Esporte de dopados ou não?

Luiz Papillon
Qualquer um que pedale uma bicicleta de estrada a popular “speed” já foi questionado sobre o doping, o amigo já chega e lasca “E o Lance ein? Aquele dopado!”
O ciclismo é um dos esportes com maior recorrência de escândalos de doping. Será MESMO que o ciclismo é esporte de dopado? Afinal aguentar pedalar em nível competitivo por cinco, seis horas diárias durante uma, duas até três semanas seguidas parece impossível para uma pessoa normal certo?

Antidoping no Tour de France

Agora, vamos analisar como é esse controle, numa volta da França a mais famosa prova de ciclismo do ano largam cerca de 200 pilotos, são realizados testes ao longo dos 21 dias de competições em todos eles, cerca de 480 testes dos quais mais de 300 de sangue, difícil para um atleta escapar, além disso eles são testados durante toda temporada em prova e com testes fora de prova, os temidos “vampiros” da WADA (Associação Mundial Anti Doping) colhem sangue em horários e locais improváveis para detectar o uso de drogas fora de competição.

Kamera: FinePixS2Pro, Objektiv: Sigma 28-70 2,8 (piqs.de ID: 06512f9b64352105e078c45be376e9fd)

Amostragem no futebol

Mas como são os demais esportes? Todos limpos? Futebol por exemplo, quem acha que alguém precisaria de drogas para jogar duas vezes por semana apenas 90 minutos? Talvez pela mídia atraída, pela quantidade de praticantes, vejamos os números!

A UEFA, responsável por todas competições no continente europeu realiza 2.400 exames na temporada, sendo apenas 300 de sangue em todos os clubes e seleções que jogaram no continente europeu que inclui mais de 40 ligas de futebol com suas respectivas divisões, só o campeonato inglês possui cinco divisões com 20 times cada. Seria errado dizer que com certeza há dopados entre esses milhares de jogadores de futebol, mas é tácito que a amostragem é muito, muito inferior do que no ciclismo!
Lembramos que ao final de cada partida de futebol oficial entre 56 atletas são sorteados 2 para o exame! Quase sempre apenas exame de urina sendo que apenas algumas partidas específicas há amostragem de sangue.

Falta de controle não é sinônimo de esporte limpo

Essa falta de controle é refletida também no ciclismo nacional, com poucos exames e pouco controle. Dois fatores alavancaram o aumento do controle no Brasil, a Funvic passou ao ranking de UCI Continental e a proximidade dos jogos olímpicos. Do lado da Funvic a presença mais constante em competições fora do país.
O Campeão brasilerio de ciclismo testou positivo antes dos jogos olímpicos e pela Funvic dois foram pegos na Volta a Portugal. Ou seja o que evitava que alguns fossem pegos era a frouxidão do sistema, que uma vez pervertido torna a prática repetitiva e resta à autoridade anti-doping apertar mais e mais o controle. Houve caso em uma prova semi-profissional e master com pilotos “passando mal” e desistindo de largar por conta da notícia que haveria controle rígido anti-doping.
Alguns ciclistas estão quebrando essa Omertà, rompendo e expondo fatos e pessoas, o recente livro de Thomas Dekker assumindo não só o doping mas como a própria equipe praticava o doping sistemático, é o que chamamos de cultura do doping, quando a prática é aceita por seus participantes como parte do jogo, algo surpreendentemente tolerado no prosaico ciclismo nacional.

O lado mais fraco sofre a maior pena

 Há também a questão da punição, quando Lance Armstrong assumiu publicamente que usou drogas na parte mais vitoriosa de sua carreira ele sofreu o escárnio do planeta, enquanto o simpático André Agassi, após admitir o uso de metanfetamina recebeu um tapinha nas costas da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais) que não só acobertou o doping na época como evitou reabrir o caso pelo atleta já estar aposentado, dois pesos bem distintos.
Já no cenário nacional, sempre sobra ao elo mais fraco, o atleta é punido exemplarmente. O que na prática acaba com sua chance de brilhar na elite e esquecido pelos holofotes. Enquanto os mesmos dirigentes de sempre permanecem a frente de equipes e federações. A mim o ciclismo não é esporte de dopado, é apenas o esporte com maior controle no planeta enquanto os demais esporte nem de longe são limpos como aparentam.
 
 

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