Sei que já se passou um tempão desde a realização do Tour de France 2015, entretanto, considerando que “antes tarde, que mais tarde”, gostaria de compartilhar minha experiência acompanhando a 1ª etapa do Tour de France 2015, qual seja, o contra-relógio individual realizado em Utrecht, na Holanda.
Antes de começar, esclareço que tentarei colocar minhas principais impressões no relato, no entanto ficarei mais que feliz em responder qualquer pergunta ou dúvida que surgir sobre o evento. Vamos lá.
Fui participar de um curso de Direito Tributário Internacional na Universidade de Leiden, na Holanda, com início das aulas em 06/07. Unindo o útil (curso) ao agradável (ciclismo) e, tendo em vista que estaria na Europa durante o período em que o TdF seria realizado, comecei a pesquisar sites da internet procurando dicas de como acompanhar uma etapa de modo a não cair em roubadas, nem fazer um programa de índio (com todo respeito que tenho aos silvícolas). Além disso, peguei informações valiosíssimas com um grande amigo, que já acompanhou diversas etapas do Tdf e Giro.
Pois bem. Pelas informações coletadas, descobri que, genericamente, as coisas mais legais para um entusiasta do ciclismo fazer durante o TdF (sem ordem específica de preferência)são: (i) acompanhar a etapa final em Paris; (ii) acompanhar os preparativos das equipes antes do início de uma etapa qualquer; (iii) acompanhar um contra-relógio; (iv) pegar uma bicicleta e fazer uma das escaladas da etapa antes da estrada ser fechada e, depois disso, acompanhar uma etapa de montanha; e (v) fazer um “combo” e conseguir hospedagem na cidade do dia de descanso, de modo a acompanhar a etapa realizada antes do dia de descanso, o burburinho do dia de descanso propriamente dito e, por fim, a etapa a ser realizada depois do merecido “rest day”.
Em síntese, descobri que o mais legal não é ver o pelotão passar, porque a velocidade é muito alta e a coisa acontece muito rapidamente. Nesse contexto, tomei conhecimento que se perde muito tempo para poucos segundos de emoção, pois é necessário chegar ao local da etapa, conseguir uma boa localização, esperar por horas até o pelotão passar para então ver uma massa cruzar em alta velocidade.
Mas já que acompanhar o pelotão passando em alta velocidade não é o programa mais legal do mundo, então o que é legal de se ver ou presenciar? A resposta a essa questão vai depender de cada indivíduo e o que ele espera vivenciar no TdF, mas há grande consenso entre as pessoas que já acompanharam o TdF que isso geralmente envolve presenciar a celebração da etapa final em Paris, acompanhar os ciclistas passando em baixa velocidade, sofrendo e “despelotizados” numa subida de montanha e, por fim, o "burburinho" do evento, especialmente os preparativos que antecedem uma etapa e que ocorrem ao redor dos ônibus das equipes, permitindo até que se veja bem de perto os atletas se preparando para a etapa do dia.
Tendo em vista que não estaria mais na Europa no dia final do TdF e que a logística para assistir uma etapa de montanha levando uma bike seria bem complicada, descartei de cara acompanhar a etapa final, a subida de montanha e o “combo” do dia de descanso [opções (i), (iv) e (v) acima], assim me organizei para conciliar o meu tempo disponível na Europa com aquilo que pudesse me oferecer a maior diversão, qual seja, acompanhar os preparativos da etapa e o burburinho ao redor dos ônibus das equipes.
Tão logo fiquei sabendo que o TdF de 2015 teria suas duas primeiras etapas realizadas nos dias 04 e 05/07 em Utrecht, que fica a apenas 40 minutos de trem de Leiden, antecipei meu voo para chegar em Leiden no dia 02, assim teria tempo suficiente para me instalar na cidade e seguir o plano de acompanhar as duas primeiras etapas do Tour, um contra-relógio individual e uma etapa plana.
Devidamente instalado, tive tempo de conhecer bem a cidade de Leiden no próprio dia em que cheguei, pois além de chegar cedo à cidade eu sempre evito de ir dormir ou cochilar durante o dia da chegada para assim começar a me acostumar com a diferença de fuso horário. Adicionalmente, é importante notar que a cidade é pequena e no verão holandês o sol se põe apenas às 22h30, logo meu primeiro dia foi muito proveitoso, de tal sorte que acabei conhecendo tudo no dia da minha chegada.
No dia 03, sexta-feira, estava bem descansado do dia anterior e decidi pegar o trem e seguir para Utrecht para ver os preparativos da prova a ser realizada somente no dia seguinte. A estrutura já estava quase toda montada e nesse ambiente comecei a me sentir na França, tamanha a quantidade de franceses que lá estavam trabalhando. Nesse sentido, notei que praticamente quase todos os envolvidos no evento são franceses e que eles ficam nessa turnê intensa pelas três semanas do Tour. No mais, havia muitos carros da imprensa internacional já instalados para a transmissão do dia seguinte e os profissionais que fazem a captação de imagens estavam fazendo os últimos preparativos nas câmeras e motocicletas utilizadas durante o TdF.
O pavilhão de exposições que fica logo ao lado da estação de trem de Utrecht estava repleto de automóveis com todos os patrocinadores do evento, que dias depois descobri ser o que eles chamam de caravana. A caravana é bem grande (acredito que havia algo próximo a 150 veículos estacionados) e nada mais é que a maneira como é feita a publicidade dos patrocinadores em cada etapa, em que é realizada uma espécie de desfile horas antes de cada etapa no trajeto por onde passam os atletas.
Para terminar minha visita, não pude deixar de tirar uma selfie na reta final que estamos acostumados a ver na televisão e que é palco da glória de muitos atletas que tanto admiramos.

No dia da prova peguei o trem para Utrecht com a etapa já rolando, pois já sabia que o primeiro atleta iniciaria sua prova às 14hs e o último às 17h17, logo teria bastante tempo para acompanhar a etapa e fritar sob o sol do que aparentemente foi o dia mais quente da Holanda dos últimos anos (um viva ao protetor solar!).
Cheguei em Utrecht aproximadamente às 15h30 e o lugar estava repleto de gente, no entanto tudo estava muito bem organizado e tranquilo. Como a linha de chegada foi instalada na avenida da estação de trem, de cara pude presenciar alguns ciclistas completando as suas respectivas provas. Não dava para ficar ao longo da reta final devido à grande quantidade de gente ali instalada, mas cerca de cem metros depois da meta já era possível ficar confortavelmente instalado e ver de perto o que restou dos atletas no pós-prova.
Tendo visitado o local no dia anterior, já sabia onde estavam localizados os ônibus das equipes, então foi para lá que me dirigi. Fiquei surpreso, pois não sabia que era possível ficar a tão poucos metros dos atores que participam do TdF, como atletas, mecânicos e staff em geral, assim coloquei meu lado tiete para fora e me coloquei a circular pelos busões e tirar muitas fotos.
É importante destacar que o meu maior aliado durante o tempo que fiquei em Utrecht foi o app Tour Tracker da CyclingNews, pois além de ter todo o start list com o nome, número e horário de cada atleta, ainda podia acompanhar a classificação geral. Utilizei o app de modo a me guiar para estar próximo do Tour Bus em que determinado atleta provavelmente estaria no rolo se preparando para a prova, bem como para saber quem era o ciclista indo para o ponto de largada.
phpBB [media]
Depois de circular pelos ônibus das equipes e tirar muitas fotos de tudo, inclusive dos carros de apoio, fui para o trecho final com o intuito de tentar pegar o Contador, Froome e Nibali em suas respectivas tentativas. Felizmente fui bem sucedido na minha intenção conforme pode ser visto nos vídeos abaixo, sendo que o que mais me marcou nessa experiência foi a velocidade em que os atletas passam. Na TV parece ser rápido, mas ao vivo é mais rápido ainda!
Alberto Contador:
phpBB [media]
Chris Froome:
phpBB [media]
Vincenzo Nibali:
phpBB [media]
Em conclusão, minha experiência de acompanhar o TdF foi bem legal para uma pessoa que, modéstia a parte, entende razoavelmente do esporte. Ver toda aquela estrutura montada, os mecânicos trabalhando, os atletas aquecendo no rolo a poucos metros de distância, os atletas correndo e poder tiras muitas fotos de tudo foi muito, mas muito legal mesmo!
Confesso que esperava ganhar alguns brindes enquanto estava circulando pelos ônibus das equipes (ganhei apenas um chaveiro da BMC), no entanto fui descobrir depois que os brindes são distribuídos pela caravana, que percorre o trajeto de cada etapa cerca de 2 horas antes do pelotão passar.
Adicionalmente, a decisão de ir a Utrecht no dia anterior ao do prólogo mostrou-se acertada, pois pude conhecer bem o local, especialmente onde seria a largada e chegada, bem como onde ficariam localizados os ônibus das equipes. Acredito que sem a visita do dia anterior e sem o auxílio do app eu não teria aproveitado tanto a atmosfera do TdF e de forma tão eficiente.
Por fim, e talvez mais importante, espero que gostem das fotos!
https://www.dropbox.com/sh/atscq9scv82r ... E__ca?dl=0" target="_blank