A equipe de maior sucesso na década terá de encontrar novo patrocinador para seguir com seu projeto ambicioso. Menos de um dia após o anúncio oficial já temos diversas especulações informações sobre os motivos da Sky deixar o ciclismo. Ao que tudo indica o corte do patrocínio da equipe de ciclismo é decorrente da aquisição da operadora Sky pela Comcast um conglomerado multinacional que detém diversas redes de mídia, filmes e TV entre elas a norte-americana CBS, o estúdio Universal o time de basebal New York Mets num conglomerado valorado em 147 bilhões de dólares. Assim mesmo com ciclistas contratados por até cinco temporadas como é o caso do colombiano Egan Bernal, a equipe terá de conseguir um patrocínio muito bom para seguir viva em 2020. Ainda que tudo dê errado e a equipe deixe de existir ou diminua muito em tamanho e representatividade uma coisa é certa, a equipe SKY mudou o ciclismo tornando-o muito mais técnico e profissional.
O ciclismo teve fases com equipes fantásticas marcando gerações, foi assim com a Moltene de Merckx nos anos 70, a Renault de Hinault nos anos 80 e finalmente com USPS nos anos 2000. Todas tiveram sua importância e relevância para o ciclismo mudando de certa forma o jeito de competir. A equipe Motorola nos anos 90 introduziu o rádio de comunicação de duas vias, até aquele momento o ciclista apenas ouvia informações e ordens mas não tinha a possibilidade de retornar para equipe sua posição, condição ou problema, a partir de 2002 o rádio de comunicação de duas vias passou a ser padrão do pelote. A equipe Sky terá sempre uma frase como emblema, frase essa dita no auge dos jogos olímpicos de 2012 em Londres:
Origem e Formação da Equipe Sky
“Todo princípio vem da ideia de que se você repensar tudo o que já sabia sobre andar de bicicleta e então melhorar em 1% você conseguiria um aumento significativo ao colocar tudo junto”
A celebre frase foi dita durante os jogos olímpicos de 2012 e tornou-se padrão para a seleção de ciclismo britânica e para a equipe Sky. E sem dúvidas é um dos principais legados da equipe, que passou a buscar melhorias em todos equipamentos e componentes do ciclismo porém o grande fator foi transformar os ganhos marginais não só num processo técnico mas em uma filosofia. Assim a grande estrela o ciclista passou também por esses ganhos marginais. Esse processo eficiente começou na própria seleção do talento, não bastava ao ciclista ser um vencedor nas categorias de base e sim ter a mentalidade vencedora. Do grupo de 35 ciclistas que compõem o elenco da SKY para 2019 quatro deles são membros originais da equipe em 2010: Chris Froome, Geraint Thomas, Ian Stannard e Ben Swift. Com o orçamento da SKY era possível fazer um time dos sonhos mas a equipe investiu pesado primeiro em desenvolvimento.
“Ganhos marginais são mais que um processo, é uma mentalidade”
Quão profundos podem ser os ganhos marginais? A equipe Sky elevou essa questão para um patamar além do plano de corrida, chegaram a pesquisar por um travesseiro que garantisse aos atleta o melhor sono, uma especialista ensinou aos ciclistas como lavar as mãos de modo a ter a pele menos esfoliada. Assim desde o tipo do grão do café expresso tomado pelos ciclistas até o molde do capacete foram testados, avaliados e melhorados. Todo processo fisiológico foi estudado e aperfeiçoado para obter o melhor resultado. Toda essa inspiração adveio da utilização de métodos de pequenos ganhos já utilizados em outros esportes como a Formula 1. Essa mentalidade permitiu ensinar em uma linguagem simples o caminho do sucesso onde pequenos mas significantes melhorias passaram a fazer diferença.
Não sei como será a temporada 2020 da SKY mas uma coisa posso afirmar, em 2019 a SKY jogará mais pesado do que nunca para vencer tudo e a todos. E sabe o melhor? Isso deixa um pouco de lado os escândalos envolvendo o pacote de Wiggins no Tour de 2012 e até o caso do Salbutamol de Froome na Vuelta de 2017, a SKY tem no ciclismo um lugar especial na galeria de vencedores.