Uma pesquisa com ciclistas bem treinados na Dinamarca comprovou o que corria a boca pequena no mundo do esporte, a micro-transfusão com o próprio sangue é a nova barreira para o anti-doping. A equipe de Jacob Bejder pesquisador da Universidade de Copenhague na Dinamarca publicou o estudo indicando aumento de 5% na performance de contra relógio após a infusão de 135ml de hemácias do próprio indivíduo.
A publicação teve imediata repercussão no mundo do ciclismo, certamente o esporte mais aberto a esse tipo de discussão. O “quase” vencedor do Tour de France de 2007 e hoje comentarista esportivo foi um dos primeiros:
“Eu disse na TV2 durante o Tour de France desse ano que é perfeitamente possível fazer o que eu fiz durante minha carreira (auto transfusão) mesmo nos dias de hoje, dopar com seu próprio sangue sem ser detectado” Michael Rasmussen
Os exames anti-doping são capazes de detectar a transfusão realizadas por pessoas compatíveis, assim muitos ciclistas foram punidos na primeira década deste século. O passo seguinte da dopagem foi a utilização de micro dosagem de EPO utilizando o próprio sangue do ciclista, método utilizado pelo médico Eufemiano Fuentes descoberto na Operação Puerto. Desde então muitos experimentos indicavam o ganho de performance com a auto-transfusão em volumes acima de 800ml enquanto experimentos utilizando volumes menores não tiveram resultados de aumento consistente.
A equipe da universidade de Copenhague então começou o experimento removendo 900ml de sangue de um grupo de ciclistas bem treinados. Quatro semanas depois eles receberam 135ml de hemácias ou placebo e duas horas após a infusão eles fizeram um teste que incluiu esforço de contra relógio para consumir 650kcal. Três meses depois os grupos foram invertidos, ou seja o grupo que utilizou placebo passou a receber a infusão de hemácias. Então a potência gerada pelos ciclistas foi comparada e um ganho médio de 5% foi identificado entre os ciclistas que receberam a infusão.
O chefe do departamento de nutrição e exercício da universidade de Copenhague comentou a dificuldade de detecção:
“Nós sabemos que quando nós reduzimos o volume de transfusão a detecção torna-se mais e mais difícil. Então nós também esperamos essa dificuldade, nós não reportamos isso no estudo mas certamente iremos olhar para isso”