Sem dúvidas o ciclismo avançou muito nos últimos anos em relação ao respeito pelas mulheres ciclistas. No entanto há um longo caminho a percorrer. Se por um lado as grandes provas e equipes passaram a valorizar mais o ciclismo feminino, por outro o desequilíbrio ainda é enorme.
MTB, Cyclo-cross e BMX são mais igualitárias
Quando falamos em ciclismo profissional, vem a mente todo ciclista que recebe salário para competir. Mas a realidade não é bem essa, o ciclismo profissional, que movimenta mais recursos financeiros é na estrada. E é no ciclismo de estrada que residem as maiores diferenças entre o masculino e o feminino.
Nas modalidades tidas como amadoras como MTB, Cyclo-cross, BMX, a diferença entre premiação e competições são menores. Durante o mundial de Fayetteville de cyclo-cross, a prova feminina teve uma audiência nos Países Baixos superior a prova masculina. Isso é uma grande e enorme conquista. Nessas modalidades a UCI já unificou também a premiação, que pode chegar a €30.000 para a copa do mundo de cyclo-cross.
Enquanto isso na estrada o ciclismo feminino segue em passo lento
Quando viramos a chave para a estrada o cenário muda radicalmente. Embora algumas provas já tenham adotado a premiação igualitária, outras optam ou por fazer competições muito menores ou mesmo só realizam a disputa masculina. Com isso o calendário WorldTour tem apenas 26 provas sendo 11 delas por etapas.
Os elogios ficam em especial para a Flanders Classics, a organizadora de provas como a Ronde van Vlaanderen que equipararam a premiação entre o masculino e feminino. Já do outro lado, a organizadora do Giro e da Strade Bianche foi duramente criticada. Enquanto as 20 melhores ciclistas receberam um total de €10.260, os homens receberam €40.000. E para quem viu ambas provas a disputa feminina foi mais emocionante que a masculina.
O MTB cresce no Brasil e abraça as mulheres
Ainda no boom do efeito Avancini, o MTB muito bem organizado no Brasil só cresce. E com esse crescimento vemos o destaque de diversas mulheres no esporte, passando por nomes como a campeã brasileira de XCO, Karen Olímpio até a Giugiu Morgen que é destaque em “tudo que faz”.
Na estrada, as equipes lutam pela sobrevivência e a última equipe de ciclismo com foco no feminino perdeu seu patrocinador principal. Após o falecimento de Pepe Altstut, a “Memorial” que por mais de 20 anos foi símbolo do ciclismo feminino deixou de patrocinar a equipe que agora tem o nome de Santos Cycling. Sem a verba, boa parte das ciclistas precisou buscar outras equipes e o status da única equipe UCI Womans brasileira volta para prateleira dos sonhos.