Froome inicia a temporada de boatos do pelote!

Chris Froome fora da Ineos e no meio da temporada? Como diabos? Bom o contrato do britânico termina no fim de 2020 e na sua equipe Ineos, outros dois campeões do Tour tem contrato para 2021: Geraint Thomas e Egan Bernal. É bem verdade que Froome sozinho tem mais títulos que ambos somados, mas a especulação pode ter fundamento.

Egan Bernal, estopim do boato

Froome sofreu uma queda no Tour 2018, motivando a equipe a trabalhar por Geraint Thomas que venceu o Tour naquele ano, novamente em 2019 Froome sofreu a mais terrível queda de sua carreira faltando menos de um mês para Tour. A equipe Ineos disputou a prova com Egan Bernal e Geraint Thomas e o colombiano foi o vencedor. No inicio deste ano, antes da pandemia do coronavirus ser declarada, Froome abandonou o treinamento em altitude com os demais escaladores por estar fora de ritmo e seguiu recuperando-se em Monaco.

Toda essa situação leva a discussão para a capacidade de Froome liderar uma equipe como a Ineos no Tour de France. A pandemia acabou dando mais tempo para Froome se preparar, mas qual é o real patamar de Froome? Sem ter essa resposta, só podemos especular, e o Cyclingnews baseou sua matéria em uma declaração de Egan Bernal:

“Pode ser interessante que Froome ganhe seu quinto Tour ou que Thomas volte a vencer. Ambos são britânicos como a equipe Ineos. Quanto a mim, sei que sou jovem e já ganhei um Tour e não vou desperdiçar a oportunidade de ganhar outro Tour de France. Se estivermos 100% ninguém irá se sacrificar. Teremos que esperar para saber como chegaremos ao Tour e a própria corrida decidirá o que vai acontecer.” Egan Bernal, vencedor do Tour de France 2019

Radio Paddock e Froome

As vezes não dizer nada é suficiente para iniciar uma rede de boatos. Muitas vezes os boatos são plantados por assessorias, empresários e mesmo equipes. Tento aqui fazer análise do boato divulgado ontem pela britânica Cyclingnews. Chris Froome hoje é o maior ciclista em títulos de grandes voltas em atividade. Possui 4 títulos no Tour de rance, 1 Giro d’Italia e 2 Vueltas (uma delas herdade recentemente de Juan José Cobo, desclassificado por doping 8 anos após a prova).

Ocorre que Froome terá 36 anos quando iniciar o Tour de France 2021. O componente da idade passa a pesar, relembro que na era moderna o mais velho vencedor do Tour foi Cadel Evans em 2010 aos 34 anos, e na história do Tour Firmin Lambot quase um século atrás aos 36. Agora o leitor pode pensar como diretor de equipe, apostar em um grande ídolo em baixa e com dúvida de performance ou em um jovem e espetacular vencedor?

Esse boato todo serve de base para o duelo de bastidores na própria equipe Ineos pelo status de “plano A”. Froome foi plano “A” da equipe desde 2013, ocorre que esse plano falhou nos dois últimos anos.

E bastou o silêncio de Froome sobre suas opções que o boato tomou forma e peso. E assim vamos ver quais as opções para Froome no futuro. É difícil imaginar Froome em outra equipe que não a Ineos, mas é latente que seu período está chegando ao final. Se Tom Brady deixou os Patriots para ter dois anos com salário alto nos Buccaneers, acredito que Froome deva seguir pelo mesmo caminho e deixar a equipe Ineos ao fim da temporada.

Israel Start-up Nation

A mais jovem equipe World Tour conta com um bilionário investidor do setor imobiliário como financiador. Seu principal ciclista para grandes voltas é o irlandês Dan Martin, sobrinho de Stephen Roche. Martin não teve grande brilho desde que deixou a Quickstep em 2017. Contudo, embora tenha condições de montar uma equipe no entorno de Froome, não acredito que daria condições de vitória para o britânico. E se há algo que Froome não parecer querer, é ser apenas um participante.

NTT Pro

Natural do Quênia, Froome foi envolvido em rumores de encerrar sua carreira pela equipe sul africana Dimension Data, que era até o ano passado o nome da NTT Pro. Embora mais estruturada, acredito que Froome evitaria especialmente competir sob a tutela de Bjarne Riis. Riis, vencedor do Tour de France em 96, foi conhecido por Mr. 60% (em função do nível completamente artificial de hematócritos em seu sangue).

Após encerrar a carreira Riis admitiu ter se dopado mas seguiu como diretor de equipe, sempre com envolvimento em casos de doping. Afastado do WorldTour desde sua demissão da Tinkoff em 2015, Riis retornou agora em 2020 para a NTT. Froome que precisou de muito contorcionismo e alguns milhões em advogados para se livrar da suspeita de doping em 2017. Assim acho pouco provável essa hipótese.

Movistar

A lacuna de “poder” deixada na Movistar após a debandada ao final de 2019 motivou esse boato. Acho baixíssimas as chances de Froome aportar na equipe espanhola. Não há razões comerciais, técnicas ou de estratégia para tal. Mas em termos de fazer escolhas inusitadas, a equipe Movistar é sem dúvidas muito competente.

Bahrain McLaren

Quando li sobre o boato, o nome forte na minha mente foi a equipe Bahrain McLaren por muitos motivos. Primeiro o xeique baremita dono da equipe é também dono da equipe de Formula 1, McLaren. No comando da equipe de ciclismo está Rod Ellingworth, técnico de performance da seleção britânica e da equipe Sky até ano passado. Quando Ellingworth anunciou sua saída da Ineos, Froome declarou:

“Rod estava aqui desde o princípio para mim, mesmo antes do tempo da Sky. É um duro golpe perder Rod Ellingworth no futuro da equipe Ineos”

Wout Poels e Chris Froome | Arquivo pessoal

Ellingworth não saiu sozinho da equipe, levou consigo o holandês Wout Poels, um dos melhores amigos e gregários de Froome. No final de outubro Poels foi pedalar com Froome na primeira saída a rua do britânico após o acidente no Criterium du Dauphiné.

A equipe Bahrain tem hoje duas grandes estrelas para grandes voltas, o jovem esloveno Matej Mohoric e o experiente basco Mikel Landa. A chegada de um grande Ás como Froome sem dúvida deixaria o time mais completo. É minha aposta.

Froome sair no meio da temporada? Pode? Pode sim!

Ainda há hipótese mais remota de Froome deixar a Ineos já em agosto. Ocorre que os contratos podem ser assinados a partir de 01/08 sem multa, porém com o ciclista mudando de equipe ao final do ano.

Para mudar “no meio” precisaria haver um acordo entre a equipe atual e o ciclista o liberando. Nesse caso, a Ineos deixaria de pagar parte dos salários de 5 milhões de euros anuais. Porém para topar essa, a equipe iria de tabela reforçar outra equipe.

Nesse caso a liberação antecipada só seria possível para equipes que não disputem diretamente a liderança do tour. Nesse caso NTT, Sunweb e Israel teriam maiores chances.

O jornalista Leandro Bittar que produz o podcast Clássicomano contempla essa hipótese:

Mas qual seria a vantagem de Froome trocar de equipe no meio da temporada sem chances de lutar pelo título ou com elas reduzidas?

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