Oi Rapêize,
Pedalo desde a infância, quando em 1977 ganhei minha primeira bicicleta, uma BMX "tanquinho" com os plásticos em vermelho. Depois ganhei uma Barraforte com "banco reserva" (no quadro) azul metálica. Já havia a Caloi Cruiser, das primeiras, mas nem pensar em ter grana para comprar. Com essa bike eu tive minha primeira namoradinha em Olinda, uma amiga de classe do PAF, que até hoje tenho minhas dúvidas se ele tava a fim de pegar ou não.
Depois fui estudar em Sampa e comprei uma moto, vendi a bike. Nem precisa dizer o que aconteceu: engordei, fiquei preguiçoso e sedentário. De lá vim para Curitiba, onde vivo até hoje. Motivado pelo slogan da época "A Capital Ecológica" (a despeito dos menos de 20% de esgoto residencial tratado) comprei uma bike, desta vez uma MTB, que foi vendida e estou com outra já, pois curto muito fazer percursos por estradas de chão, natureza, essas coisas. Passei a ir trabalhar de bike, comprei uma dobrável. Vendi aquela tranqueira, que só serviu para me fazer vender meu carro e passar a fazer tudo de bike pela cidade. Comprei outra MTB, essa meio que "hibridizada" e só para andar na cidade, ficando a outra para os passeios rurais. Nesse meio tempo, passei a fazer longões de MTB, viajando pelo asfalto (

) até cidades ao redor de Curitiba. Algo está errado. Falei com o meu bicicleteiro. "Você precisa de uma speed", diz ele. Speed? Aqueles bossais com uniformezinhos que passam ao nosso lado e nem nos cumprimentam? Que depilam pernas e sovacos? Prefiro entrar no fã clube do Restart. Meio que para não dar o braço a torcer, comprei uma bike de ciclocross. Troquei os pneus de cross pelos de road. Hum. Bom. Troquei o corão de 48 para 52 dentes. Opa! Massa! Vendi a MTB usada para trabalhar. No seu lugar, comprei um mito: a versão "stradale" da Bianchi que Il Pirata usou no Tour de 1998. Isso aí. Tem quem vá trabalhar de Lambretta, Opala, Karmann Ghia, Puma e outros mitos. Ir trabalhar de mito é o que há.
Nos treinos, nada mais de estrada de chão, só road, adoro ver uma montanha pela frente, escalar a Serra do Mar e o 2o Planalto Paranaense é o bicho. Antes que vocês perguntem, não vendi a outra MTB, apesar dos protestos de minha esposa, ao ver uma frota de três bikes em casa. Explico: a MTB é uma Bianchi Reparto Corse. E, meu amigo, Bianchi não se vende. Quando o quadro abre no meio e teu bicicleteiro olha, descrente e fala "agora não tem mais jeito", você pega a Bianchi e coloca no meio da sala para decorar. Mas, vender, nunca. Vicenzo Nibali é um traidor.
Abraços e é um prazer estar aqui com vocês!