O caro leitor pode não ser fã da escritora J.K. Rowling, então o pelote lembra que a “Ordem da Fênix” foi uma sociedade secreta fundada pelo herói Dumbledore para lutar contra Voldemort no clássico Harry Potter. A Federação Paulista de Ciclismo funciona quase do mesmo modus operandi, secretamente. Me vem a cabeça a frase de um dos mocinhos da trama:
“Que é que você tinha a ganhar lutando contra o bruxo mais maligno que já existiu? Apenas vidas inocentes, Pedro!” Sirius Black
Nesta sexta feira, acontecem as eleições na Federação Paulista de Ciclismo. Até ai parece algo corriqueiro e normal, porém surpreende a falta de transparência da federação do estado mais populoso do país. Porquê os próprios candidatos não mencionam suas candidaturas e propostas para o ciclismo paulista?
Nos bastidores, segundo boatos não confirmados, aliados e inimigos articulam, tentam até mesmo colocar “laranjas podres” na chapa alheia. Enquanto isso organizadores e clubes (equipes) sitiam-se lado a lado com seus escolhidos. Mas absolutamente nada vem a público, e perguntamos: Por quê?
Conheço alguns dos candidatos, conheço a índole e o desejo de fazer mais e melhor pelo ciclismo paulista, contudo é muito pouco, como entusiasta do ciclismo gostaria de poder ajudar divulgando essas ideias e propostas. Porém será que existem?
Claro a eleição é indireta, ou seja o ciclista filiado não vota, quem votam são os representantes dos atletas (por obrigação de lei federal), os organizadores e cartolas de equipes. O formato dessa eleição “possivelmente” (afinal os estatutos não são divulgados) siga o determinado pelo Comitê Olímpico Brasileiro o COB, visto que as entidades que não atendam as determinações do COB acabam sem verba.
Função da Federação Estadual
Você sabe quais as funções da federação estadual? A Federação Estadual (ou distrital) deve dirigir e superintender as modalidades e suas ramificações:
- Ciclismo de Estrada,
- Mountain Bike,
- Ciclismo de Pista,
- BMX (Racing e Freestyle Park)
- Ciclismo Paralímpico
É dever das federações estaduais:
- Promover anualmente os campeonatos da unidade territorial sob jurisdição.
- Submeter a CBC o regulamento das competições que organizem.
- Comunicar a CBC penalidades, calendário e atividades.
Embora seja uma associação privada sem fins lucrativos e de funcionamento independente, as federações estaduais acabam sendo obrigadas a atender princípios fundamentais da Lei Pelé (Lei 9615/98) de regulações do COB. da Lei Agnelo/Piva e da Lei 12.868.
A Lei 12.868 acabou com a “farra” do dirigente eterno, quase um “dono” da entidade, assim para acessar ou receber recursos públicos e benefícios fiscais, as entidades precisam eleger presidentes a cada quatro anos e com apenas uma reeleição. Além disso exige transparência sobre dados econômicos, financeiros, de contratos e patrocínio, além de quaisquer aspecto da gestão.
A transparência
O remodelado site da federação trás notícias da Vuelta, do Giro, da Seleção Brasileira, mas do ciclismo paulista… Para falar verdade, sequer há no site menção ao atual presidente o Sr. George Breves. Também não há um histórico dos nomes dos presidentes que ocuparam o cargo, nem de atletas paulistas e suas conquistas, nem das provas atuais ou do passado. Não há regulamento, não há relatórios de transparência, não há informação sobre quem organiza e como é organizado o ciclismo paulista.
Como exemplo, convido o leitor a ver a como a federação carioca Fecierj deixa todos os principais documentos ao alcance do público, além de manter uma galeria com informações de seus diretores. É bem verdade que no ano passado a entidade publicou um extenso calendário, que por motivo de ordem sanitária veio a ser cancelado. Havia também a relação de atletas filiados, mas tanto o calendário como os filiados “evaporaram” do site.
Encerro com mais uma citação do clássico Harry Potter:
“O tempo é curto e, a não ser que os poucos de nós que conhecem a verdade se mantenham unidos, não haverá esperança para ninguém.“ Alvo Dumbledore após o retorno de Lord Voldemort.
Parabéns pelo arrigo
Obrigado!
Obrigado por ser uma voz no ciclismo, tento há algum tempo ver as normas para promoção de prova, e se eu não falar/envover os “eleitos” não recebo a informação. 🙁
Obrigado pela força, espero que consiga as informações.
Ótimo artigo. Fui ciclista federado na década de 70 e além da ausência de informações atuais evidentemente importantíssimas, vejo como um total descaso com a história, também o fato de não haver nenhum histórico ou registro sobre os atletas, competições e equipes do passado, isso leva inevitavelmente a uma perda de identidade. Lembro-me que quando jovem, eu e outros, adorávamos conversar e ouvir histórias dos ciclistas mais velhos, muitos até europeus aqui radicados, isso era uma grande escola para nós. Futuramente percebi que essa “transferência de experiências” era de uma forma, a grande responsável por manter viva a paixão pelo esporte que perdura até hoje. Mesmo com toda a tecnologia da informação hoje disponível e com o número de interessados nesse esporte aumentando, a identidade continua sendo perdida, muito triste!