Gravelmania! Onda de bicicletas Gravel vem dos EUA!

Uma bicicleta de estrada que ande na terra, parece simples? Gravel é a nova onda do ciclismo dos EUA e tem tudo para conquistar o brasileiro.

Aqui no Brasil o mercado está se desenvolvendo com produtos bastante direcionados para a prática, mas antes de falar das bicicletas e marcas disponíveis quero falar primeiramente da modalidade. Em 2017 comentei após testar a Specialized Diverge: “Gravel Bike, você vai querer uma!” e para 2020 você vai ouvir cada vez mais o termo gravel!

https://www.pelote.com.br/gravel-bike-voce-vai-querer-uma/

Muitos usuários de bicicletas fora de estrada as MTB, usam as bicicletas em estradões de terra, por outro lado a pegada da bicicleta de estrada a “speed” permite uma posição mais confortável e aerodinâmica para muitas horas sobre a bicicleta. E é exatamente a mistura desses dois muntos que temos as Gravel.  Ai entra um ingrediente que nosso subdesenvolvimento enquanto nação ajuda, 86% das estradas brasileiras não são asfaltadas. Como essas estradas possuem menos transito e este com menor velocidade, acabamos tendo um terreno menos agressivo que as estradas vicinais onde veículos excedem a velocidade constantemente e impunemente matando ciclistas.

Gravel a herança do Cyclocross

Com origem no começo do século passado as disputas de cyclocross (aqui no pelote vou utilizar o termo original ao invés do ciclocrosse), onde cruzar fazendas durante o frio, molhado e lamacento outono europeu permitia aos ciclistas manterem-se ativos durante o outono e inverno. Assim como no MTB a competição evoluiu para uma disputa em circuito onde a disputa geralmente tem uma hora de duração (assim como no cross country olímpico o XCO).  E a diferença do gravel para o cyclocross começa ai, enquanto o cyclocross tem o perfil de uma prova curta e intensa, o gravel mistura a resistência a longa distância com estradas sem pavimento.

Uma bicicleta sem preconceitos, uma modalidade com muito apelo

E ai começa a diversão, uma bicicleta que não é uma MTB e não é uma estradeira, ela tem guidão drop para permitir troca de posição das mãos e pneus que suportem lama sem escorregar. Quando se fala em gravel a primeira coisa que você ouve é o termo “clearence” que nada mais é que o espaço para colocar o pneu na bicicleta. Quanto maior o clearence mais MTB o pneu que a bicicleta aceita. Pelo que vejo há muita procura por bicicletas que aceitem até pneu 47C. Nesse caso o terreno em que você pedala deve mandar mais na escolha, se utiliza a bicicleta em um terreno muito urbano um pneu 28C até 32C pode ser suficiente. Porém para trechos com muito cascalho, um pneu 38C pode ser necessário.

Outro item quase obrigatório nas gravel é a possibilidade de anexar um bagageiro, com isso um leque de opções para ciclo-viagens se abrem ao ciclista. Assim se pudesse definir o que é uma bicicleta gravel, eu diria que é liberdade. É a liberdade de andar em quase qualquer terreno. Neste ano também tivemos o lançamento do grupo Shimano GRX, dedicado a Gravel. Não será raro vermos bicicletas gravel com pedivelas de uma velocidade. Por não ser dedicada a grandes subidas a bicicleta gravel pode se beneficiar tanto no custo de montagem como na utilização dos grupos 1X.

Geometria Gravel, sutis e importantes diferenças

Na geometria da bicicleta em si, existem algumas diferenças sutis em relação a maioria das bicicletas de estrada. Vamos notar que bicicletas de endurance tem geometria mais semelhante as gravel. Por isso alguns modelos básicos que visam o iniciante na estrada, acabam se assemelhando as gravel. O objetivo da bicicleta gravel é oferecer controle em certa velocidade sobre um piso escorregadio e ao mesmo tempo comportar pneus maiores.

  • Guidão mais largo e as vezes aberto, para permitir maior controle ao escorregar.
  • Mesa mais longa e mais baixa, também a favor do controle em baixa velocidade. Aqui há um importante ponto, noto que tanto o ciclista como as bicicletarias tendem a colocar uma torre de espaçadores para “tornar mais confortável” a bicicleta. Não há nada mais equivocado! Com uma mesa mais curta e alta do que sua altura e flexibilidade suportam você perde dirigibilidade, aerodinâmica e ainda vai ficar com dores nas costas. Faça um bike fit com um profissional habilitado!
  • Movimento central mais alto, para permitir passagem em poças e lamaçais sem atolar o pedal. Mas note um central muito alto diminui a dirigibilidade em alta velocidade. Ganha de um lado perde de outro.
  • Chainstay mais longo, oferece maior conforto e dirigibilidade porém perde aceleração.
  • Trail (avanço do garfo em relação ao tubo de direção), quanto maior mais lenta a reposta em mudanças de direção e quanto menor mais rápida essa resposta.

Este artigo não vai entrar nas minuciosidades de cada item, talvez num momento mais técnico fale sobre isso. Até havia colocado números no texto mas suprimi para um entendimento mais genérico.

Marcas e modelos Gravel

Atualmente o mercado brasileiro recebeu uma verdadeira injeção gravel. Seja por meio de importadores como a Specialized e sua versátil Diverge, seja através de fabricantes brasileiros como a Showbikes que oferece a bicicleta Show inteira a partir de R$3.799 em seu site. Confira na galeria de slides abaixo alguns modelos disponíveis:

Dos modelos que selecionei apenas a Audax Flanders não é oficialmente uma bicicleta Gravel, ela é uma cyclocross. Com um bom clearence e quadro em fibra de carbono ela possui o melhor grupo entre as selecionadas.

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