A evolução dos câmbios de bicicletas de estrada

Primórdios

No início do século XX as primeiras trocas de marcha eram realizadas retirando a roda traseira e invertendo a sua posição. As rodas contavam com um pinhão de cada lado e essas duas marchas eram consideradas um avanço, pois já era comum nessa época os ciclistas terem que subir algumas das mesmas duras montanhas europeias que conhecemos hoje. Ter uma marcha um pouco mais leve para as subidas era um grande alívio.

Tullio Campagnolo, antes mesmo de fundar sua empresa, vendo a dificuldade que era retirar as porcas da roda para ter que colocá-la em posição invertida, às vezes em condições de temperatura muito baixa, com neve, com as mãos congelando no frio, projetou a primeira blocagem de rodas, o que agilizava muito a troca.

Na década de 20 surgiram as primeiras tentativas de se desenvolver um câmbio, sendo a França o país que estava a frente disso. Já existia um mercado para tais produtos, tanto para ciclistas que participavam das grandes competições como para cicloturistas.

Em 1927 surge na Itália o câmbio Vittoria Margherita, para se efetuar a troca de marchas era necessário pedalar para trás e após a troca de pinhão tornava-se a pedalar para frente.

Já não era necessário descer da bicicleta e nem inverter a posição da roda. O câmbio funcionava bem mesmo na presença de lama, coisa bem comum no ciclismo de estrada desses tempos.

Não era incomum o ciclista cair por não conseguir efetuar uma troca de marcha.

Em 1928 é lançado o câmbio francês Simplex, baseado em um sistema de polia única não dentada e puxado por cabo. Nesse modelo já não existia a necessidade de pedalar para trás.

Existiram outros fabricantes à época, mas o Vittoria Margherita e o Simplex foram os mais usados.

 

Câmbio Campagnolo Corsa

Em 1946 a Campagnolo elabora um câmbio composto por duas hastes. A troca era efetuada da seguinte forma: a primeira haste servia para abrir a blocagem e assim o eixo da roda podia se movimentar ao longo das gancheiras para que a corrente continuasse tensionada conforme o tamanho do pinhão. A segunda haste servia para movimentar a corrente lateralmente e assim posicioná-la sobre o pinhão desejado. Uma pedalada para  trás e a corrente se encaixava no outro pinhão. Movimenta-se a primeira haste novamente para travar a blocagem.

Era necessário pedalar para trás e o risco de queda ainda era alto.

 

Câmbio de paralelogramo

Em 1951 a Campagnolo lança seu câmbio Gran Sport com base no mecanismo de um paralelogramo, o mesmo mecanismo usado até hoje.

Inicialmente contava com duas polias não dentadas, posteriormente adotaram-se polias dentadas como as de hoje.

Indexação e trocadores integrados ao manetes

Em 1984 a Shimano lança o grupo Dura Ace 7400 com o sistema SIS (Shimano Index System). O sistema permitia trocas mais precisas no câmbio traseiro. Cada posição da alavanca de troca de marchas correspondia a um pinhão.

O sistema SIS evolui e em 1990, no mesmo grupo Dura Ace 7400, a Shimano integra os trocadores de marcha nos manetes de freio em um sistema chamado de STI (Shimano Total Integration).

 

Em 1992 a Campagnolo apresenta o primeiro ergopower, um manete de freio com trocadores de marcha integrados, com a mesma função dos STIs, mas com características mecânicas diferentes.

 

Câmbios eletrônicos 

No Tour de France de 1992 a Mavic introduziu o primeiro grupo eletrônico. Um protótipo chamado Zap que consistia em um sistema de câmbios movimentados por motores elétricos.

Em 1999 a Mavic lança no mercado o Mektronic, um sistema de câmbio eletrônico sem fio. O grande problema era com relação à vedação. A água da chuva penetrava no câmbio e fazia com que parasse de funcionar, esse foi talvez o principal fator para que o Mektronic não tivesse sucesso.

Tanto a Campagnolo como a Shimano trabalhavam no desenvolvimento de câmbios eletrônicos durante os anos 90 e 2000 e esbarravam no mesmo problema da vedação.

Ambas as empresas mostravam alguns protótipos e a Shimano consegue lançar primeiro, em 2009. Chamado de Di2, era um produto confiável o bastante para ser colocado a venda no mercado. Não se tratava de um grupo 100% eletrônico, como já eram os grupos Mavic, mas era baseado em um sistema eletromecânico, ou seja, o movimento do câmbio traseiro do pinhão menor para o maior era feito por um motor elétrico, o movimento contrário era feito por uma mola, assim como nos câmbios mecânicos.

Em 2011 a Campagnolo testa com a equipe Movistar seu câmbio eletrônico para no ano seguinte colocar os grupos Record EPS e Super Record EPS no mercado, esses sim 100% eletrônicos.

Em 2016 a Sram lança seu grupo eletrônico, chamado de RED eTap, apresentando a vantagem sobre os concorrentes, Shimano e Campagnolo, de ser um sistema sem fios.

 

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