Zebras Adoráveis nas Clássicas!

Luiz Papillon

Após o brilhante texto de Estela Farah para o dia internacional das mulheres, hoje o pelote trás um convidado que manja muito de ciclismo, Rafael Zimmermann, colunista do Camisa Amarela fala um pouco das Zebras nas provas clássicas de ciclismo!

Junto ao começo da primavera europeia, começa a temporada das provas clássicas do ciclismo, provas esperadas por muitos fanáticos pela modalidade. As duas provas que abrem a temporada das clássicas são a “Neo Clássica” Strade Bianche, seguida das “semi clássicas” belgas Omloop Het Niewsblad e a Kurme-Bruxelas-Kurme. Passando pelas clássicas monumentos, entre elas a Milão-São Remo (que esse ano foi incrível e brilhantemente vencida por Julian Alaphillipe) e a tradicional Paris-Roubaix  e com o encerramento da temporada de clássicas no tradicional Giro da Lombardia, realizado no final do Outono Europeu, em Outubro.

Devido ao tipo de prova, de um dia, muitas vezes com condições climáticas adversas, trechos de paralelepípedos, terra, por vezes lama, as clássicas são provas muito abertas, trazendo grandes oportunidades para ciclistas menos conhecidos de serem a “zebra”. Muitos desses ciclistas tem nessas vitórias em clássicas a única vitória em provas de primeira linha em toda a carreira. O texto de hoje é sobre as “zebras” acontecidas nas clássicas ao longo dos anos, deixo claro que apesar de “zebras”, nenhum ciclista que vence uma clássica treina ou se esforça menos do que um grande campeão, apenas as vezes não tem o mesmo talento ou não tem a mesma técnica dos grandes. Nesse texto apresento algumas das maiores zebras da história das clássicas.

Strade Bianche 2013 – Moreno Moser

A primeira grande “zebra” vem da Itália, com vitória Italiana na “Neo Clássica” Italiana. Em 2013, a Liquigás chegou a Strade Bianche com um Jovem Peter Sagan, em grande forma. Já vencedor do prêmio de melhor velocista do Tour de France em 2012, Sagan poucas semanas depois venceria sua sua primeira Gent Welvegen. Porém quem roubou a cena foi um gregário, Moreno Moser saiu em busca da fuga, faltando 17 km para o final da prova. Após alcançar a mesma, partiu para a vitória solo com uma ataque fulminante na ultima subida da prova (a mesma que ficou marcada pela queda de Wout Van Aert na edição de 2018). Até hoje a única vitória em clássicas de primeiro escalão do Italiano, Sagan foi segundo colocado.

Milão Sanremo 1927 – Pietro Chiesi

Outra grande “Zebra” Italiana, foi Pietro Chiesi, que na Milão-Sanremo de 1927, simplesmente dispensou o grande Alfredo Binda. Com um ataque faltando 50 km para a chegada, no Passo Del Turchino, Chiesi chegou 9 minutos a frente de Binda, para o que foi a única vitória da sua carreira. Pietro Chiesi teve um destino ainda mais triste. Durante a segunda guerra mundial juntou-se ao governo italiano RSI (República Social Italiana) no território não ocupado pelos aliados. Perseguido e capturado Chiesi foi fuzilado em um tribunal popular. Sua história é contada no livro “O ciclista na camisa negra, o homem que bateu Binda e morreu fuzilado”.

 

Gent-Welvegem, Barry Hoban venceu Merkx

Já em terras belgas, a “Zebra” foi Britânica. Em 1974 Barry Hoban após passar perto algumas vezes, conseguiu a sua única vitória em Clássicas na Gent-Welvegem.Hoban bateu no sprint nomes como Eddy Merckx, que era o favorito, Roger de Vlaeminck, esse curiosamente nunca venceu a Gent Welvegem, e Freddy Maertens, que anos depois conquistaria o Bi-Campeonato da clássica dos Pavés. Barry Hoban foi o único britânico a vencer duas etapas do Tour de France no mesmo ano até Mark Cavendish vencer duas etapas no Tour de 2008. Na época questionado Hoban soube avaliar:

“Ele é um ciclista fenomenal, um sprinter puro que é hoje claramente o melhor do mundo! Recordes são feitos para ser quebrados”

Bom o resto você já sabe, Mark Cavendish tornou-se o segundo maior vencedor de etapas do Tour de France atrás apenas de Eddy Merckx com 30 vitórias.

Ainda na região dos flandres, talvez a prova com a maior quantidade de “Zebras” na história é a Paris-Roubaix, porém essa merece um texto a parte, que em breve sairá na coluna do Zimmermann no Camisa Amarela. Fique de olho!

Amstel Gold Race, Enrico Gasparotto bateu Peter Sagan, Oscar Freire e Philippe Gilbert

E por ultimo uma “Zebra em dobro” nas terras Holandesas. O Italiano Enrico Gasparotto bateu os favoritos Peter Sagan, Oscar Freire e Phillipe Gilbert, para aos 30 anos conquistar a sua primeira vitória em uma clássica. Um sprint muito disputado, em uma prova cheia de ataques inclusive um de Freire, que chegou a ter quase 20 segundos de vantagem faltando 4 km contra-ataques, condições climáticas adversas na Amstel Gold Race 2012.

Sua segunda vitória na Amstel Gold Race também podemos considerar uma “Zebra”. Gasparotto era um ciclista de 34 anos e correndo por uma equipe Continental. Sua vitória começou com um belo ataque no alto da ultima passagem pelo Cauberg, uma subida curta, porém bem íngreme (800 metros a 6,5% de média com 12,8% de inclinação máxima). Na passagem anterior Bob Jungels havia tentado um ataque sem sucesso. Junto ao ataque de Gasparotto, o Dinamarquês Michael Valgren, contra atacou, porém foi batido no sprint pelo veterano Italiano, que conquistou a segunda vitória na Clássica. Estas que foram as duas vitórias em Clássicas na sua carreira, além delas, a outra vitória em corridas de primeiro escalão UCI foi o prólogo do Giro d’ Itália em 2007, apesar de vários pódios em provas grandes como a Liegé-Bastone-Liegé em 2012.

Essas são algumas das muitas “Zebras” da história do ciclismo e das Clássicas, se fosse escrever sobre todas da história, daria um livro de tantas grandes histórias proporcionadas por esse grande esporte.

Rafael Zimmermann é colunista do Blog Camisa Amarela maluco por esportes, apaixonado por Ciclismo, Mountain Bike, por bicicletas e tênis.

Dúvidas, sugestões ou elogios, sintam-se a vontade em escrever para rzroadmtb@gmail.com

Aviso legal: Esse texto é de total propriedade do autor, sendo os conteúdos de texto dessa coluna de total responsabilidade do mesmo, que não se responsabiliza por outros conteúdos do site hospedeiro, ficando vedada a reprodução parcial ou total do mesmo sem consentimento prévio.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Next Post

Superman Lopez vence na Catalunha!

Chegada ao alto com fuga, ataque e pancadaria. Assim é o resumo da etapa 4 da Volta a Catalunha. Miguel Angel Lopez o Superman da Astana chegou a sua terceira vitória na temporada confirmando a ótima fase. A equipe Astana chegou a 20ª vitória na temporada, sendo 5ª no nível […]

Receba as novidades em seu e-mail