Passado, presente e futuro do ciclismo (doping)

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elgleidson
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Re: Passado, presente e futuro do ciclismo (doping)

Post by elgleidson »

Tenho algumas opiniões a respeito:

1. Considerar os resultados do início da carreira como indicativo de um dom natural para o ciclismo é equivocado.
Quantos aqui não conhecem caras que estão começando agora mas estão só no veneno? Vou dar exemplos: a equipe "da Bike Point", de Criciúma. A mulecada tá sempre forte, ganhando os joguinhos e tal, sempre na ponta das suas respectivas categorias. São talentos naturais? Não creio, pois já fiquei sabendo que os caras se dopam. Quem me falou diz que conhece quem fornece pra eles. Então o fato de ter bons resultados no início de carreira não quer dizer muita coisa, pois o cara já pode ter começado dopado!

2. Acredito que pra ser amador competitivo o cara tem que possuir acima de 4W/kg no FTP. Pra ser profissional, acima dos 5W/kg. Pra vencer GTs, aí acredito que é beirando os 6W/kg.
E acho que rola confusão quando usam o "nossa, o cara subiu a 6W/kg depois de 150km de prova. Só pode estar dopado!". Só esquecem que os caras ficaram encaixotados no pelotão durante os 150km. Estão bastante inteiros pra conseguir fazer isso no final.
Digo isso porque da minha (pouca) experiência em andar em pelotão em provas, já andei beirando os 45km/h sem fazer força alguma. Eu sou capaz de apostar que se eu tivesse um medidor de potência, deveria estar no máximo em L3. Sozinho, nos treinos, se eu andar a 45km/h já esterei em VO2max (L5)!
ftmonjardim
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Re: Passado, presente e futuro do ciclismo (doping)

Post by ftmonjardim »

eu acho legal a Categorização que existe nos EUA,

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A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena (Seu Madruga)
elgleidson
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Re: Passado, presente e futuro do ciclismo (doping)

Post by elgleidson »

Massa mesmo esta categorização. Muito mais inteligente do que por faixa etária, como rola por aqui.

Aqui eu sou Master A (ou A1 quando é de 5 em 5 anos). Pelo que entendi, lá eu seria ou fim da Cat 4, ou meio da C3 ou início da C2 - 3,77W/kg no teste de FTP (20min).
vladbarra
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Re: Passado, presente e futuro do ciclismo (doping)

Post by vladbarra »

Voltando ao assunto do talento natural, no livro da Juliet Macur sobre o Armstrong, ela conta a historia do Floyd Landis quando o carinha lá do medidor de potência fez os testes e constatou que seria possível ganhar estando limpo.
Eu acredito que o LeMond era limpo tb.
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Guinness
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Re: Passado, presente e futuro do ciclismo (doping)

Post by Guinness »

elgleidson wrote:Tenho algumas opiniões a respeito:
1. Considerar os resultados do início da carreira como indicativo de um dom natural para o ciclismo é equivocado.
Elgleidson, fui bem claro quando me referi a resultados específicos em Grand Tours. Conforme apontei, a história mostra que todos campeões do passado e da era pré-EPO apresentaram resultados expressivos logo no início de suas carreiras, demonstrando aptidão natural para que um dia chegassem ao pódio. Pesquise os Palmarès de Coppi, Merckx, Hinault, LeMond, etc. e compare com os de outros “campeões” a partir de 1990.
Quantos aqui não conhecem caras que estão começando agora mas estão só no veneno? Vou dar exemplos: a equipe "da Bike Point", de Criciúma. A mulecada tá sempre forte, ganhando os joguinhos e tal, sempre na ponta das suas respectivas categorias. São talentos naturais? Não creio, pois já fiquei sabendo que os caras se dopam. Quem me falou diz que conhece quem fornece pra eles. Então o fato de ter bons resultados no início de carreira não quer dizer muita coisa, pois o cara já pode ter começado dopado!
Sim, concordo que no Brasil o meio é mais sujo e imoral. A razão disso é a falta de cultura geral, somada ao incentivo despudorado dos Diretores de Equipe para que os atletas usem drogas. Diferente do que ocorre nos EUA e na Europa, não há um programa implantado dentro das equipes para tentar coibir a trapaça por doping. Para piorar, a CBC faz vista grossa e varre os positivos para baixo do tapete para evitar escândalos. Atletas jovens, que começam aos 13 anos no ciclismo e já entram num programa de doping com o aval de técnicos e talvez até de seus pais, jamais saberão o real talento natural que eventualmente podem possuir. Não fazem previamente um teste de VO²Max, Potência, etc., para saber até onde o potencial pode ser desenvolvido naturalmente e se no futuro serão ciclistas com grandes resultados, seja em provas clássicas, seja em provas de múltiplos dias. Assim fizeram os grandes campeões durante várias gerações.
2. Acredito que pra ser amador competitivo o cara tem que possuir acima de 4W/kg no FTP. Pra ser profissional, acima dos 5W/kg. Pra vencer GTs, aí acredito que é beirando os 6W/kg. E acho que rola confusão quando usam o "nossa, o cara subiu a 6W/kg depois de 150km de prova. Só pode estar dopado!". Só esquecem que os caras ficaram encaixotados no pelotão durante os 150km. Estão bastante inteiros pra conseguir fazer isso no final. Digo isso porque da minha (pouca) experiência em andar em pelotão em provas, já andei beirando os 45km/h sem fazer força alguma. Eu sou capaz de apostar que se eu tivesse um medidor de potência, deveria estar no máximo em L3. Sozinho, nos treinos, se eu andar a 45km/h já esterei em VO2max (L5)!
Não disse que o atleta não consegue sustentar uma potência de 6W/kg durante uma escalada após ter pelado por 150 km. em “drafting”. Disse que manter essa potência após a terceira semana de um Grand Tour e nas etapas finais de montanha é impossível, pois há uma diminuição natural dos níveis de hematócrito (HTC) dos ciclistas no decorrer das semanas, ocasionando a diminuição do VO²Max e, consequentemente, da potência. Para que seja possível manter os mesmos níveis de HTC dos primeiros dias de um Tour, os ciclistas têm de recorrer a drogas do tipo vetores de O² e/ou transfusões sanguíneas durante a competição. Todos os ciclistas que competiram em Tours antes da chegada do EPO/Transfusões, geralmente apresentavam números de potência de 10 a 15% menores na última semana.
Last edited by Guinness on Thu 06 Aug 2015 11:06, edited 1 time in total.
A mentira é a desculpa dos derrotados.
Guinness
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Re: Passado, presente e futuro do ciclismo (doping)

Post by Guinness »

vladbarra wrote:Voltando ao assunto do talento natural, no livro da Juliet Macur sobre o Armstrong, ela conta a historia do Floyd Landis quando o carinha lá do medidor de potência fez os testes e constatou que seria possível ganhar estando limpo.
Eu acredito que o LeMond era limpo tb.
Eu também acredito. Contudo, o ceticismo criado em torno do termo “talento natural” é justificado. Poucos tiveram a oportunidade de acompanhar o ciclismo antes que fosse completamente corrompido pela trapaça do doping. A falta de senso das proporções acaba criando mitos como o do “level playing field”, doping é tudo igual, o dopado do passado é igual ao do presente, etc. Estudos e depoimentos dos próprios ciclistas mostraram que os efeitos das anfetaminas consumidas na era pré EPO não surtiam nem de perto o efeito ergogênico esperado no desempenho. Ademais, substâncias como anfetaminas, etc., quando abusadas, eram perigosas e causaram mortes no pelotão (leiam a história do ciclista Tom Simpson). Alegar que o intento de trapacear e o “wishful thinking” de que certas substâncias do passado conseguiam tornar a competição desigual é querer jogar no lixo o talento natural dos grandes campeões e atirá-los na vala comum dos trapaceiros do presente, cujos precisam desesperadamente aumentar artificialmente suas capacidades através do uso de potentes vetores de O², no intento de competir de igual para igual contra adversários igualmente turbinados.

Quem não amplia o horizonte de conhecimento através da leitura básica e atualizada do assunto que pretende debater, jamais conseguirá fazer uma análise de conjuntura ao menos razoável de como tal e qual fenômeno surgiu e se desenvolveu ao longo da história e por fim tirar conclusões de causa e efeito do provável impacto nos tempos atuais e futuros. Querer discutir sobre doping e ética no esporte usando apenas a opinião formatada e tendenciosa da grande mídia, sem ao menos ter se inteirado dos estudos mais importantes sobre o tema, é coisa de palpiteiro amador de blog, desesperado para chamar atenção sobre um assunto que não faz a menor idéia.
A mentira é a desculpa dos derrotados.
Zo
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Re: Passado, presente e futuro do ciclismo (doping)

Post by Zo »

Os ciclistas começaram a se dopar quando começaram os exames antidoping.
Antes disso, eram todos heróis do esporte na base do pão & água.
O único que aproveitou esse gap, foi o Indurain. :lemond1
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