Eu não existo longe de você! Chris Froome sem a Ineos, como ficará?

Luiz Papillon

O boato virou realidade, Chris Froome estará na Israel StartUp Nation em 2021, mas o que isso muda na Ineos e no Tour de France 2020?

O histórico de Froome e a Ineos

A equipe Ineos, a mais forte do ciclismo em grandes voltas venceu sete das ultimas 10 edições do Tour de France (9 delas sob o nome de Sky). É um número além de impressionante, resultado de uma política na escalação e muita dedicação de seus ciclistas. O diferencial dessa equipe sempre foi term um plano de prova muito definido, tudo é e sempre será para ter e manter a liderança com foco no objetivo final, vencer o Tour de France.

Chris Froome vence Etapa 18 do Giro d’Italia 2018 | Foto Divulgação RCS

Para entender a liderança da equipe precisamos voltar duas temporadas. Em 2018, Chris Froome havia ganhado o Giro d’Italia de modo incrível e de tabela foi inocentado no caso do salbutamol. A suspeita de envolvimento em doping levou a organização do Tour de France a fazer um anúncio de veto ao ciclista. Contudo Froome largou para o Tour e nas duas primeiras etapas por questões de corte no pelote, ficou 50 segundos atrás de seu companheiro de equipe Geraint Thomas. A sequência do Tour e a liderança apertada levaram a equipe a ter que definir nas montanhas por Thomas e o galês levou ao final seu título com um minuto de vantagem sobre Froome.

Froome voltaria a competir no Critérium du Dauphiné 2019, porém durante o reconhecimento da etapa de contra relógio individual, o tetracampeão do Tour sofreu um terrível acidente, acabando com as chances de disputa do penta naquela temporada. Sem Froome foi a vez de Egan Bernal ser o plano A da equipe e assim conquistar o primeiro Tour de France para a América Latina.

Equipe Ineos no Tour de France 2020

Quando falamos do Tour de France, cada equipe entra com múltiplos objetivos. Algumas entram para buscar uma vitória isolada em etapa, outras como a Lotto ou a Deceuninck buscam vitórias em etapas planas. E a Ineos luta pela vitória na classificação geral, nada mais importa para a equipe, se der para ganhar uma etapa ou outra, ótimo. Mas se a Ineos precisar ficar em quarto nas 21 etapas para vencer o Tour, ela o fará. Assim todo ciclista na Ineos sabe seu papel muito antes do Tour de France começar. Para 2020 a equipe pré-selecionou 10 nomes para 8 vagas na largada:

  • Egan Bernal  – Capitão
  • Chris Froome – Capitão B
  • Geraint Thomas – Gregário Montanha / CRI
  • Luke Rowe – Gregário Montanha
  • Michal Kwiatkowski – Gregário Montanha
  • Jonathan Castroviejo – Especialista Contra Relógio
  • Andrey Amador – Gregário Montanha
  • Pavel Sivakov – Gregário Montanha
  • Dylan Van Baarle – Rolador
  • Tao Geoghegan Hart – Rolador
Egan Bernal – Vencedor do Tour de France 2019 | Foto: A.S.O.

Não tenho dúvidas que Egan Bernal é o líder e capitão da equipe, a dominância do jovem colombiano é latente em relação a todo ciclismo quando se trata de alta montanha. Froome e Thomas são o plano B e C da equipe e só disputarão a classificação geral caso algo aconteça com Bernal. Esse “algo” pode ser desde uma queda, passar mal, ou mesmo ficar num corte de tempo como Froome em 2018.

Em suma, a Ineos vai com tudo por Egan Bernal. Manterão no que possível Thomas e Froome dentro dos dez primeiros colocados para uma emergência.

Equipe Ineos 2021

Olhando para o futuro, a Ineos tem 18 ciclistas sob contrato para 2021, entre eles três vencedores de grandes voltas: Egan Bernal, Geraint Thomas e Richard Carapaz. Além do trio, o “menino maluquinho” Rohan Dennis, especialista em contra relógio, pode ser trabalhado para disputar grandes voltas. Entre os rumores, dá se conta da possível contratação de Bob Jungels. O luxemburguês de 27 anos foi duas vezes o melhor jovem no Giro d’Italia e 11º colocado no Tour de France 2018, tudo por uma equipe que sempre visou vitórias em etapas.

Dave Brailsford – Foto Twitter Team Sky

Nesse contexto, a Ineos segue como a mais forte equipe do pelote WorldTour. Na atual circunstância, é pior para a Ineos ficar sem Kwiatkowski (que ainda negocia sua renovação) do que propriamente Froome.

Chris Froome na Israel StartUp Nation

Aqui não há dúvidas, vai ser muito, mas muito difícil para a equipe israelense montar um time para colocar Froome no pódio de uma grande volta. Talvez para o Giro 2021, mas dificilmente para o Tour de France. Não falo apenas pelo elenco, que o dinheiro pode elevar, mas falo da organização em si. Os diretores esportivos, técnicos, toda a estrutura da equipe israelense é de um patamar intermediário. Assim apesar das expectativas, Froome servirá mais como um garoto propaganda que propriamente como um favorito ao Tour de France, em patamar inferior ao que foi Alberto Contador para a Trek.

Sylvan Adams – Dono da Israel Start Up Nation | Foto Divulgação

Isso pode ser diferente? Claro, afinal estou olhando para a situação atual e muita coisa pode mudar. A equipe israelense pode se reforçar técnica e taticamente para 2021 e conseguir uma sinergia grande em torno de Froome, só é pouco provável. Contudo Froome mostra-se obstinado pelo quinto título, vai lutar e muito por isso e ter uma equipe dedicada pode ao menos fazer de suas últimas temporadas uma bela despedida.

Segundo fontes ligadas a Froome, o salário na nova equipe gira em torno de 5 milhões de euros por temporada, mesmo patamar dos últimos três anos na Ineos.

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