Doping indetectável? Hemoglobina de minhoca no foco da agência antidoping
M101: A Nova Fronteira do Doping no Esporte Revelada na Conferência Mundial da WADA
Durante a 6ª Conferência Mundial sobre Doping no Esporte, realizada em Busan, na Coreia do Sul, e organizada pela Agência Mundial Antidoping (WADA), cientistas bielorrussos e chineses trouxeram à tona uma preocupação crescente no universo do doping esportivo: a substância M101.

O Que é a M101 e Seu Uso Médico Original
O nome comercial da substância M101 é HemO2life, lançada a três anos no mercado. Ela foi desenvolvida pela empresa francesa Hemarina e é um transportador de oxigênio derivado da hemoglobina extracelular natural isolada do poliqueta Arenicola marina (uma espécie de minhoca marinha). A M101 foi desenvolvida para transportar oxigênio em tecidos hipóxicos, ou seja, com baixo suprimento de oxigênio, como em órgãos para transplante ou cenários de guerra. No corpo, ele atua como um transportador de oxigênio eficiente, ajudando a melhorar a oxigenação dos tecidos sem os efeitos colaterais comuns de outras substâncias, como a eritropoietina (EPO).

Por ser uma hemoglobina extracelular, o M101 pode aumentar a capacidade do sangue de transportar oxigênio, o que potencialmente melhora o desempenho físico ao fornecer mais oxigênio para os músculos e órgãos durante esforços intensos. No entanto, sua meia-vida curta significa que ele é rapidamente eliminado do organismo. Ainda não há muitos estudos detalhados sobre os efeitos colaterais específicos do M101 no corpo humano em contextos de uso esportivo ou doping, mas seu uso médico é focado em preservar órgãos e tecidos, minimizando danos causados pela falta de oxigênio.
Pesquisadores chamam Hamsters de laboratório de “Lance” e comprovam dificuldade de detecção da M101

O que chamou a atenção dos especialistas foi o resultado dos testes realizados em hamsters superdopados, apelidados de Lance A, Lance B e assim por diante. Esses testes indicaram que a hemoglobina presente no M101 não é detectada pelos métodos tradicionais de controle antidoping. Além disso, a substância possui uma meia-vida curta, o que significa que o período em que pode ser detectada no organismo é muito breve, dificultando ainda mais sua identificação em exames de rotina.
Desafios para a WADA no Combate ao Uso Ilícito do M101
Diante desse cenário, a WADA está intensificando os esforços para ampliar a análise de amostras de sangue, que poderão ser congeladas e armazenadas por até 10 anos, conforme permitido pelas regras atuais. Essa medida visa possibilitar a reanálise futura com tecnologias mais avançadas, aumentando as chances de detectar o uso de substâncias como a M101.
