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Primeira trans-gênero campeã mundial pela UCI abre discussão no ciclismo

O fato ocorreu no mundial de masters da UCI na cidade de Los Angeles nos Estados Unidos. A doutora em filosofia Rachel McKinnon é professora assistente na faculdade de Charleston no estado da Carolina do Sul. Ativista pelos direitos transgêneros ela possui um canal no youtube no qual defende a integração dos atletas transgêneros. Durante as quartas de final para a velocidade em 200m, Rachel ainda que por pouco tempo, bateu o recorde mundial para sua categoria. O recorde foi novamente batido dez minutos depois. Mas a consagração veio na final, onde levou a medalha de ouro. Assim Rachel ficou com o título da categoria 35 a 39 anos ao bater a holandesa Carolien Van Herrikhuyzen e a americana Jennifer Wagner.

Dra Rachel Mc Kinnon

A UCI segue determinação do COI e CAS

A testosterona é um hormônio natural anabolizante encontrado em homens e mulheres, porém com razão menor nas mulheres. O hormônio testosterona estimula o metabolismo fazendo com que o corpo utilize a gordura acumulada como forma de energia. Após uma polêmica envolvendo a atleta trans africana Caster Semenya, o comitê Olímpico Internacional (COI) juntamente com o CAS (Comitê de Arbitragem do Esporte) alterou o patamar considerado normal para atletas trans gêneros. Enquanto para mulheres o nível considerado normal é entre 0,5 e 3,0 nmol/l (nanomol por litro de plasma sanguíneo), para atletas trans competirem no gênero feminino basta ser abaixo de 10,0 nmol/l. O nível de testosterona considerado normal para homens é entre 12,0 e 35,0 nmol/l.

Direito a disputa esportiva, um direito humano ou um privilégio?

A polêmica envolvendo atletas transgêneros em competições esportivas recai, especialmente pelo fato desses atletas biologicamente masculinos terem durante a vida desenvolvido a capacidade anaeróbica e muscular como homens e somente após adultos terem optado pela transição de gênero. Aqui no Brasil ficou conhecido na grande mídia o caso da jogadora de vôlei feminino Tifanny Abreu.

Muitos dos demais competidores acreditam que é uma disputa injusta, pois a testosterona produzida pela mulher transgênera é muito maior que a produzida pela mulher cis (aquela que é biologicamente do sexo feminino).

“Focar na vantagem de performance é irrelevante pois isso é uma questão de direitos legais. Nós não deveríamos nos horrorizar sobre pessoas trans conquistarem os Jogos Olímpicos. Deveríamos nos preocupar sobre a justiça e os direitos humanos.” Rachel McKinnon

Para a medalhista olímpica Ana Paula Henkel é uma questão de fisiologia, que promove uma disputa injusta para a mulher cis.

“Muitas jogadoras não vão se pronunciar, com medo da injusta patrulha, mas a maioria não acha justo uma trans jogar com as mulheres. E não é! O corpo foi construído com testosterona durante toda a vida. Não é preconceito é fisiologia” Ana Paula Henkel

Assim a polêmica segue duas linhas, uma primeira que entende ser um direito competir com o gênero com que mais se identifica e outra, de que essa competição cria um privilégio que impede mulheres cis em ter uma disputa mais justa. Por enquanto a competição segue unida embora alguns defendam a criação de uma categoria específica.

A constituição física

A constituição do homem possui coração, pulmão e capacidade aeróbica distintas sendo a estrutura músculo-esquelética constituída com níveis de testosterona masculino. Essa vantagem não é equiparável ao desempenho de atletas biologicamente femininas. Assim embora concordemos e exaltemos a necessidade de inclusão de todos no esporte de alto desempenho, defendemos também o equilíbrio e para tal a necessidade é de categorias equivalentes.

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