Ruas hostis

Luiz Papillon

Pedalar em uma grande metrópole deveria ser apenas o ato de romper com o lugar comum ao converter problemas do dia a dia em benefício a própria saúde do ciclista. Trocar horas dentro de um ônibus ou preso em congestionamento por um exercício físico que ainda diminui a emissão de gases do efeito estufa, ocupa menos espaço e lhe permite observar a cidade de uma ótica diferente.

Deveria, mas a violência nas ruas das grandes cidades brasileiras enfrenta uma escalada. Em São Paulo morreram 31 ciclistas até outubro, mais do que em todo ano de 2016 quando foram registradas 25 mortes. O pedestre também sofre com o aumento de 476 para 482 até outubro. Embora alguns levantem o aumento de velocidade nas marginais como causa, a realidade é bem mais distante, a maioria das mortes de ciclistas ocorreu na periferia, onde existem menor controle de velocidade assim como menor estrutura cicloviária, a visibilidade é outro fator importante, metade das mortes envolvendo ciclistas ocorreu a noite. Vale ressaltar que fora das vias expressas a velocidade máxima permitida na maioria das vias da cidade de São Paulo é de 30km/h ou 40km/h, ocorre que esses valores não são respeitados NUNCA, a vasta maioria dos motoristas desconhece que a velocidade máxima em vias locais é de 30km/h e mesmo em regiões nobres é comum ver motoristas afoitos trafegando muito acima desses limites e buzinando insanamente para pedestres e ciclistas, que por LEI tem preferência no trânsito.

Pedale com visibilidade – Foto: Magnus Lopes

Em todo Estado de São Paulo foram contabilizados pelo INFOSIGA 301 ciclistas mortos no trânsito, sendo sexta, sábado e domingo os dias com maior frequência. O ciclista de estrada sofre duplamente, primeiro para deixar a cidade e chegar na estrada e depois nas rodovias pois muitos motoristas abusando do direito a ignorância acham que o ciclista não deveria estar ali e portanto merece ser punido com a “fina educativa” que muitas vezes nos leva ao chão deixando lesões, ossos quebrados e sonhos frustados.

Dicas para melhorar sua segurança pedalando:

  • Utilize Capacete devidamente ajustado a sua cabeça.
  • Sempre que pedalar a noite utilize lanternas, coletes refletivos e opte por vias com melhor iluminação.
  •  Quando se encontrar em situação onde veículos não possam lhe ultrapassar em segurança, ocupe a faixa e retorne para o bordo da pista assim que houver condição para ultrapassagem.
  • Opte quando possível por pedalar em grupos, especialmente a noite quando a visibilidade é prejudicada.
  • Não entre em discussão com motoristas acerca de “quem tem razão”, na dúvida procure um agente de trânsito ou policial, sua segurança é mais importante que sua opinião.
  • Sinalize mudança de direção, troca de faixa e retornos, obedeça a sinalização e lembre que os demais veículos podem ter GPS mas não bola de cristal e precisam de tempo de reação para uma manobra mal ou não sinalizada.
  • Programe sua pedalada escolhendo a rota a seguir avaliando a existência de acostamentos, horário mais propício para saída, locais de roubo contumazes.
  • No melhor possível opte por rodovias com acostamento e cujo tráfego seja mais leve no dia da pedalada.
  • Nunca tire fotos enquanto esta pedalando, pare a bicicleta antes de fazer aquela selfie ou foto panorâmica.

 

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