. Além disso muitos ciclistas e equipes estão com dificuldades financeiras devido a pandemia, e “mostrar serviço” torna-se muito importante.
Por isso o mundo do ciclismo tem discutido durante essa semana o que se pode fazer para aumentar a segurança de ciclistas. É bem verdade que os profissionais fazem reconhecimento dos trajetos e tem em seus ouvidos técnicos e diretores esportivos via rádio alertando dos obstáculos. Mas é surpreendente a quantidade de machucados neste 2020 “B”.
Fábio Jakobsen recupera-se em casa
Fábio Jakobsen que passou por uma semana na UTI na Polônia, devido a uma queda, ainda não pode falar e escreveu uma carta:
“Já se passaram duas semanas desde minha queda na Polônia. Os médicos de trauma, médicos e enfermeiras na linha de chegada em Katowice salvaram minha vida, pelo que sou extremamente grato a eles. Passei uma semana em terapia intensiva no Hospital St. Barbara em Sosnowiec. Lá eles me operaram imediatamente por cinco horas e me deram a chance de viver. Sou muito grato a todos os funcionários deste hospital.
Foi um período difícil e sombrio para mim na UTI, onde eu tinha medo de não sobreviver. Em parte graças à organização por trás do Tour da Polônia e minha equipe Deceuninck-Quick-Step, minha família pôde estar perto de mim, o que me deu muita força.
Na quarta-feira passada, fui transferido para o Centro Médico da Universidade de Leiden. Fui internado no departamento de Otorrinolaringologia e tratado posteriormente. Passo a passo posso começar a viver com mais independência. Atualmente estou em casa, onde as lesões no rosto e lesões podem continuar a cicatrizar. Além disso, terei que descansar muito nos próximos meses por causa de uma concussão severa. Nas próximas semanas e meses, passarei por várias cirurgias e tratamentos para reparar ferimentos no rosto.
Desta forma, quero que todos saibam que estou muito grato por ainda estar vivo. Todas as mensagens e declarações de apoio me deram uma força tremenda. Passo a passo, posso olhar lentamente para o futuro e lutarei para me recuperar.
Em particular, gostaria de agradecer ao Dr. Rafael, que foi meu cirurgião na Polônia, Dr. Vanmol, que esteve presente na Polônia como médico da equipe, Patrick Lefevere que aproximou minha família e Agata Lang e família que, em nome do Tour da Polônia, se saíram muito bem cuidou da minha família.
Fabio. ”
Remco Evenepoel não passará por cirurgia
Exames adicionais no hospital AZ Sint-Eisabeth em Herental não mostraram novos elementos. Como sugerido anteriormente, as fraturas na pelvis de Remco Evenepoel, serão tratadas de modo conservador, o que significa que a cirurgia não será necessária. Remco precisará repousar ao máximo nas próximas semanas, para permitir que as fraturas se curem.
O médico da Deceuninck Quick Step, Yves Vanmol, espera que Remco volte a pedalar em dois meses:
“Estamos falando em seis semanas, na melhor das hipóteses. Vamos supor que ele poderá voltar a pedalar em dois meses e possa experimentar nosso primeiro período de treinamento em dezembro, nas mesmas condições dos outros ciclistas nesse período.”
Steven Kruijswijk fora da última concentração da Jumbo
Será em Tignes a última concentração da Jumbo Visma antes do Tour de France. O holandês Steven Kruijswijk que sofreu uma queda no Dauphiné ficará em Mônaco onde reside, se recuperando das lesões. Já Primoz Roglic preocupa menos, visto que seu abandono na última etapa do Dauphiné foi mais por precaução. Wout van Aert irá disputar o campeonato nacional belga, e Tony Martin descansará na Suíça. Assim a concentração da Jumbo Visma pré-Tour terá Roglic, Sepp Kuss, George Bennett, Robert Gesink e Tom Dumoulin.
Nairo Quintana sente joelho
Em julho, Nairo Quintana sofreu um atropelamento na Colômbia. Parecia ser um caso de rápida recuperação, mas o colombiano sentiu o joelho lesionado durante o Criterium du Dauphiné na última semana. As dores evoluíram de tal modo que em conjunto com o médico da equipe Arkéa decidiram abandonar a prova.
“Senti bem as pernas, mas voltei a sentir dores no joelho. Como é o mesmo joelho lesionado em meu atropelamento em julho, achamos melhor abandonar em função da proximidade com o Tour de France.” Nairo Quintana
Bernal fora do Tour? É o que especula a Gazzetta dello Sport
Richard Carapaz não estaria no Tour de France, sendo escalado para o Giro d’Italia. Contudo a situação incerta sobre os três capitães da Ineos, fez com que a direção da equipe repensasse a situação. Bernal saiu do Dauphiné com dor nas costas, Geraint Thomas e Chris Froome não apresentaram o patamar esperado a 20 dias do início do Tour. Assim alegando dor na panturrilha, Richard Carapaz não largou hoje no Giro a Emília-Romanha na região de Bolonha.
Bora tem fora de batalha Mulhberger, Max Schachman e Emanuel Buchmann
Max Schachman teve fratura na clavícula, já foi operado. Schachman, campeão alemão se acidentou ao colidir atrás de uma SUV que invadiu o percurso de prova no Giro da Lombardia no último sábado. Mulhberger que caiu durante o Dauphiné fez tomografia e não teve fraturas, deve se recuperar a tempo para o Tour de France. Emanuel Buchmann teve contusões na região do quadril e pélvis, ainda que os exames não tenham revelado fraturas, o ciclista sofre de dor severa com um grande hematoma nas costas e está em repouso.
Gostei muito do texto e penso que já passou da hora de melhorar a estrutura dos eventos de ciclismo de forma geral, desde as corridas regionais até o WT, não podemos achar normal alguns tipos de acidentes. O do Fábio poderia ter sido minimizado com grades diferentes, do Remco com uma proteção na lateral da pista e tela de segurança e do Schachman foi uma falha inacreditável da organização de prova, como um carro entra no trajeto da prova daquela forma?! É inaceitável que os atletas sejam submetidos a riscos evitáveis como estes. Sou apaixonado pelo ciclismo, mas fico triste com a precariedade do esporte no Brasil, precisamos urgente melhorar.