Suspensão do Brasil pela UCI? E a Colômbia ou a Itália?

Luiz Papillon

Foi manchete esta semana uma suposta suspensão do Brasil por parte da UCI. Apesar da matéria chamativa, não há até o momento nenhum processo correndo contra a CBC, conforme apurei. A própria matéria apenas traz a alusão a uma possível suspensão. Porém o próprio texto trás afirmação de David Lappartient da distância de um processo que culmine em suspensão.

Atualmente entre os ciclistas com suspensão definitiva pela UCI, existem 13 brasileiros. Mas será que somos maioria? Em fato não, a lista traz a Colômbia como grande recordista com 23 ciclistas, quase o dobro do Brasil e não há o menor sinal de suspensão da confederação colombiana.  No continente é bem verdade os brasileiros são a terceira força em doping, atrás também da Costa Rica com 19 ciclistas com suspensão definitiva. Recorde que não é orgulho para ninguém. Na lista aguardando sansões, novamente a Colômbia é recordista seguida pela Costa Rica. O Brasil novamente aparece com dois ciclistas, ambos por alterações no passaporte biológico. Um deles é o caso de Betinho, campeão brasileiro de 2017 que alegou estar doente quando teve a coleta.

Mudança vem sem varrer para baixo do tapete

Os tempos de tolerância com o doping passaram, ficaram para trás com Lance Armstrong jogado as hienas. Após especificamente a segunda suspensão da Brasil Pro Cycling em 2018 por conta de muitos positivos na equipe, a CBC mudou de postura. Acredito que naquele momento havia mais elementos para uma ação contra a CBC do que nos dias atuais. Porém ações foram tomadas. Em primeiro momento colocou a equipe na berlinda, punindo até injustamente ciclistas que nada deviam. E em um segundo momento aumentou radicalmente o controle anti-doping no Brasil. Exemplo disso foi a presença da ABCD no Campeonato Brasileiro de Master.

Além de todos problemas de saúde, do alto risco de ser pego em um exame de rotina ou fora de rotina (passaporte biológico) outros riscos envolvem o doping nos dias atuais: O bolso! Contratos de ciclistas geralmente possuem cláusula específica sobre doping que pode invalidar o contrato. Assim a opção do uso do doping envolve além do afastamento de provas oficiais um custo financeiro.

É importante alertar sobre o quanto o ciclismo está sendo denegrido e isso acaba afetando os próprios ciclistas. Os patrocinadores não querem saber de investir mais no ciclismo devido ao doping. Alerta uma das maiores ciclistas brasileiras, Vera Regina Lang.

O ciclismo moderno vai muito além do doping, extraindo performance com base científica.

Percentual de gordura, volume de transporte de oxigênio pelo sangue, tudo é estudado e limites definidos para a melhor performance. Claro tudo isso mais a qualidade em não cair, não perder tempo de bobeira e todos demais atributos que constroem um campeão. Obviamente no mais alto nível há tentativas de levar vantagem indevida, recentemente publiquei sobre o escândalo austríaco, a Operação Aderlass e como a polícia desmantelou essa gangue.

O melhor de toda essa história é manter a luta por um ciclismo limpo em destaque. Agentes de controle em prova master? Juro que não sonhava com isso e para os malandros virou o pior pesadelo.

 

 

 

 

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