As vésperas do Mundial de Ciclismo de Alperdoorn e no momento em que a prefeitura de São Paulo lança uma licitação para terceirizar a administração do Parque do Ibirapuera, vem uma lembrança amarga a mente dos mais antigos: E o Velódromo?
O Parque do Ibirapuera
Em virtude da comemoração dos 400 anos da cidade de São Paulo foram encomendados ao arquiteto Oscar Niemeyer um projeto ambicioso para implantação de um majestoso parque urbano. Contemplando centro de exposições, praças, teatro, lago artificial e áreas de lazer. Um complexo esportivo foi projetado pelo arquiteto Ícaro de Castro, hoje conhecido como Conjunto Desportivo Constâncio Vaz Guimarães; que engloba o ginásio, parque aquático e o estádio de futebol (que leva o nome do arquiteto) e atletismo.
Ocorre que o estádio de futebol não estava no projeto, originalmente foi concebido o Velódromo do Ibirapuera, inaugurado em 06 de novembro de 1954 com uma pista de 500m e 9m de largura, arquibancada coberta para imprensa e convidados.
O Campeonato Americano de Ciclismo de Pista e o Pan de 63
O Velódromo precisou de reparos e adequações já para o VIII Campeonato Americano de Ciclismo de Pista de 1958. O desenvolvimentismo de Juscelino Kubistchek levou o país a pleitear os Jogos Pan Americanos de 1963, vencida a concorrência novos reparos e adequações e o Velódromo do Ibirapuera recebeu no circulo interno área para treinamento de atletismo.
Os problemas começaram após a inauguração, primeiro por conta do tamanho da pista já que a medida utilizada pela UCI era entre 250 e 333m (1.000 pés) e a pouca inclinação nas curvas. Nos jogos Pan Americanos o então presidente da FPC prometera instalação de iluminação noturna, claro se reeleito fosse. Como as palavras dos políticos são bravatas aos ventos o equipamento deixou de ser usado com frequência mesmo com a transferência da própria FPC para o complexo.
O Começo do fim e uma velha prioridade, o futebol!
Em 1974 a primeira machadada viria, o velódromo foi destruído reformado para receber um equipamento quase inédito em São Paulo, um estádio de futebol. Os prosaicos políticos paulistanos seguiram com sua sanha por licitações e obras e criaram em seguida o Velódromo da USP, inaugurado em 1977 e que também foi politicamente esquecido estando fechado desde os anos 90.
A reforma de 1974 ainda preservou a pista mas o fato da manutenção deixar de existir a deteriorou ao ponto de tornar a pratica do ciclismo de pista impossível. Esquecida a pista foi recebendo intervenções pontuais e construções improvisadas sobre a pista. A boa performance da equipe brasileira de atletismo nos jogos olímpicos de Atlanta rendeu uma reforma na pista de atletismo em 1996.
Finalmente em 2002 o velho velódromo deu lugar a seis linhas de arquibancada aumentando a capacidade do estádio que por sinal são raramente utilizadas.
O Legado
Fica aquele pensamento quase como um sonho, se o velódromo tivesse sido mantido operacional desde sua criação, quantos ciclistas não teriam passado por ali? Quantos paulistanos não poderiam ter frequentado? Quantas histórias do esporte deixaram de ser produzidas? Atualmente a cidade de São Paulo não tem nenhum velódromo em funcionamento e nem a previsão de ter, os velódromos mais próximos e utilizados são o da cidade de Caieiras na grande São Paulo e de Indaiatuba, 110km distantes da capital paulista.
A necessidade de entidades de administração organizadas para dar peso e valor aos equipamentos de ciclismo, neste caso em especial os Velódromos. Também projeto solidos que façam os velódromo se sustentar. E tornarse escolas de ciclismo!
Exatamente, muito bom ter a participação aqui de quem realmente fez e faz muito pelo ciclismo no Instituto Adir Romeo. O novo ciclo olímpico começou e a modalidade que mais entrega medalhas é o ciclismo de pista, que pode não só trazer sucesso esportivo, mas dar disciplina e cultura esportiva para crianças.