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Treinamento Indoor – Parte 1: Como você fica depois de um treino?

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Lembra daquele “meu amigo” que andava meio desiludido com a vida ciclística e que está voltando a ter empolgação pelos treinamentos na fase sênior? Pois é, ele estava conversando comigo sobre as principais plataformas de treinamento (Zwift, MyWhoosh e Rouvy) e sobre como treinar no rolo o motiva um pouco mais. Então, quando a pouca flexibilidade veio cobrar seu preço, o músculo psoas pediu mais cuidado.

Quando o bom é ótimo!

Figura 1 – Psoas (fortalecimento e flexibilidade). Pamela Elgen.

Todos nós temos um percurso preferido, que conhecemos os detalhes, todas as curvas e as subidas. São essas rotas que servem para entender se os treinos estão fazendo efeito e se estamos evoluindo. Em um processo de retorno aos treinos, as dúvidas e as queixas são muitas: desde o bikefit até o condicionamento neuromuscular da cadência. Com alguns dados dos treinos indoor, tentei entender a dinâmica da pedalada e os números de potência gerados rumo a um FTP minimamente decente. Havia queixas de um grande desconforto na posição, que nem sempre se devia à geometria da bike em si. Pode ser o entravamento natural da idade (velhice mesmo) ou uma causa externa, como a recuperação de uma lesão ou a compensação muscular por fraqueza ou por vício postural. Aquela postura do pelotão Pro-Tour que vemos na televisão? Esqueça! Aquilo é para poucos.

Então, encontrei um excelente livro que fala só sobre o músculo psoas (veja a Figura 1). É um músculo que se origina no final da coluna torácica e vai até a coluna lombar e é muito exigido no pedal e, quando sobrecarregado, vira uma fonte comum de dor (devido à posição, ao volume ou ao desequilíbrio). Se depois de um pedal longo, as dores passam com os alongamentos, então está tudo certo.

Por que o psoas dói tanto no ciclismo?

Quais problemas ele pode gerar (ou participar)?

Os mais comuns na prática são:

Quando isso costuma acontecer mais

Troca de Sapatilhas

Quando analisava os dados da dinâmica da pedalada, percebia que a perna esquerda apresentava, consistentemente, um arco de força defasado em relação à perna direita (Figura 2). Era como se o quadril estivesse rotacionando para compensar o esforço. Então, depois de algumas tentativas de ajuste dos tacos, a mudança de sapatilhas pareceu ser a mais lógica, pois a pisada continuava muito pronada (Figura 3).  James Thomas é um dos melhores bike fitters de Londres e eu sempre vinha seguindo seus posts. Finalmente eu consegui uma sapatilha Lake para testar.

Figura 3 – PCO com a sapatilha Sidi Wire 2

Comparando os dados, a troca da Sidi para a Lake não mudou muito o jeito de pedalar (ótimo), porque o balanço de potência ficou exatamente igual (49/51) e as fases de potência e de pico variaram só alguns graus, ou seja, praticamente nada; a diferença relevante apareceu mesmo na interface pé–pedal: o PCO caiu de +11/+13 mm (Sidi) para +4/+8 mm (Lake), com a maior mudança no lado esquerdo (-7 mm), indicando que o ponto médio de aplicação de força ficou bem mais centrado e, portanto, o pé mais estável no pedal; com menos tendência de carregar na borda e menos microcorreções de trajetória, o joelho e o fêmur precisam “ajustar” menos, a pelve fica mais estável a cada pedalada e isso reduz a demanda de estabilização no quadril, o que é totalmente compatível com a diminuição da dor no psoas esquerdo.

A mensagem final

A sapatilha nova não “curou” o psoas por mágica. Ela tirou um ruído do sistema: o pé parou de pedir socorro, e o resto do corpo deixou de improvisar. Esse tipo de ajuste fino é exatamente o que diferencia um fit “ok” de um fit que você consegue sustentar por meses sem dor.

Como sempre, obrigado por ler até aqui.
Se quiser, manda nos comentários: você já sofreu dores no quadril ou na região lombar nos seus pedais?

Um grande abraço!


Sobre o autor

Pedro Anselmo Filho, Ph.D., é engenheiro mecânico e pesquisador, com doutorado em combustão pela Universidade de Cambridge e mestrado em energia aplicada pela Universidade de Cranfield. Leciona os cursos de Engenharia Mecânica e de Controle e Automação da Universidade de Pernambuco (UPE). Pedala sem rodinhas desde os 4 anos e é ciclista entusiasta que gosta muito de estudar potência no ciclismo.

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Pedro Anselmo

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