O velódromo do Pan segue a caminho de virar sucata.

Estamos em meio ao campeonato brasileiro de ciclismo de Pista na cidade de Indaiatuba em São Paulo. Mas não deixamos passar batido mais um ano terminando e a promessa de políticos valendo nada mas custando muito, muito ao pagador de impostos. Ao longo do texto abaixo vamos chegar em um total de 60 milhões de dólares gastos no velódromo olímpico e outros 11 milhões de dólares no velódromo do Pan. Atualmente a estrutura metálica que ainda resta apodrece enquanto burocratas seguem brigando.

Uma história bizarra: Velódromo do Pan Americano

O ano é 2005 e uma epopeia se inicia na Cidade Maravilhosa. Uma sucessão de quase inacreditável de descaso com o dinheiro e patrimônio público recebe a primeira marretada. O então complexo que continha o Autódromo de Jacarepaguá começa a ser destruído para dar lugar ao parque do Pan Americano de 2007. Vale ressaltar o próprio autódromo havia passado por reformas alguns anos antes na ordem de 100 milhões de dólares. Vieram então obras no valor de 235 milhões de dólares para que o espaço recebesse o complexo aquático, ginásio olímpico e velódromo. O velódromo em si custou cerca de 10 milhões de dólares.

velodromo

Vai mas foi, o sonho agora é Olímpico!

Passados 10 anos vieram novas obras, agora para receber os sonhados jogos olímpicos. Nova rodada de obras e um impacto, o velódromo projetado em 2005 não atendia as exigências olímpicas. O arquiteto holandês Sander Douma que projetou o velódromo declarou que seria possível reformar a instalação para serem atendidas as requisições da UCI, a reforma teria custo estimado de 7,0 milhões de dólares. Nada feito, a megalomania dos políticos brasileiros com o dinheiro de nossos impostos é voraz, melhor mesmo era botar abaixo o “antigo” e fazer um novo.  Foi aprovado um projeto de 134 milhões de reais para o novo Velódromo, ainda em 2013, depois a obra receberia um aditivo de 24,8 milhões e veio a promessa então foi doar o antigo velódromo a cidade de Pinhais no Paraná, só o transporte custou 1 milhão de reais e para piorar o material esta desmontado apodrecendo em depósito. Veja na matéria da ESPN de 2015.

Como tudo é muito complexo a prefeitura do Rio criou um cabide de empregos, ops uma estatal para cuidar das obras, em março deste ano a empresa que tocava a obra jogou a toalha, pediu recuperação judicial e o sinal de alerta passou ao perigo máximo. Muito corre corre, bloqueios e desbloqueios judiciais e o velódromo foi a última instalação entregue para os jogos de 2016. A conta claro recebeu mais aditivos e chegou a 191 milhões de reais ou para mantermos a conta em dólares… 60 milhões de dólares.

Fogo, vento nada dá certo

Não bastasse isso, o velódromo olímpico sofreu dois incêndios na cobertura e teve parte da cobertura removida pelo vento, impedindo sua utilização no campeonato brasileiro de pista. Agora vem a parte boa… lembra da estrutura do antigo velódromo? Então ela foi levada para Pinhais na grande Curitiba ao custo de 1,5 milhão de reais, o armazenamento nesse período custou outros 3 milhões de reais enquanto o ministério dos esportes se comprometeu em 2013 a transferir para o município verba para a construção do velódromo.

Finalmente apareceu a grana para construir o velódromo em Pinhais, mas tinha uma prefeitura esperta na jogada.

Como você já pode imaginar, nada aconteceu. Os prazos para construção vem sendo adiados ano após ano. Para jogar a pá de cal o ministério do esporte e o tribunal de contas da união encontraram indícios de que a prefeitura de Santo Antônio dos Pinhais iria embarrigar mais uma vez a obra. A prefeitura para colocar a mão nesses 24 milhões já empenhados (ou seja o dinheiro esta disponibilizado!) lançou um edital sem incluir a remontagem da pista de madeira e colocando esse item em “obra posterior”.

Ministério dos Esportes e TCU bateram forte e exigiram a inclusão da pista ou caso contrário o dinheiro deixará de pingar na cidade. O prazo para início das obras era de 18 meses e sequer foi licitada. O material estocado segue apodrecendo, o pinho siberiano que cobria a pista já virou lenha e o que sobrou bancos de um parque.

 

Nota: Todos os governadores do Rio de Janeiro durante essas obras estão ou foram presos por corrupção. Os jogos olímpicos custaram cerca de 4 bilhões de reais. O Rio de Janeiro deixou de ter um autódromo e mal consegue utilizar o velódromo. A grande mídia segue ressaltando apenas o custo de manutenção quase numa torcida para transformar o local em uma casa de shows ou mais uma quadra de futebol.

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