Esta semana esta acontecendo em São Paulo a Volta Ciclística Internacional de Guarulhos, simplesmente o maior evento de ciclismo profissional do país. No princípio da etapa 3ª Etapa o pelote percorreu alguns quilômetros do local de largada até a rodovia. Todos bloqueios muito bem sinalizados, com informações ao longo da semana, de nada bastou. Dois motoristas revoltados com o bloqueio chegaram a descer de seus carros para xingar os ciclistas.
Falta de respeito e ignorância
O pelote deixou Guarulhos devidamente escoltado pela polícia e carros de apoio, mas isso não foi suficiente para alguns motoristas que esperavam no trânsito. No vídeo acima do colega Flávio Fernandes podemos ver o pelote passando enquanto alguns promoveram um buzinaço outros xingaram. O fato do cidadão se dar ao trabalho de descer do carro para raivosamente ofender quem esta ali trabalhando por sua equipe é revoltante. Sequer passa pela cabeça do sujeito quantos anos de trabalho e dedicação foram necessários para estar ali na elite do esporte. Ainda mais dedicação para os organizadores que conseguiram o verdadeiro feito hercúleo de fazer uma volta de nível internacional no Brasil. Eles fariam esses gestos caso fosse um time de futebol passando?
São atos como esse que nos lembram da dura realidade do esporte “não futebol” no país. O ciclismo de estrada incomoda ainda mais por conta de requerer bloqueios em estradas e avenidas, afinal outro esporte do país é andar de carro. Com um transporte coletivo deficiente o brasileiro é refém das estradas e avenidas e qualquer interrupção torna-se um grande obstáculo. Os bloqueios são sempre operações rápidas e duram cerca de 30 a 40 minutos, bem sinalizados com faixas e placas, nas autoestradas a polícia isola apenas o bloco do pelote e o tráfego segue atrás do comboio. Assim nem sempre o trânsito é totalmente interrompido, o usual é apenas a redução momentânea de velocidade.
Ciclista de estrada, odiado por todos
Além de todos obstáculos descrito, o ciclista de estrada é odiado por todos. O motorista de modo geral entende que o ciclista de estrada é um kamikaze irresponsável por se arriscar em acostamentos de estradas com veículos trafegando em alta velocidade. Dentro das cidades o “ispeedeiro” como vulgarmente somos chamados é visto com desdém mesmo por outros ciclistas. Os ciclo-ativistas reclamam com razão da falta de respeito ao limite de velocidade das ciclovias, ignorando claramente o fato do ciclista não ter onde treinar. Mas não se engane se você não for famoso e morrer na estrada, não irá receber uma ghost bike. Aliás você será satirizado até mesmo por utilizar uma roupa específica para o exercício, pouco importa se você esta utilizando um vestuário para suportar 3, 4h sobre a bicicleta você será visto apenas como alguém querendo ser o que não é. Toda essa contra cultura joga pelo chão as possibilidades de um brasileiro voltar ao circuito mundial de ciclismo. Rafael Andriato e Murilo Fischer foram os últimos a frequentar o circuito e a única vitória de um brasileiro em grande volta remonta a 1991 com Mauro Ribeiro no Tour de France.
http://www.pelote.com.br/mais-um-atropelamento-na-anhanguera-deixa-ciclista-morto/
A retomada do ciclismo de estrada
Desde os naos 70 o legado ciclístico brasileiro foi sendo relegado ao ponto do número de praticantes despencar neste século. Após o advento das ciclovias e a retomada das transmissões pela TV das grandes provas de ciclismo em especial pela ESPN o interesse pelo ciclismo de estrada foi retomado. Diversos grupos de pedal foram criados, assessorias esportivas e com a nova mídia espaços como o pelote onde informação sobre a modalidade é difundida. Nos últimos anos vimos a ascensão e queda de uma equipe Profissional Continental brasileira. Após os jogos olímpicos e com a crise econômica o investimento caiu muito além dos constantes escândalos envolvendo a distribuição de verbas entre COB, Confederação Brasileira e Federações.
As iniciativas privadas de provas esbarram no alto custo cobrado pelas policias rodoviárias para fechamento de estradas. Como o número de participantes é limitado fisicamente os custos são divididos entre um menor número de inscritos e os valores superam os R$250 usualmente chegando até a R$1.000 como nos eventos do Letape. Por outro lado as federações também alegam dificuldades para fechamento de estrada e promovem um número cada vez menor de provas, quase sempre em circuitos planos bastante travados.
A Volta Ciclística a Guarulhos
Após o cancelamento sucessivo de várias competições de ciclismo como o Tour do Rio, Volta a Santa Catarina entre outros, a Volta a Guarulhos passou a ser o maior evento do tipo no Brasil. Com a presença de 17 equipes e organizada pela Facex na figura de José Claudio dos Santos o “Facex” a prova conta com as principais estrelas do ciclismo de estrada brasileiro. Confira:
http://www.pelote.com.br/maior-prova-de-sao-paulo-volta-a-guarulhos-comeca-hoje/