Polêmica envolve participação de Flavia Oliveira no Campeonato Brasileiro

Atual campeã brasileira de ciclismo, a carioca Flavia Oliveira enfrenta drama, uma semana antes do campeonato brasileiro de ciclismo. Parece surreal, mas em tempos de farta informação online, um erro de comunicação levou o TJDAD a punir levemente a ciclista. O resultado desagradou a concorrência que vê a possibilidade do bicampeonato da melhor ciclista do país. E com todo direito reclamou.

Flavia testou positivo em 28 de junho para substância higenamina, o teste ocorreu durante o campeonato brasileiro de 2018 da qual Flavia sagrou-se campeã. Após a divulgação da suspensão provisória, Flavia defendeu-se e foi julgada no Tribunal de Justiça Desportiva. Condenada a suspensão pelo tempo de 6 meses, a ciclista estará livre para competir a partir do último dia 12 de junho. A consequência seria a participação de Flavia no campeonato brasileiro de 2019. Até ai tudo bem.

Reincidência foi ignorada por Tribunal

Porém em matéria publicada pelo Olhar Olímpico, o jornalista Demétrio Vecchioli demonstrou que o Tribunal de justiça Desportiva Antidopagem (TJDAD) desconhecia o fato da ciclista já ter sido suspensa por motivo semelhante em 2009. Obviamente o advogado da defesa de Flavia não citou o fato ao tribunal e os procuradores não foram informados pela ABCD (Associação Brasileira de Controle de Dopagem), assim resultando em uma pena leve.

Isso irritou a concorrência, leia-se (segundo apurei) o Clã Fernandes de ciclismo (onde 3 das 4 primas já foram suspensas por doping e a quarta demitida da equipe por fugir do exame anti-doping saltando a janela do hotel). A reclamação feita nos bastidores levou os órgãos a comunicarem-se. E agora a ABCD busca meios de alterar a sanção. Porém não será tão simples, nesse caso há a necessidade de um recurso que deve ser feito pela UCI (União Ciclística Internacional), WADA (Agência mundial anti-doping), muito provavelmente ao CAS (Corte arbitral do esporte) em Lausanne na Suíça.

Eventual Recurso não deve impedir a luta pelo bicampeonato.

Em todo caso qualquer revisão do caso depende do processo no CAS, habitualmente os promotores da WADA pedem a pena máxima e há amplo direito a defesa. Porém ao contrário de um ciclista condenado que recorre e não pode competir enquanto aguarda o julgamento, nesse caso específico Flavia esta livre para competir. Assim toda reclamação não impedirá a participação da ciclista no campeonato brasileiro que acontece no próximo final de semana em Paulínia/SP.

Caso de 2009 está prescrito

O escritório  Franklin Advogados, que fez a defesa da ciclista perante o TJAD, divulgou nota para imprensa pontuando os fatos. Em acordo com Marcelo Martins, o caso de 2009 esta prescrito e por isso não aparece nas listagens da UCI. Martins cita o artigo do código da WADA onde esta descrita a prescrição:

“Artigo 17: Prescrição. Nenhuma ação poderá ser iniciada contra um Atleta ou outra pessoa por uma violação da regra contida no Código, a menos que tal ação seja iniciada dentro de (8) anos a partir da data em que a violação tiver ocorrido.

Artigo 10.7.5: Violações múltiplas da regra antidopagem durante um período de oito anos.

Para os fins do Artigo 10.7, cada violação da regra antidopagem deve ocorrer dentro do mesmo período de oito anos, a fim de ser considerada uma violação múltipla”

Como o intervalo entre os casos é superior a oito anos, o procedimento adotado pelo tribunal esta correta. Martins alfineta ainda o clã Fernandes, relembrando mágoas que não ficaram no passado:

“É lamentável tentativa de vingança por parte algumas atletas anteriormente denunciadas pela Flávia Paparella por doping sistemático no Brasil, mediante o uso de substâncias sérias como anabolizantes e EPO.”

Opinião, bagunça no Tribunal deveria ser evitada

Toda celeuma envolvendo o fato teria sido evitada caso os envolvidos tivessem efetivamente feito o dever de casa. Isto é, o trabalho dos promotores da ABCD era apresentar de antemão ao tribunal o fato relevante, ainda que prescrito. Até para a decisão ser pautada com a devida notabilidade. É um caso onde todos perdem, afinal a credibilidade do Tribunal foi colocada em cheque, da atleta e rusgas do passado revividas com o clã Fernandes. Perde sobretudo o ciclismo brasileiro por ter sua atual campeã nacional dragada novamente em uma situação pela qual atleta nenhum queira passar.

Ressalto que ambas substâncias que Flavia testou positivo são extremamente simples a ponto de por vezes não estarem sequer no rótulo de suplementos. É uma situação muito diferente de substâncias banidas. Ainda que no meu entendimento os tribunais punam exemplarmente atletas e nem façam cócegas nos dirigentes mesmo que reincidentes contumazes.

2 thoughts on “Polêmica envolve participação de Flavia Oliveira no Campeonato Brasileiro

  1. Sim, muito bem dito. O Clã Fernandes está errado novamente. Esta não é uma história que não seja os maus rumores iniciados por Fernandes e Demetrio Vecchioli. Flavia é uma ótima atleta para o Brasil. Estou muito feliz por ela estar competindo na corrida neste final de semana.

    1. Acho que o clã tem todo direito de reclamar. Afinal levaram suspensões ao rigor da lei, mas também fico feliz com o aparente desenlace. O Demétrio fez o trabalho dele, conversei com ele e segundo o próprio o advogado Franklin Martins não quis dar esclarecimentos antes da matéria. Ai veio a repercussão e só então a nota. Talvez tudo pudesse ter sido evitado com a boa comunicação.

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