24 anos da vitória da Caloi na Paris Roubaix

Neste domingo acontece a Paris-Roubaix, terceira monumento da temporada, e comemoramos também os 24 anos da vitória da Caloi na Paris Roubaix. Muitos conhecem a história da Caloi Motorola entre 1995 e 1996 mas a história da Caloi no ciclismo profissional começou dois anos antes pela Lotto que hoje chama-se Lotto Soudal. Sendo o legado da Caloi no ciclismo nacional muito maior, uma história com mais de 40 anos fomentando o ciclismo.

Caloi e o ciclismo brasileiro uma história de unha e carne

A história da Caloi se funde com o ciclismo brasileiro. Em 1955 Bruno Caloi assumiu o lugar de seu pai na direção da empresa e passou a fomentar o ciclismo de base paulista e brasileiro. Ao longo das décadas seguintes a equipe Caloi foi uma das mais fortes do continente criando campeões e inspirando ciclistas. As crises econômicas dos anos 80 e 90 afetaram a capacidade da empresa em manter-se no mercado e em 1999 o Sr. Bruno Caloi transferiu a empresa para Eduardo Musa que posteriormente consolidou a venda da marca e empresa para o conglomerado Dorel. Com a mudança de direção a marca deixou o ciclismo para focar no Mountain Bike.

Caloi Lotto

Durante o final dos anos 80 e anos 90 as maiores variações de bicicletas foram utilizadas no trajeto, destacamos aqui uma Caloi! Sim você sabia que a Caloi foi marca de equipe do circuito mundial de ciclismo profissional? A Caloi equipou em 1993 e 1994 a equipe Lotto e em 1995 a equipe Motorola.

A Lotto 1993 tinha entre seus pilotos o brasileiro Wanderley Magalhães Azevedo e utilizava o grafismo azul e branco na bicicleta:

Ao final de 1993 a equipe recebeu o apoio da Vetta e iniciou sua fase internacional com a contratação entre outros de Mauro Ribeiro também patrocinado pela Caloi, unico brasileiro a vencer uma etapa do Tour de France em 1991. Aqui uma foto de divulgação da Caloi Aluminium:

Wanderley Magalhães e Mauro Ribeiro apresentam a Caloi Aluminium em 1994

A diabólica Paris Roubaix 1994

A Paris-Roubaix de 1994 foi uma prova terrível, chuva e neve durante toda semana e a região de Aremberg estava toda sob lama. No dia da prova neve e chuva marcaram o início de prova a Lotto colocou Andrei Tchmil na fuga logo no começo de prova atacou e foi solo por 67km vencendo com 1’13” de vantagem sobre Fabio Baldato na prova que o L’Équipe classificou com o realmente infernal!

A bicicleta usada pela Caloi era uma Merckx MX Leader com a troca do garfo tradicional por uma suspensão Rock Shox Titanium SL, uma peça de apenas 1.150g isso 24 anos atrás!

Andrei Tchmill vence a Paris Roubaix com uma Caloi em 1994 | Foto Arquivo
Andrei Tchmill vence a Paris Roubaix com uma Caloi em 1994 | Foto Arquivo

 

 Além de colocar seu nome nos chuveiros de Roubaix, Tchmil é também conhecido por pela troca de nacionalidades. Tchmil, um ciclista clássico nasceu sob a bandeira da União Soviética, dissolvida em 1991, então mudou-se para Ucrânia onde tornou-se cidadão, cresceu e se dedicou ao ciclismo. Veio a profissionalização e mudou-se para Bélgica, alguns anos mais tarde se naturalizou belga. Após deixar o ciclismo profissional em 2002 foi ministro do esporte na Moldavia e diretor geral da Katusha onde ficou até 2011.

A equipe Lotto conquistou 15 vitórias na temporda de 1994 sendo a Paris-Roubaix a mais importante seguida da E3 Harelbeke, ambas com Andri Tchmil.

 

Motorola Caloi

A experiencia da Caloi no ciclismo profissional seguiu no ano seguinte passando o patrocínio para Motorola Cycling Team no ano de 1995, comercialmente a Caloi havia aproveitado o bom momento da economia brasileira para produzir bicicletas nos EUA em Orange Park na Florida, próximo a Jacksonville.

A Motorola que tinha o então jovem Lance Armstrong como grande promessa além de nomes como George Hincapie, Fabio Casartelli e Sean Yates. Naquela temporada a equipe venceu 12 provas entre elas a 9ª Etapa do Tour de France logo após a morte de Casartelli com Lance Armstrong. Até hoje a loja-bar do texano mantem a Caloi pendurada entre seus troféus.

Merckx Mx Leader
Caloi by Eddy Merckx pendurada no Mellow Johnny

Mantendo a mesma pintura e grafismo a bicicleta foi utilizada em 1996 com 13 vitórias da equipe, sendo 7 com Lance Armstrong incluindo a Flèche Wallonne, no final daquele ano Armstrong foi diagnosticado com câncer testicular se afastando do ciclismo até 1998, a equipe Motorola se encerrou e os remanescentes se transferiram em maioria para a US Postal mas ai é papo para outro texto.

4 thoughts on “24 anos da vitória da Caloi na Paris Roubaix

    1. Ola Francesco, é um marco importantíssimo do marketing. Assim como o “corolla” ou “civic” da Stock car são apenas adesivos. O marco é o fato da única vez na história da indústria nacional que uma marca brasileira esteve no mais alto nível do ciclismo mundial.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Next Post

E-bike, a experiência de pedalar a bicicleta elétrica

A experiência de pedalar uma bicicleta elétrica pode ser bastante diferente do habitual. Há um preconceito que presume a e-bike mais próxima a motocicleta do que a bicicleta.  Durante o workshop sobre e-bike em São Paulo, convidados falaram sobre o tema. A jornalista Silvia Ballan, bike repórter do Insituto CicloBR, […]

Receba as novidades em seu e-mail