Principais estrelas do ciclismo definem pré-calendário 2020

Luiz Papillon

A preparação do ciclista profissional envolve a periodização do treinamento. É fazer o treinamento visando um grupo determinado de competições. Assim os principais nomes e estrelas acabam definindo as competições que pretendem protagonizar. Alguns ciclistas vão focar nas clássicas, outros no Giro d’Italia e muitos no Tour de France. Porém este ano além do Tour teremos os jogos olímpicos de Tóquio. Então no final de agosto teremos a Vuelta e o Mundial de Ciclismo. Vou nesse texto tentar dar uma pincelada nas principais escolhas.

Um ano atípico com os jogos Olímpicos

A temporada 2020 de ciclismo terá em 25 de julho a prova de resistência e no dia 29 a prova contra o relógio. Além das provas de ciclismo, muitos dos profissionais competirão em outras provas como o MTB XCO e na pista (velódromo). Acontece que os jogos olímpicos acontecem exatamente após o final do Tour de France no dia 19. E em tempos de ciclismo limpo, seria surpreendente um ciclista disputar as 21 etapas do Tour e chegar em condições de disputar o ouro contra ciclistas com pelo menos um mês de descanso.

Essa dificuldade pode ser notada rapidamente no objetivo de alguns ciclistas, seja programando a presença no Giro d’Italia que acontece em maio ou mesmo focando apenas nas clássicas até abril e permitindo um programa de treinamento mais específico para os jogos olímpicos.

Giro d’Itália com Peter Sagan, Carapaz e Nibali

Peter Sagan e Richard Carapaz | Divulgação Giro d’Italia

O Giro 2020 tem tudo para ser sensacional, começa pela quantidade de provas contra o relógio, serão três etapas totalizando 59,7km. Nas montanhas uma batalha com visita ao Monte Etna, principal vulcão ativo da Europa e na última semana o Passo dello Stelvio mais uma vez a montanha mais alta do Giro. Agora vamos para as confirmações de favoritos no Giro:

Entre os velocistas, o australiano Caleb Ewan (Lotto) terá Dylan Groenewegen (Jumbo), Pascal Ackermann (Bora) e Davide Cimolai (Israel) como adversários. Além claro do estreante no Giro d’Italia, Peter Sagan (Bora), o eslovaco de 29 anos esteve na apresentação do Giro e com a proximidade de seu país natal, deve levar uma verdadeira legião de fãs para a largada em Budapeste na Hungria.

Já nos ciclistas clássicos que podem carregar a maglia rosa até os escaladores entrarem em ação, teremos o norueguês Alexander Kristoff (UAE), o dinamarquês Jakob Flugsang (Astana) e o belga Tim Wellens (Lotto).

Entre os favoritos o nome de destaque começa pelo atual campeão do Giro, Richard Carapaz. O equatoriano estreia pela equipe britânica e deve ter a companhia de Rohan Dennis e Geraint Thomas. Aliás o vencedor do Tour de 2018 talvez seja preservado, ocorre que as notícias da recuperação de Froome não são boas. E assim a Ineos pode guardar Thomas para repetir a dupla com Bernal. Pela Astana teremos a estreia de Alex Aranburu, espanhol de 24 anos contratado junto a Caja Rural e que fez bonito na Vuelta 2019. A grande sensação para os italianos claro será Vincenzo Nibali correndo pela Trek. Quem sabe Nibali consiga melhorar uma posição em relação a 2019 quando foi vice campeão do Giro.

Outros nomes que provavelmente estarão no Giro 2020: Romain Bardet (Ag2r), Ilnur Zakarin (CCC), Simon Yates (Mitchelton) e Jakob Flugsang (Astana).

Tour de France, Bernal e Froome contra a rapa?

Começo novamente pelos velocistas, Caleb Ewan está escalado para o double assim como Peter Sagan. A disputa esquenta com Elia Viviani agora pela Cofidis e Fernando Gaviria. E já colocando os classicomanos na conta, Michael Matthews que é o grande nome que sobrou na Sunweb estará no Tour 2020. Avermaet, Boasson Hagen e Valverde estarão disputando as etapas com rampas e chegadas duras. O francês Julian Alaphilippe que parece ter emagrecido muiti, talvez troque um pouco do punch por uma sorte maior em alta montanha, o que é uma transição difícil.

Tetracampeão do Tour, Chris Froome talvez tenha uma das últimas oportunidades para vencer a maior prova de ciclismo e se igualar a Fausto Coppi e Eddy Merckx. Aos 34 anos, Froome encontrará grande competitividade em sua equipe cuja escalação tem justamente Egan Bernal e Geraint Thomas, os dois últimos vencedores do Tour. A chapa esquenta ainda mais quando vemos a equipe Jumbo Visma que chegará com um elenco tendo Tom Dumoulin e Primoz Roglic. A renovada Movistar confirmou apenas Enric Mas e Alejandro Valverde para o Tour. Porém, Froome não estava acompanhando o ritmo de treinamento da equipe e voltou para Mônaco para consultar seus médicos. De decisivo para uma incógnita.

Estarão também Richie Porte (Trek), Pierre Latour (Ag2r), Thibaut Pinot (Groupama), Nairo Quintana (Arkea) e Mikel Landa (Bahrein). Mas cá entre nós, duvido e muito que o título escape da disputa entre Ineos e Jumbo.

A medalha de ouro olímpica

A prova dos jogos olímpicos de Tóquio é duríssima com 4865m de subida acumulada chegando no autódromo do Monte Fuji. A dificuldade das subidas acaba por eliminar qualquer chance de um velocista vencer. Mesmo ciclistas clássicos terão uma dificuldade enorme de resistir aos favoritos a grandes voltas. Ai que entra a periodização que mencionei no começo do texto. Não será estranho que alguns favoritos abandonem o Tour de France na última semana para se dedicarem aos jogos olímpicos.

Um dos primeiros ciclistas a elogiar o trajeto foi justamente Chris Froome e exaltou ser possivelmente sua última chance de medalha:

“Eu realmente gostei, e será um dos maiores objetivos da temporada. O objetivo máximo será o Tour, mas eu acredito poder chegar em boa condição nos jogos Olímpicos. E poderá ser minha última grande chance de vencer o ouro na estrada.” disse Chris Froome ao jornal espanhol Marca.

Outros ciclistas que gostaram do trajeto foram Alejandro Valverde, Vincenzo Nibali e Romain Bardet. Por ai você leitor que acompanha o blogue consegue visualizar o tipo de candidato ao ouro olímpico. A eles adicionaria sem dúvida Primoz Roglic, o esloveno voador pode ter grande destaque em uma prova desse nível de dificuldade.

Porém uma prova sem rádio, com etapa única pode ter resultados muito distintos, assim foi no Rio 2016 quando Avermaet venceu após uma queda dos favoritos, acontece e não dá para remediar. Uma nação que pode unir o poderio para fazer bonito nos jogos olímpicos é a Colômbia. Com um elenco forte tendo desde os jovens Egan Bernal e Ivan Sosa, até os experientes Nairo Quintana e Rigoberto Uran.

 

Mundial na Suíça e Vuelta

O que foi divulgado até agora é que a prova masculina terá a subida a Côte de la Petite Forclaz, uma dura subida com 10,2% de inclinação média em 4km de extensão. A subida deve estar no meio do circuito de 20km que deverá ser percorrido cerca de sete vezes pelos homens. O trajeto deve ter perto de 5.000m de subida acumulada. Assim mais uma prova onde os escaladores e candidatos a grandes voltas devem se sobressair.

Apresentação da Vuelta 2020 | Captura Transmissão Facebook

A terceira e última grande volta do ciclismo é a Vuelta. Sem dúvida a prova que deve ter sua lista de inscritos mais modificada, especialmente em função de quedas, lesões e mesmo do cansaço no decorrer da temporada. Entre os pré-escalados estão Romain Bardet, Nincenzo Nibali, Alejandro Valverde e Miguel Angel Lopez.

Na sequência vou postar sobre as expectativas das principais equipes.

 

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