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Por mais playboys ciclistas!

Largada L'Étape Brasil 2021 | Foto: On board Sports

Largada L'Étape Brasil 2021 | Foto: On board Sports

Durante esta semana um artigo publicado no jornal O Globo causou furor entre os ciclistas. Trata-se da coluna de opinião de Leo Aversa.

Coluna de Leo Aversa | Reprodução

Indignado com a presença do “ciclista gourmet” como é intitulado, Aversa dispara contra o “playboy de duas rodas”. O articulista faz deduções próprias e mostra todo seu “ranço” contra os ciclistas. Por mais que um entusiasta possa sentir-se ofendido ou que toda classe dos ciclistas tenha sido praticamente relegada a objeto a ser atropelado no Rio de Janeiro é importante ressaltar o que representa o playboy ciclista!

O Playboy Ciclista quer mais ciclovias

Empresários, diretores de multinacionais, políticos são alguns dos “playboys” que deixaram de lado costumes de gerações anteriores (Hey Boomers!) como disputar rachas, correr em vias públicas ou privadas para queimar “a tal da gasolina”(1) para dedicarem-se a uma prática esportiva. E são exatamente esses nomes que se manifestam favoravelmente a ciclovias tanto quanto nossos heróis cicloativistas. No Rio de Janeiro mais especificamente os ciclistas esportivos conseguiram a criação de uma zona de treinamento, a APCC que diminui o número de ciclistas “treinando” nas demais vias da cidade.

Café as margens da ciclovia da Marginal Pinheiros | Foto Divulgação

Aqui em São Paulo, a “gourmetização” chegou a ciclovia da Marginal Pinheiros, agora com administração terceirizada e um verdadeiro paraíso para o ciclista gourmet. Porém ressalto a ciclovia é aberta a todos, não há ninguém com uma chancela vetando a bicicleta velha e enferrujada. Isso é democratizar o uso da bicicleta.

Não importa o valor da bicicleta, o que vale é o seu esforço

Ao contrário do mundo do automóvel, e assim como acontece com lentes fotográfica (É Leo, uma boa lente custa até 10.000 certo?) o desempenho do ciclista não é intimamente ligado ao valor de sua bicicleta. O ciclismo é um dos poucos esportes onde uma pessoa pode de fato comprar um equipamento idêntico ao utilizado por profissionais. É isso, com dinheiro (as vezes muito) você pode comprar a mesma bicicleta de Peter Sagan ou de Henrique Avancini.

Specialized Tarmac Sl7 – Peter Sagan Ciclamino | Foto: Veloimages

Um dos maiores bullyings entre os ciclistas é para com aqueles que pedalam muito menos do que o equipamento pode oferecer. E se o Leo tivesse presenciado um treinamento ou um rachão, teria a oportunidade de ver ciclistas de todas as classes sociais pedalando juntos. Quando você está em cima de uma bicicleta, o ciclista ao seu lado é sempre um colega, é alguém que estende a mão e avisa de um buraco ou grita contra um veículo que esteja colocando em risco os colegas.

Esse corporativismo ciclístico é um dos exemplos, claro que como reflexo da sociedade como um todo, o mesmo cidadão que não para no farol vermelho ou que acelera como um louco para só reduzir na lombada eletrônica, vai cometer outras infrações no trânsito.

Resultado depende de esforço

Todo resultado esportivo depende de esforço e esforço tem cara feia! Depois de pedalar a exaustão por até 6h o que menos você verá de um ciclista é um sorriso, esse fica reservado para aquele momento onde descemos da bicicleta e abrimos uma latinha de cerveja ou daquele refrigerante hipercalórico.

Levantador de peso faz careta com esforço | Foto COI Divulgação

O Globo

O Jornal O Globo, assim maiúsculo sempre foi um veículo de imprensa de extrema importância no Rio de Janeiro e no Brasil. No passado um dos poucos a darem espaço para o ciclismo e ciclistas. De um tempo para cá o espaço vem esvaindo e praticamente o ciclista só vira notícia quando morre atropelado ou cai espetacularmente em uma prova. Para não parecer que estou sendo leviano, você pode conferir o resultado da busca do termo ciclista no Globo clicando aqui.

Você pode conferir a coluna do Leo Aversa clicando aqui.

(1) Trecho da letra de “Cena de Cinema” de Lobão, música dos anos 80.

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