Mobilidade urbana: O impacto das calçadas na qualidade de vida dos cidadãos

Luiz Papillon
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Você sabia que as calçadas influenciam na qualidade de vida das pessoas? No Brasil, apenas 22% dos trajetos são feitos a pé, enquanto esse mesmo índice é de 53% em cidades como Paris, por exemplo. Em Curitiba, foi realizada uma pesquisa sobre caminhabilidade, dando destaque aos pontos de melhoria nas calçadas da capital.

 

O impacto das calçadas na qualidade de vida dos cidadãos

Em Barcelona, 42% dos deslocamentos urbanos são feitos a pé; em Paris, 53%. Já no Brasil, a média é de 22%. O que justifica tamanha diferença no índice de caminhabilidade? Muitas cidades já compreenderam que a qualidade das calçadas e priorização do pedestre, em detrimento dos carros, impacta diretamente na qualidade de vida dos cidadãos.

Curitiba, reconhecida por suas inovações urbanas, avança nesse tema. A cidade tem trabalhado no desenvolvimento de uma nova regulamentação para calçadas, por meio de um processo participativo com moradores, técnicos e especialistas. O resultado inclui uma minuta de decreto, manual ilustrado e caderno técnico, com diretrizes baseadas em acessibilidade, segurança e conforto. A proposta visa atualizar os padrões construtivos, considerando que, por lei, a manutenção das calçadas é responsabilidade dos proprietários.

Uma pesquisa com moradores de Curitiba apontou as seis principais queixas: material inadequado, largura insuficiente, normas confusas, falta de acessibilidade, ausência de mobiliário urbano e escassez de arborização.

Esses dados mostram que calçadas vão além da acessibilidade formal, mas que é preciso garantir espaços seguros, confortáveis e convidativos à permanência. Para isso, diversos aspectos devem ser considerados:

  •  Acessibilidade: a acessibilidade universal deve ser assegurada, especialmente para pessoas com mobilidade reduzida. Isso exige superfícies regulares, calçadas amplas e sinalização tátil, conforme as normas da NBR ABNT 9050 de 2020.
  • Manutenção e tipo de piso: calçadas esburacadas, rachadas ou escorregadias colocam em risco os deslocamentos a pé, especialmente dos mais vulneráveis. Pavimentos antiderrapantes, ausência de trepidação, fixação adequada das pedras, controle de raízes expostas e eliminação de irregularidades que gerem acúmulo de água são medidas essenciais.
  • Conectividade: a conectividade das calçadas garante que as pessoas consigam percorrer caminhos completos, sem interrupções ou obstáculos, de forma autônoma e segura. Isso inclui travessias bem-sinalizadas, com tempos adequados, sinalização sonora e luminosa, guias rebaixadas acessíveis e travessias em mesmo nível, preferencialmente com redução do leito carroçável e alargamento das calçadas.
  • Segurança: boa iluminação, presença de outras pessoas circulando e fachadas ativas (com comércios e janelas voltadas para a rua) e permeabilidade visual aumentam a proteção e reduzem a sensação de vulnerabilidade, principalmente à noite.
  • Ambientação: as calçadas devem ser acolhedoras. Árvores que ofereçam sombra, bancos para descanso, marquises e toldos, permeabilidade visual do entorno e atrativos como jardins e elementos culturais incentivam a permanência, oferecendo espaços agradáveis aos pedestres.
  • É preciso destacar que pessoas com mobilidade reduzida são as mais impactadas pela má qualidade ou ausência de calçadas. Cada grupo tem demandas específicas: para cadeirantes e mães com carrinhos, pisos escorregadios, trepidações e inclinações dificultam o trajeto. Deficientes visuais dependem de piso tátil e sinalização sonora. Idosos valorizam sombra, áreas de descanso e segurança nas travessias. Em 2022, o Brasil somava 22,2 milhões de pessoas com 65 anos ou mais, reforçando a urgência de tornar os espaços urbanos mais acessíveis.

 

Rafaela Aparecida de Almeida é doutora em Gestão Urbana e docente no Centro Internacional Uninter.

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